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segunda-feira, agosto 30, 2021

Caso Ives Ota: O assassinato que chocou o Brasil no final dos anos 90

Ives Ota - O IMPIEDOSO caso que chocou o Brasil no fim dos anos 90 - YouTube

THE IMPIEDOSO case that shocked Brazil in the late 90's.

 

Em 29 de Agosto de 1997, sexta-feira, o menino Ives Ota, de 8 anos, estava dentro de sua casa, localizada na zona Leste de São Paulo, estudando com um primo quando um homem armado entrou no local com um único objetivo: sequestrar Ives. O que não se esperava era que o menino nunca mais fosse encontrado com vida.

Ives Yoshiaki Ota nasceu em São Paulo, em 02 de Junho de 1989, filho de Masataka Ota e Keiko Ota. Ele era descrito como um menino amoroso e dócil, muito ligado aos pais.

O pai de Ives foi pioneiro na abertura das famosas lojas de R$ 1,99, que ficaram muito populares em São Paulo no fim dos anos 1990. O empresário abriu diversas lojas com preços unificados, fazendo com que rapidamente ganhasse grande popularidade dentre os cidadãos da grande São Paulo.

Os sequestradores da criança, policiais militares, trabalhavam como seguranças nas lojas de Masataka. Ao acompanharem os intensos movimentos do comércio, passaram a crer que os lucros obtidos eram demasiadamente altos e viram uma oportunidade de extorquir o empresário sequestrando seu filho mais novo e exigindo uma grande quantia em dinheiro pelo resgate.

No dia do sequestro, os pais de Ives saíram para resolver alguns problemas enquanto o garoto ficou em casa com um primo e a babá. Em determinado momento, a campainha tocou e na porta se encontrava um motoboy com um buquê de flores perguntando sobre a sobrinha de Masataka, Margareth, a quem supostamente as flores eram destinadas. Diante da informação de que a menina não estava no local, o motoboy conseguiu com que a babá abrisse o portão para que ele pudesse deixar o buquê, e a surpreendeu simulando um roubo. Perguntou sobre cofres e outras coisas de valor na casa que poderiam existir na casa, prendeu-a no porão da casa e levou Ives do local no momento da fuga.

Quando chegaram em casa, Keiko e Masataka Ota perceberam que havia um intenso movimento de pessoas e viaturas policiais próximas à sua residência. Ao se aproximarem, a filha mais velha do casal, Vanessa, disse aos pais que o irmão havia sido sequestrado. O casal afirma que não compreendeu instantaneamente o que estava acontecendo e esperava uma ligação da polícia qualquer momento dizendo que o filho deles foi encontrado.

Keiko e Masataka Ota

No mesmo dia, a Delegacia Antissequestro foi acionada e encaminharam uma equipe especializada em negociação até a residência para dar início aos procedimentos policiais de praxe nos casos de sequestro. De igual maneira, mesmo sem muitas informações, a equipe pericial foi acionada para se atentar à possível localização de uma criança em algum lugar da cidade.

O primeiro contato dos sequestradores veio somente no dia seguinte, 30 de Agosto, no qual exigiram uma quantia de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) como resgate. A polícia, então, delineou com a família os procedimentos a serem realizados para que a negociação fosse feita. Para isso, era de extrema necessidade que os sequestradores comprovassem, na próxima ligação, que Ives estava vivo.

Assim feito, três dias após o primeiro telefonema, houve um novo contato no qual os pais de Ives questionaram os sequestradores sobre acontecimentos que somente os membros da família teriam conhecimento. Todavia, apesar de as respostas descreverem fatos que a criança saberia responder, as afirmações eram desviadas das perguntas originais, o que levou os policiais a perceberem a gravidade da situação, uma vez que as respostas não delineavam os parâmetros normais de uma extorsão mediante sequestro. Eles passaram então a se preparar para o pior: a possibilidade não encontrar o menino com vida.

Um identificador de chamadas foi instalado na residência da família dando a oportunidade de identificarem um dos números utilizados para exigir o resgate, vindo a constatar que era proveniente de um telefone público na região da Vila Guarani, zona centro-sul da capital paulista, bem próximo ao local onde o menino havia sido sequestrado. Assim, foi montada uma operação próxima ao telefone de onde vieram as ligações, na esperança de que o sequestrador incorresse no erro de utilizar novamente o mesmo aparelho ou, até mesmo, outro nas proximidades.

Montado todo o procedimento, ao tocar telefone da casa dos Ota, o policial que estava na residência da família acionou os responsáveis pela operação para informar o número. Dessa forma obtiveram êxito em localizar o telefone público proveniente da ligação e prender Silvio da Costa Batista.

