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sexta-feira, novembro 13, 2020

Injúria racial: funcionária de pizzaria presta depoimento contra Frederick Wassef, em Brasília

Duas testemunhas ouvidas pela Polícia Civil confirmaram versão da vítima, que relatou ter sido chamada de 'macaca'. Wassef é ex-advogado da família do presidente Bolsonaro e nega caso: 'Mentiras e calúnias', disse investigado que também foi à delegacia para registrar denunciação caluniosa.

Por Stephanny Loredo, Carolina Cruz e Fernando Rêgo Barros, TV Globo e G1 DF.

Frederick Wassef, em imagem de arquivo — Foto: Rede Globo

Frederick Wassef, em imagem de arquivo — Foto: Rede Globo.

A atendente de uma pizzaria, em Brasília, reafirmou em depoimento à Polícia Civil, nesta quinta-feira (12), que foi vítima de injúria racial praticada por Frederick Wassef, ex-advogado da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).  

Duas testemunhas ouvidas durante a tarde confirmaram a versão da funcionária.

A mulher, que preferiu não dar entrevista, esteve na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul, que investiga o caso. 

Ela relatou que foi chamada de "macaca" após Wassef reclamar que a pizza "não estava boa"

Segundo a atendente, o crime ocorreu no último domingo (8), em uma loja da Pizza Hut.

Advogado Frederick Wassef é acusado de injúria racial por funcionária de pizzaria

Advogado Frederick Wassef é acusado de injúria racial por funcionária de pizzaria.

Por volta das 20h, Frederick Wassef esteve na 5ª Delegacia de Polícia, no centro da capital, e registrou uma ocorrência por denunciação caluniosa

Ele nega o relato da mulher. 

De acordo com o advogado, "tudo que foi dito pela funcionária são mentiras e calúnias".

O advogado disse ainda que é "vítima de uma farsa e armação montada". 

Ele afirmou que o caso visa "futura ação indenizatória para ganhar dinheiro".

Segundo Wassef, "o Brasil foi induzido em erro e enganado por uma fraude que diz que eu chamei de negra e macaca e que eu não queria ser atendido por ela". 

O advogado disse que a mulher "mentiu deliberadamente, orientada, treinada e instruída por terceiros que, inclusive, patrocinaram esta fraude".

Análise das câmeras de segurança.

O delegado responsável pelo caso, Marcelo Portela, informou que a Polícia Civil vai analisar as câmeras de segurança da pizzaria, para confirmar a presença e a conduta de Frederick Wassef.

"Somente a partir da junção de todos os elementos poderemos chegar a alguma convicção", disse o delegado.

Injúrias frequentes.

Frederick Wassef é alvo de queixa por injúria racial contra funcionária de pizzaria no DF

Frederick Wassef é alvo de queixa por injúria racial contra funcionária de pizzaria no DF.

De acordo com o relato feito pela atendente, que consta do boletim de ocorrência, Wassef "é um cliente frequente do estabelecimento, porém é conhecido por se tratar de uma pessoa arrogante e que destrata os funcionários".

Ela contou à polícia que, em outubro, o advogado já tinha feito agressões verbais dizendo ofensas como: "não quero ser atendido por você, você é negra e tem cara de sonsa e não vai saber anotar o meu pedido".

Ainda de acordo com os relatos da atendente, "com o intuito de explicar os tamanhos das pizzas, lhe mostrou as caixas vazias como mostruário. 

Neste momento, Frederick jogou a caixa ao chão e disse para ela pegar. 

A vítima contou que ficou constrangida e se sentindo muito humilhada, mas pegou a caixa e se retirou", diz o boletim de ocorrência registrado pela mulher.

Funcionária tentou evitar Wassef.

Funcionária de pizzaria em Brasília sai da 1ª Delegacia de Polícia após denúncia de injúria racial contra advogado Frederick Wassef — Foto: TV Globo/Reprodução

Funcionária de pizzaria em Brasília sai da 1ª Delegacia de Polícia após denúncia de injúria racial contra advogado Frederick Wassef — Foto: TV Globo/Reprodução.

Ainda de acordo com os relatos, quando a atendente viu Wassef chegar, no último domingo, dia do caso que resultou no registro da queixa, ela falou para o gerente da pizzaria que não queria atendê-lo.

Na ocorrência, o gerente contou aos policiais que, sabendo do problema anterior, deixou a funcionária no caixa.

