![]() |
MPRJ denuncia líder religiosa por incitar preconceito e discriminação em igreja de Nova Friburgo. |
De acordo com a denúncia, “a pretexto de enaltecer sua 'bandeira'", Kakau Cordeiro induziu e incitou menosprezo pelas pessoas de cor preta e por aquelas integrantes da comunidade LGBTQIA+. Vídeo da pregação viralizou nas redes sociais e virou alvo de inquérito.
Por G1 — Nova Friburgo

Discurso em igreja repercute após críticas a fiéis que defendem causas raciais e LGBTQIA+
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, nesta sexta-feira (20), a pregadora Karla Cordeiro dos Santos Tedim.
No início do mês, um vídeo de Karla pregando em uma igreja de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, repercutiu nas redes sociais após ela criticar fiéis que defendem causas políticas, raciais e LGBTQIA+. (assista ao vídeo acima)
A pregação em que Karla fala para os fiéis pararem "de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay" aconteceu no dia 31 de julho e foi divulgada no canal oficial do grupo jovem da Igreja Sara Nossa Terra, mas foi excluída com a repercussão negativa.
Após a repercussão do caso, a mulher disse que foi "infeliz nas palavras".
Para o MPRJ, Kakau Cordeiro praticou, induziu e incitou o preconceito e a discriminação contra as pessoas de cor preta e aquelas pertencentes à comunidade LGBTQIA+.
A Polícia Civil também abriu inquérito depois de analisar o discurso de Kakau Cordeiro.
O delegado titular da 151ª DP, Henrique Pessoa, disse que há um "teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica na forma do artigo 20 da Lei 7716/87". (assista ao vídeo abaixo)

Polícia em Friburgo abre inquérito após discurso em igreja: 'teor racista e homofóbico'.
A denúncia desta sexta foi feita por meio Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Nova Friburgo.
ENTENDA O CASO.
- VÍDEO: 'Para de ficar postando coisa de gente preta, de gay', diz mulher em discurso em igreja de Nova Friburgo; polícia abre inquérito
- NOTA DE RETRATAÇÃO: 'Fui infeliz nas palavras', diz mulher que pregou em igreja contra quem posta 'coisa de gente preta, de gay'
- INQUÉRITO: Mulher que pregou em igreja contra quem posta 'coisa de gente preta, de gay' presta depoimento à polícia
Denúncia.
A Promotoria de Justiça afirmou que deixou de propor acordo de não persecução penal - instituto de caráter pré-processual, negociável entre acusado e representante do Ministério Público, e sujeito à homologação judicial - por entender que a denunciada "praticou crime violador da dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da Constituição da República".
Durante a pregação, Kakau afirmou que "é um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí", acrescentando que:
"É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras.
É uma vergonha.
A nossa bandeira é Jeová Nissi.
É Jesus Cristo.
Ele é a nossa bandeira".
De acordo com a denúncia, “a pretexto de enaltecer sua 'bandeira'", Karla induziu e incitou menosprezo pelas pessoas de cor preta e por aquelas integrantes da comunidade LGBTQIA+, praticando discriminação e preconceito contra aquelas e suas causas "ao enfatizar a 'vergonha' que tais 'bandeiras' importariam se fizessem parte das manifestações sociais dos seus ouvintes".
"Karla agiu com menoscabo e preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersexuais, assexuais, não binários e pessoas com orientação sexual e identidade de gênero diversas, ao zombar da sigla representativa da comunidade que os agrega”, diz o documento.
A Promotoria de Justiça ressaltou, ainda, que "a prática criminosa se deu através de discurso endereçado a jovens, destilando intolerância a pautas sociais de inclusão e cidadania com alcance presencial e remoto, potencializando o alcance da mensagem e, assim, o desvalor do resultado e as consequências do delito".
Retratação.
Na nota de retratação, publicada por Karla nas redes sociais, a pregadora afirmou que não era a intenção dela praticar nenhum ato discriminatório.
"A minha intenção era de afirmar a necessidade de focarmos em Jesus Cristo e reproduzirmos seus ensinamentos, amando os necessitados e os carentes.
Principalmente as pessoas que estão sofrendo tanto na pandemia.
Fui descuidada na forma que falei e estou aqui pedindo desculpas", disse.
O que diz a defesa
Em nota, a defesa de Karla disse que vai responder a denúncia assim que o juiz aceitá-la, e que não concorda com ela, já que foram entregues à polícia materiais com provas da inocência da pregadora.
COMENTÁRIO:
"Na nota de retratação, publicada por Karla nas redes sociais, a pregadora afirmou que não era a intenção dela praticar nenhum ato discriminatório".
Pregar a Palavra de Deus, não é agredir as pessoas que não têm o conhecimento do Evangelho senhora "pastora" !
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 21 de agosto de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário