Integrantes do ‘QG da propina’ presos na sequência de Crivella; prefeito do Rio montou central de corrupção dentro da sede municipal, acusam promotores. |
Ele e o prefeito Marcelo Crivella estão entre os presos em uma ação conjunta entre a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro nesta terça-feira (22).
Por Leslie Leitão, Marco Antônio Martins, Paulo Renato Soares e Pedro Figueiredo, Bom Dia Rio e G1 Rio
Empresário Rafael Alves é preso em operação do Ministério Público.
O empresário Rafael Alves é apontado pelo Ministério Público do Rio como o chefe de um esquema de corrupção na Prefeitura do Rio, chamado de ‘QG da Propina’.
Ele foi preso na manhã desta terça-feira (22) durante uma ação conjunta entre a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
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Além dele, também foram presos o prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos), o delegado aposentado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro da campanha de Crivella, Mauro Macedo, além dos empresários Adenor Gonçalves dos Santos e Cristiano Stockler Campos, da área de seguros.
Todos os alvos da operação foram denunciados pelo MP pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva.
Marcelo Crivella, prefeito do Rio, está preso.
Sala de Alves era o 'QG da Propina'
Segundo a investigação, mesmo sem ter nenhum cargo na prefeitura, Alves dava até expediente na Cidade das Artes, numa sala ao lado do irmão Marcelo Alves, que foi presidente da Riotur.
O nome 'QG da Propina' seria uma referência à sala ocupada por Alves.
A investigação mostra que Crivella e Rafael Alves são muito próximos — marcavam reuniões de madrugada ou caminhadas bem cedo.
Rafael Alves não tinha cargo, mas era influente nas contratações da Prefeitura do Rio.
Delação revelou 'organização criminosa' na prefeitura.
A investigação começou em 2018, a partir da delação do doleiro Sergio Mizrahy, que admitiu ser responsável pela lavagem de dinheiro para o que os investigadores chamam de organização criminosa que atuava dentro da prefeitura.
O chefe dessa organização, segundo o delator, seria o empresário Rafael Alves, que não tinha nenhum cargo na prefeitura, mas que dava até expediente na Cidade das Artes, numa sala ao lado do irmão Marcelo Alves, que foi presidente da Riotur.
Em algumas mensagens interceptadas durante as investigações, Rafael Alves chegou a dizer que fez o irmão se tornar presidente da Riotur.
Além disso, afirmou possuir a “caneta”, sugerindo dar as ordens na prefeitura do Rio, nomeando quem quisesse para cargos e escolhendo as empresas que iriam fazer contratos com o município.
Segundo os investigadores, foi a partir dessa influência que surgiu o esquema de propina e extorsão de empresários que queriam fazer contratos com a prefeitura.
Cidade das Artes, onde fica a RioTur, era QG da propina.
Nomeações.
Logo no primeiro dia de governo o recém-empossado prefeito Marcelo Crivella nomeou Marcelo Alves, irmão do empresário, como presidente da Riotur.
Mas o apetite de Rafael Alves não se restringia a um cargo, segundo as investigações.
No campo das indicações políticas, o empresário diz que emplacou outros nomes.
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O Ministério Público diz que Alves também era convidado a participar de reuniões estratégicas com o alto escalão da prefeitura para decidir a folha de pagamento do funcionalismo e a dívida ativa da União.
Mas o homem que mandava mensagens cordiais ao prefeito, se irritava quando tinha interesses contrariados, como aconteceu em abril de 2019, quando Crivella mexeu na estrutura da Riotur.
Rafael escreveu revoltado:
"Colocar a Riotur subordinada à Secretaria de Turismo é covardia, desvalorizando Marcelo e não honrando o que foi combinado lá atrás.
Bela atitude, fala uma coisa e faz outra.
Eu não aceito isso, a Riotur tem que ficar subordinada ao gabinete do prefeito.
Esse ato tem que ser publicado amanhã no Diário Oficial, senão a conversa vai mudar de tom".
Em outra conversa ele diz: "Crivella deve achar que sou moleque ou ele deve ter amnésia de tudo que investi e sei.
O tom das mensagens entre Rafael e Crivella chamou a atenção da juíza que autorizou a Operação Hades, realizada em setembro.
A operação contou com buscas no gabinete do prefeito.
"A subserviência do prefeito a Rafael Alves é assustadora", escreveu, na época, a desembargadora Rosa Helena Guita.
Dois bandidos chefes de quadrilha. |
Crivella e Rafael Alves — Foto: Reprodução/TV Globo.
Rafael Alves não negociava apenas cargos na prefeitura.
As investigações mostram que ele também costumava acionar Crivella para pedir favores.
Um deles chamou a atenção do Ministério Público: o empresário pediu ao prefeito que impedisse a demolição da casa do senador Romário.
Rafael Alves diz: "Soube agora que amanhã vão demolir a casa do Romário.
Se o senhor puder tentar segurar isso.
Ele me ligou aqui e foi nosso companheiro.
Disse que isso destruiria vida dele.
Ele disse que quer ir lá regularizar o que for necessário".
E o prefeito responde: "Claro amigo.
Me dá o endereço".
Apelidado de "Trump".
Em uma outra troca de mensagens, Rafael afirmou: “Não quero cargo nem status, quero retorno do que está sendo investido”.
Diz o documento da justiça que Rafael Alves é notório no seio do grupo criminoso, tanto que é conhecido como “Trump”, uma referência ao presidente americano.
CRIVELLA É ALVO DE BUSCAS.
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