A vítima, então, conta que foi ofendida no caixa. 

Ela afirmou aos investigadores que o advogado perguntou se a mulher teria comido a pizza e ela respondeu que não. 

Com a negativa, de acordo com o boletim de ocorrência, Wassef teria dito em voz alta:

"Você é uma macaca! Você come o que te derem."

Por meio de nota, o advogado do grupo Pizza Hut, Bernardo Fenelon, informou que acompanhou a vítima no momento do registro da ocorrência policial (leia íntegra da nota mais abaixo).  

De acordo com ele, "os fatos são inaceitáveis" e a cliente "espera que a justiça seja feita".

Racismo e injúria racial.

Frederick Wassef é alvo de queixa por injúria racial contra funcionária de pizzaria no DF

Frederick Wassef é alvo de queixa por injúria racial contra funcionária de pizzaria no DF.

De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. 

Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial privado.

Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.

Leia íntegra da nota de Frederick Wassef.

"Tudo que foi dito pela funcionária do Pizza Hut são mentiras e calúnias contra minha pessoa. 

Sou vítima de uma farsa e armação montada. 

Sou vítima de denunciação caluniosa que foi organizada sob orientação de terceiros, visando futura ação indenizatória para ganhar dinheiro através desta fraude arquitetada.

Não chamei ninguém de macaco. 

A funcionária não é negra e mentiu, afirmando que eu a chamei de negra e por isso não queria ser atendido por ela. 

Foi fazer um boletim de ocorrência três dias após o ato narrado, levou fotógrafo para tirar sua foto na delegacia fazendo o B.O [boletim de ocorrência] e divulgou para a imprensa imediatamente.

Existem seguranças na porta do Pizza Hut, a poucos metros ao lado da pizzaria, que ali ficam permanentemente para fazer o protocolo da Covid 19, na entrada do shopping. 

Se fosse verdade o que a funcionária afirmou falsamente, teriam me prendido em flagrante e filmado com celulares. 

Outra mentira é que outros funcionários teriam testemunhado o narrado por ela. 

Ela estava sozinha no caixa e ninguém estava perto. 

Apenas parei no caixa para pagar a conta e fui embora. 

Vou comunicar a polícia deste crime de denunciação caluniosa do qual fui vítima."

Leia íntegra da nota da Pizza Hut.

"Em razão dos recentes episódios de agressões verbais e físicas, bem como de discriminação racial/social, ocorridos na unidade da Pizza Hut localizada no Píer 21, em Brasília, por parte de um cliente contra funcionários da loja, a Pizza Hut Brasil vem a público manifestar seu absoluto repúdio aos fatos ocorridos e seu apoio aos funcionários agredidos e ao franqueado da referida unidade.

A Pizza Hut Brasil vem dando todo o suporte para os colaboradores e parceiros agredidos para que os mesmos façam valer os seus direitos e para que sejam tomadas as medidas necessárias para evitar que tais atos se repitam, entre as quais a comunicação dos fatos para as autoridades competentes mediante o registro de um boletim de ocorrência contra o agressor."

 

COMENTÁRIO:

 

Em todo segmento da sociedade tem gente boa e ruim, o Joio e o Trigo.

Esse advogado que já tem um histórico de mentiras para justificar por qual motivo ele escondeu o ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro Queiroz, em sua casa, podemos incluí-lo na relação dos ruins, o Joio.

 

Vejam alguns trechos de sua entrevista dada a revista Veja no dia 26 de junho do corrente ano.

"Frederick Wassef agora admite que escondeu Queiroz ‘jurado de morte’.

"Entre tantas idas e vindas, com mudanças de versões desencontradas, o advogado Frederick Wassef, que recentemente deixou a defesa formal do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no inquérito das rachadinhas, tem agora uma nova história para explicar a guarida dada em sua casa de Atibaia, no interior de São Paulo, ao ex-PM Fabrício Queiroz", segundo seu depoimento a revista Veja em 26 de junho de 2020.

Este homem não merece crédito nas suas palavras de ninguém, muito menos das autoridades, que estão apurando as agressões que ele cometeu contra a funcionária da Pizza Hut Brasil.

Ele é um farsante, e mentiroso.

 

Valter Desiderio Barreto.

 

Barretos, São Paulo, 13 de novembro de 2020.

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