O homem estava realizando a chamada no telefone público, montado em uma moto e tentou reagir quando percebeu a presença dos policiais, mas foi rapidamente contido pela equipe. Na delegacia, foi constatado que Silvio era um nome falso, sendo ele identificado, posteriormente, como Adelino Donizete Esteves.

Adelino Donizete Esteves, o motoboy

O suspeito foi comparado ao retrato falado feito no dia do desaparecimento de Ives, constatando-se que Adelino era extremamente parecido com o sequestrador. Delineada a situação, os policiais entraram em contato com a babá de Ives que foi até a delegacia e, imediatamente, reconheceu-o como autor do sequestro. Apurou-se, de igual forma, que Adelino era procurado por uma série de outros crimes.

A partir desse momento, a polícia começou a pressionar Adelino para revelar o paradeiro de Ives, momento em que este resolveu colaborar com as investigações, confirmando, primeiramente, que teria sequestrado a criança, mas que não tinha conhecimento do seu paradeiro, pois sua função era somente pegar Ives e levá-lo aos policiais militares Sérgio Eduardo Pereira e Paulo de Tarso Dantas, que também trabalhavam como seguranças nas lojas do pai de Ives.

Sergio Eduardo e Paulo de Tarso

Os policias da Delegacia Antissequestro foram ao encontro do PM Sérgio Eduardo Pereira, no batalhão da polícia militar, que negou qualquer participação no crime, alegando não conhecer Silvio da Costa Batista (nome utilizado por Adelino). 

Diante da negativa do PM, os policiais civis levaram Sérgio até a viatura e, no momento em que avistou Adelino no banco de trás, demonstrou intenso nervosismo e, lacrimejando, disse aos policiais que poderiam ir até sua residência para verificar se a criança estava no local.

Não diferente, o PM Paulo de Tarso, em conversa com os policiais civis, apresentou um comportamento estranho, como sudorese excessiva e demonstrava uma maior preocupação em afirmar que possuía um álibi do que em negar a prática do crime que lhe era imputado.

Enquanto uma parte da equipe policial interrogava os policiais militares suspeitos, outra foi até a casa de Adelino para realizar buscas e angariar possíveis informações do paradeiro de Ives, todavia, inicialmente nada foi encontrado no local. 

De igual maneira, nenhum vestígio da criança foi encontrado na casa dos outros dois suspeitos. 

A polícia suspeitava que poderia existir um quarto sequestrador encarregado do cativeiro de Ives.

Como questão de cautela e devido a informação dos vizinhos de que Silvio (Adelino) teria chegado em casa na sexta-feira, 29, com um menino “japonesinho”, os policiais decidiram realizar uma nova busca na residência dele, na esperança de encontrar qualquer vestígio que pudesse confirmar a presença de Ives no local.

Durante essa nova busca, os policiais resolveram verificar um local que não haviam entrado na última busca por questões de respeito à família: o quarto da filha do motoboy. 

Ao entrar no quarto, os policiais notaram que havia um desnível no chão, bem abaixo do berço da criança, que não era compatível com o entorno

Desconfiados, os policiais resolveram examinar o remendo com ferramentas, momento em que o chão rompeu facilmente, diferentemente do chão no entorno, o que fez os policiais darem continuidades às buscas, até o momento em que um cotovelo de uma criança apareceu nos escombros.

Assim, a perícia e os bombeiros foram chamados até o local de onde retiraram o corpo, que jazia deitado de costas e com ferimentos típicos de arma de fogo na testa, de dentro da cova rasa. 

Constataram ser uma criança oriental que estava morta há aproximadamente 10 dias, tempo equivalente ao desaparecimento de Ives. 

Apesar de o corpo estar em estado avançado de decomposição, estufado devido aos gases provenientes do corpo humano, não havia cheiro. 

Posteriormente, a equipe pericial constatou que os criminosos adicionaram cal em meio a terra onde Ives foi enterrado para acelerar a putrefação e evitar o cheiro cadavérico.

Local onde foi encontrado o corpo de Ives.

Os peritos constataram, também, que havia uma região de entrada, na parte dianteira do crânio e de saída na parte anterior, sendo um possível ferimento de bala. 

Acreditando que Ives foi executado no mesmo local em que foi enterrado.  

Os peritos peneiraram a terra do local e encontraram o cartucho de uma bala 09 mm (nove milímetros), um tipo de arma utilizada somente pelas forças armadas. 

Os ferimentos no corpo da criança também indicavam que o tiro foi dado a curta distância e que, no momento da morte, Ives estava imóvel, provavelmente sedado, pois não havia nenhum tipo de ferimento defensivo.

