Polícia Civil e Ministério Público investigam advogado e 6 homens que foram presos pela GCM no domingo (22), quando fogo começou em Franco da Rocha e Caieiras.
Principal hipótese é de que queda de balão causou incêndio.
Grupo estava com material para soltar balões e foi solto ao pagar fiança.
Nesta terça (24) foi encontrada estrutura de balão na área queimada.
Por Kleber Tomaz, G1 SP — São Paulo
Ouriço (à esquerda) foi resgatado durante incêndio no Parque Estadual do Juquery.
Ao lado, cobra também encontrada por veterinários voluntários que foram a Franco da Rocha — Foto: Reprodução/Redes sociais e WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Sete baloeiros são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP) por suspeita de terem causado o incêndio que matou animais e atingiu o Parque Estadual do Juquery, em Franco da Rocha e Caieiras, na Grande São Paulo. Nenhuma pessoa se feriu.
O fogo começou no domingo (22), mas o Corpo de Bombeiros continuava no local nesta terça-feira (24) tentando apagar focos.
O grupo de baloeiros chegou a ser detido ainda no domingo pela Guarda Civil Municipal (GCM) de Franco da Rocha.
Levado a delegacia, um dos suspeitos, um advogado, pagou fiança de R$ 3 mil estipulada pela autoridade policial, para ser solto e responder ao crime em liberdade.
Os outros seis homens também foram liberados.
O G1 não conseguiu localizar os sete suspeitos investigados para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.
Helicóptero da Polícia Militar atuando no combate ao incêndio no Parque Estadual Juquery, em Franco da Rocha, Grande SP — Foto: Reprodução/TV Globo.
Polícia Civil
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) "o caso foi registrado como fabricar, vender, transportar ou soltar balões e a autoridade policial arbitrou fiança, conforme determina a legislação, que foi paga e o homem, liberado."
Em caso de condenação na Justiça, a pena para esses crimes é de 1 a 3 anos de reclusão ou pagamento de multas.
A principal hipótese da investigação policial, no entanto, continua a de que a queda de um balão, no domingo, provocou o incêndio na área de mais de 1.600 hectares do Parque do Juquery.
A área é considerada por especialistas o último remanescente de Cerrado da região metropolitana de São Paulo.
No domingo, uma testemunha filmou um balão sobrevoando e caindo perto do Parque do Juquery.
Além disso, funcionários do parque encontraram uma estrutura de um balão nesta terça na área queimada.
O material foi apreendido pelas autoridades e será levado para a Delegacia de Investigações sobre Infrações Contra o Meio Ambiente (DIICMA) de Franco da Rocha.
VÍDEO: Animal é resgatado de área de incêndio no Parque Estadual do Juquery, em SP.
A DIICMA investiga as causas e eventuais responsabilidades pelo incêndio no parque, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo.
"A equipe da unidade analisa imagens e busca por elementos que auxiliem na identificação da origem do incêndio", informa a pasta.
Ainda de acordo com a SSP, a delegacia "também apura se os detidos por soltarem balão no domingo (22), na cidade, têm alguma relação com o início do fogo.
Sete foram levados à Delegacia de Franco da Rocha, onde um advogado, de 44 anos, confessou a ação e foi preso em flagrante – os demais foram ouvidos e liberados."
Parque Florestal do Juquery após incêndio que queimou vegetação do cerrado — Foto: Divulgação/Polícia Militar Ambiental.
Além dos sete baloeiros suspeitos, a Secretaria da Segurança informou que mais quatro homens foram presos no domingo porque soltaram balões em outras cidades do estado: três foram detidos pela GCM de Itaquaquecetuba; um foi pego pela Polícia Militar (PM) em Jacareí.
Todos foram soltos depois para responderem por crime ambiental.
Ministério Público.
A assessoria de imprensa do Ministério Público informou nesta terça que há duas investigações do órgão sobre o Parque do Juquery:
O MP acompanha a apuração do inquérito criminal da Polícia Civil sobre as causas e eventuais responsabilidades pelo incêndio no local.
A outra investigação é na esfera cível e já existia.
O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Núcleo Cabeceiras do Ministério Público apura "possíveis deficiências de pessoal, destinação de recursos, gestão e estrutura no Parque do Juquery."
Animais mortos.
Até esta terça, ao menos três animais foram resgatados ou encontrados mortos na área do Parque do Juquery que foi incendiada: duas cobras e um ouriço.
"Os animais morreram, estavam em situações bem complicadas. Muito triste a situação", disse a capitã Paola Mele, comandante da 1ª Companhia do 1º Batalhão de Polícia Militar Ambiental.
Viatura da Polícia Militar Ambiental no Parque Estadual do Juquery — Foto: Divulgação/Polícia Militar Ambiental de SP
A Polícia Ambiental estuda a possibilidade de multar os baloeiros em R$ 10 mil cada um por infração ambiental.
Outros bichos, como uma preá foram resgatados e levados para centros de preservação animal.
Veterinários e biólogos voluntários auxiliam as equipes no manejo dos animais encontrados.
No local, habitam onça-parda, lobo-guará, tatu canastra, tamanduá-mirim, capivara, cachorro do mato, jararaca, cobra coral, tucano, seriema, veado-campeiro e jaguatirica, entre outras espécies.
Segundo a Polícia Militar Ambiental, a Coordenadoria Estadual da Operação Corta Fogo e veterinários e biólogos voluntários que estão na região, outros animais terrestres e aves podem ter morrido queimados pelo fogo.
Veja abaixo os animais que foram resgatados no Parque Estadual do Juquery:
Ouriço.
Ouriço foi resgatado após incêndio no Parque Estadual do Juquery em vídeo postado na página oficial do órgão, mas morreu depois — Foto: Reprodução/Redes sociais
Cobras.
Cobra carbonizada no incêndio no Parque Estadual do Juquery, em Franco da Rocha — Foto: Divulgação/Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente
Cobra não identificada é resgatada após incêndio no Parque Estadual do Juquery; ela também morreu depois — Foto: Reprodução/Redes sociais
Preá.
Os preás são da mesma família das capivaras — Foto: Plano de ação para conservação/Reprodução.
Parque Estadual do Juquery.
O parque foi criado em 1993, com o objetivo de conservar mata nativa e áreas de mananciais do Sistema Cantareira.
Além do Cerrado, o parque de dois mil hectares também abriga remanescentes de Mata Atlântica.
A principal atração é o "Ovo do Pato", um mirante que fica a 942 metros de altura.
De lá, é possível avistar a seriema, ave típica do Cerrado que é símbolo do parque.
O nome do parque foi dado em homenagem a uma planta que os indígenas encontravam em abundância às margens dos rios: a Yu-Kery, da qual extraíam sal para temperar alimentos.
VÍDEO: Imagens mostram fumaça na região do Parque do Juquery, em SP.
COMENTÁRIO:
"Sete baloeiros são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP) por suspeita de terem causado o incêndio que matou animais e atingiu o Parque Estadual do Juquery, em Franco da Rocha e Caieiras, na Grande São Paulo. Nenhuma pessoa se feriu".
A Justiça tem que aplicar leis severas para esses incendiários baloeiros que causa tanta destruição a natureza e ao meio ambiente !
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 24 de agosto de 2021.
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