Na denúncia feita nesta segunda-feira (29), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) alertou que o estrangeiro não entregou o passaporte.
Por Nicolás SatrianoAdriana Cruz e Marcelo Bruzzi, g1 Rio e GloboNews
A delegada que investigou o caso, Camila Lourenço, da 14ª DP (Leblon), exaltou o trabalho da polícia, mas disse que a corporação depende do esforço de todos os órgãos.
"A Polícia Civil fez todo o trabalho investigativo para prender e elucidar a autoria, mas a polícia depende do esforço de todos os órgãos para ele (Uwe) ser mantido preso, processado e julgado.
Uma vez reconhecido o excesso de prazo, poderia ter sido retido o passaporte para dificultar a fuga", pontuou a delegada.
Walter Henri Maximillen Biot e o cônsul da Alemanha Uwe Herbert Hahn eram casados há 23 anos — Foto: Reprodução.
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MP alertou para fuga.
Ao apresentar a denúncia à Justiça, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) alertou que o estrangeiro não entregou o passaporte e, na época do crime, estava prestes a se mudar para o Haiti.
Uwe foi denunciado por homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
O assassinato aconteceu no dia 5 de agosto.
Além de alertar para o fato de o alemão ainda estar com o passaporte e de mudança marcada, a promotora Bianca Chagas de Macêdo lembrou que o cônsul teria condições financeiras de fugir - destacando que ele poderia fazer isso "a qualquer tempo".
A promotora mencionou, também, que a prisão de Uwe poderia evitar que testemunhas fossem intimidadas.
De acordo com a denúncia, o alemão "acredita gozar de amplos poderes".
"É notório que o denunciado – em sua posição de cônsul – tem poder de influência e condição financeira para que, caso queira, busque (e consiga!) intimidar testemunhas!
Consta, inclusive, dos autos, que o denunciado acredita gozar de amplos poderes e imunidade devido a sua função de cônsul da Alemanha", diz no documento Chagas Macêdo.
Cônsul foi solto.
Cônsul Uwe Herbert Hahn ao ser transferido para presidio de Benfica — Foto: Betinho Casas Novas / TV Globo.
Na quinta-feira (25), a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça concedeu liberdade para Uwe.
Ele deixou a Casa do Albergado Crispim Ventino, em Benfica, na Zona Norte do Rio, um dia depois.
Na decisão, a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita alegou que houve "flagrante excesso de prazo para a propositura da ação penal" por parte do Ministério Público, e deferiu o relaxamento da prisão.
O MP, por meio da 1ª Promotoria de Justiça junto ao 4º Tribunal do Júri da Capital, rebateu, afirmando que até aquela data não tinha sido intimado para oferecimento de denúncia.
O 4º Tribunal do Júri afirma que a promotoria foi, sim, intimada.
Outro pedido foi negado.
No início do mês, a defesa do cônsul já tinha pedido que ele fosse solto.
Na época, foi pedida a revogação da prisão alegando "ausência de flagrante" e afirmando que houve inviolabilidade pessoal.
Também foi invocada a Convenção de Viena para o posto de cônsul.
A prisão.
Uwe foi preso no dia 7 de agosto pelo crime no apartamento do casal em Ipanema, na Zona Sul do Rio.
O alemão disse que o marido sofreu um mal súbito, na noite anterior, bateu a cabeça e morreu.
Entretanto, o laudo InstitutoMédico Legal constatou ferimentos na cabeça e no corpo da vítima.
Surto e queda.
Uwe contou que estava na cozinha preparando uma massa, depois voltou para sala para fumar ao lado do marido, no sofá.
Segundo ele, de forma repentina, o marido teve um surto, se levantou, começou a gritar e correu apressadamente em direção ao terraço, quando caiu e bateu a cabeça.
O cônsul disse ficou desesperado e chegou a dar um tapa nas nádegas de seu marido para tentar reanimá-lo, e que depois foi até a portaria para pedir ajuda ao porteiro, que acionou o Samu.
Lesão na parte posterior.
De acordo com o laudo, a lesão que provocou a morte de Biot foi traumatismo craniano na parte posterior do corpo.
Contudo, o marido relatou que a vítima caiu de frente para o chão.
"Trauma craniano, em que pese, não ter provocado fratura, ainda assim é passível de lesão intracraniana pelo impacto (golpe), contragolpe e aceleração-desaceleração do cérebro móvel", indica o perito, que não descarta nenhuma possibilidade no momento da queda.
Em função disso, ele ressaltou que aguarda a perícia do local e exame toxicológico para definir outras possibilidades.
Morte violenta.
A análise do corpo no IML e a perícia no apartamento do casal, em Ipanema, mostraram que o belga foi alvo de uma morte violenta, de acordo com a polícia.
"A conclusão foi baseada na perícia técnica e a versão apresentada pelo cônsul de que a vítima se exasperou e caiu, ela está na contramão das conclusões do laudo pericial", disse a delegada Camila Lourenço, da 14ª DP, ao justificar o pedido de prisão do cônsul.
Polícia investiga morte de marido de cônsul.
Inicialmente, o Samu foi chamado para socorrer Walter, mas o médico encontrou o belga já em parada cardiorrespiratória e com lesões no corpo — em especial, uma na cabeça e outra nas nádegas —, a equipe não quis atestar a morte e o corpo foi encaminhado para o IML.
Marcas no corpo e limpeza no apartamento.
O caso foi registrado na 14ª DP (Leblon).
A perícia da Polícia Civil foi chamada e encontrou situações suspeitas no lugar.
A primeira delas é que o apartamento havia sido limpo por uma secretária do cônsul.
Ela disse que providenciou a limpeza porque um cachorro estaria lambendo poças de sangue.
Os peritos também detectaram manchas de sangue em uma poltrona, que parecia ter sido recém-lavada.
O casal estava junto havia 23 anos, e morava havia quatro anos no Rio.
Na delegacia, o cônsul disse à polícia que o marido estava triste porque o casal estava de mudança para o Haiti.
Walter faria 53 anos no próximo sábado.
Irmão de belga afirma que ele tinha relação conturbada com cônsul alemão.
Identidade do belga Walter Henri Maximilien Biot — Foto: Reprodução.
COMENTÁRIO:
"Cônsul alemão acusado de crime brutal é solto e volta pra Alemanha.
Solto há três dias sem qualquer medida cautelar, o cônsul alemão Uwe Herbert Hahn - denunciado pelo Ministério Público estadual (MPRJ) por assassinar o próprio marido, o belga Walter Henri Maximilien Biot - voltou para a Alemanha.
Segundo apurou o g1, ele saiu do Rio na noite de domingo (28) e chegou a Frankfurt, na Alemanha, na manhã desta segunda-feira (29)".
Cônsul criminoso alemão, que matou seu marido aqui no Brasil, foi preso, recebeu aval da justiça brasileira para ser solto, e voltou para seu país, livre, leve, e solto !
Esse é que é o Brasil da impunidade !
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 29 de agosto de 2022.
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