Posteriormente, o laudo do IML constatou que a criança realmente havia sido sedada.

Encontrado o corpo sem vida de Ives, ao questionarem novamente Adelino acerca da dinâmica do crime, este o confessou e disse aos policiais que no dia do sequestro, enquanto se deslocava com Ives, encontrou-se com o PM Paulo de Tarso no caminho e o menino o reconheceu como sendo guarda de seu pai.

Segundo o motoboy, mais tarde, naquele mesmo dia, Paulo de Tarso foi até sua casa, onde estava com o garoto e mandou que executasse a criança, afirmando que era única solução para que eles não fossem encontrados, tendo em vista o fato de que Ives o reconheceu como sendo segurança de Masataka. 

Assim, nesse momento, firmaram o destino de Ives. 

Decidiram, então, matar a criança e enterrar o corpo na própria casa de Adelino até que se reduzissem as investigações.

Doparam Ives lhe oferecendo um achocolatado e, depois de desacordado, colocaram a criança na cova rasa e efetuaram dois disparos fatais no rosto do garoto. 

Acredita-se que os sequestradores tenham utilizado um silenciador, pois os vizinhos alegaram não ter escutado barulhos de tiros e, inclusive, afirmaram que Paulo de Tarso Dantas frequentava a casa de Adelino, ou Silvio, com frequência.

Outra testemunha disse ter ouvido uma conversa entre os dois policiais militares, Paulo de Tarso e Sérgio Eduardo, e o motoboy, Adelino, na qual Sérgio Eduardo teria dito que sua participação no crime seria apenas na vigia e que queria apenas dinheiro suficiente para comprar um carro.

Os policiais civis descobriram que Paulo de Tarso tinha uma videolocadora na época e que assistia recorrentemente ao filme “O preço de um Resgate”, no qual uma criança é sequestrada por um policial que só foi pego porque ela sobrevive e o reconhece. 

A polícia acredita que o filme estimulou o PM a praticar o crime.

Os pais de Ives, em setembro de 1997, fundaram o Movimento Paz e Justiça Ives Ota, uma organização não governamental cujo objetivo é promover a paz e os direitos humanos. 

A entidade realiza uma série de ações sociais como palestras semanais na sua sede, organiza atividades em escolas públicas, além de atividades ligadas ao esporte, à reeducação das pessoas e reestruturação das famílias.

O julgamento ocorreu em 1998 onde o Juiz da 17ª Vara Criminal de São Paulo condenou o motoboy e os dois policiais envolvidos. 

O Juiz entendeu que o PM Paulo de Tarso era o mandante do crime, enquanto Adelino, o motoboy, ficou responsável por sequestrar Ives e levá-lo até o cativeiro. Assim, os dois policiais militares foram condenados a 43 anos e 02 meses de prisão por extorsão mediante sequestro com resultado em morte e ocultação de cadáver. 

Adelino, por sua vez, foi condenado a 45 anos e 06 meses de prisão por extorsão mediante sequestro com resultado morte, ocultação de cadáver e, ainda, por falsidade ideológica e falsa identidade.

Os sentenciados estão em regime semiaberto desde 2005. 

Durante o tempo na prisão, os dois policiais militares formaram-se como bacharéis em Direito e Masataka Ota foi convidado a entregar o diploma aos sequestradores de seu filho, recusando o convite.

Um ano após a morte de Ives, nasceu sua irmã, Ises.

Masataka, Keiko e Ises.

Em 1999 foi inaugurada a praça Ives Ota, na Vila Carrão, São Paulo, local onde Ives foi sequestrado.

Praça Ives Ota, Vila Carrão, SP.

Keiko e Masataka Ota filiaram-se ao PSB-SP. 

Em 2017 Keiko, deputada Federal, foi responsável pela criação da Lei 13.437/17 que institui, no dia 30 de Agosto, o Dia Nacional do Perdão em homenagem ao filho Ives e a todos os parentes que buscam por justiça. 

Também em 2017 foi inaugurado o parque Ives Ota, em Sorocaba – SP.

Keiko e Masataka pelo PSB – SP.
Parque Ives Ota, Sorocaba – SP.

Em uma de suas redações da escola, Ives escreveu: “Devemos respeitar todas as pessoas sem distinção de cor e raça. 

Todos precisam de muito amor e só dando amor, carinho e respeito que podemos exigir o mesmo para nós. 

Devemos ser amigos das pessoas, dos animais e da natureza”.

Hoje, 30 de Agosto de 2020, completa-se 23 anos do assassinato do pequeno Ives.

 

Barretos, São Paulo, 30 de agosto de 2021. 

Valter Desiderio Barreto.

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