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domingo, setembro 29, 2019

“Acho que ele nunca conheceu a minha luta”, diz cacique Raoni sobre Bolsonaro


g1.globo.com 

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O cacique caiapó de 89 anos, criticado pelo presidente Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU esta semana, tem um longo histórico de defesa dos povos nativos brasileiros. 


É um líder indígena reconhecido mundialmente há décadas. 

Raoni conversou com a repórter Sônia Bridi em Brasília, e rebateu as declarações de Bolsonaro. 

Nos anos 1950, os irmãos Villas-Boas desbravavam um território ainda desconhecido para a maioria dos brasileiros, o Xingu. 


Um jovem índio de 27 anos, de botoque e cocar, viu brancos pela primeira vez. 

Mais de seis décadas depois, o cacique de 89 anos responde aos comentários do presidente Bolsonaro: “Acho que ele nunca conheceu a minha luta. 

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Acho que não conhece a minha história”. 

Com os Villas-Boas, Raoni aprendeu português, a língua que agora, idoso, ele evita falar, diz que em caiapó expressa melhor seu pensamento. 

Tradutor entre índios e brancos, ele foi recebido por presidentes, ministros, líderes internacionais, príncipes. 


Só este ano, o Papa Francisco e o presidente da França, Emmanuel Macron, ouviram de Raoni o pedido de ajuda para salvar a floresta e os povos indígenas. 

Macron também participou da Assembleia-Geral da Onu, onde Bolsonaro foi o primeiro a discursar. 

“A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. 


Muitas vezes alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”, disse o presidente brasileiro. 

Sônia Bridi: Por que o senhor acha que o presidente disse isso a seu respeito? 

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Raoni: No meu pensamento, as pessoas que ajudaram ele, que mexem com garimpo, que destroem a madeira que ficaram falando de mim para ele, Bolsonaro, pensar isso. 


É pelo incentivo dele, pela fala dele que as pessoas estão queimando as florestas. 


Fala pela destruição da natureza, pela diminuição do território indígena. Bolsonaro é mentiroso. 


Ele é doido. 

No começo dos anos 1980, o confronto entre índios caiapó e madeireiros foi violento. 


Onze invasores foram mortos de uma só vez a pauladas por indígenas. 


Na época, a polícia disse que os índios reagiram a ataques. 


O discurso do velho cacique é de paz: “Sou eu que defendo o meu povo. 


Sempre que tem algum tipo de conflito eu digo: ‘Não, a violência não’.” 

Na terça-feira (24), depois do discurso de Bolsonaro, Raoni recebeu uma ligação do cantor Sting, oferecendo apoio. 


Os dois são velhos amigos. 


Nos anos 1980, Raoni percorreu o mundo com Sting, então no auge da fama. 

Por iniciativa de Sting, um grande show, em Nova York, reuniu Elton John, Tom Jobim, Caetano Veloso, entre outros músicos, para arrecadar fundos para a demarcação de terras indígenas. 


A luta de Raoni nesse período era também para impedir a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. 


A obra acabaria autorizada em 2010, durante o governo Lula, cercada de denúncias de corrupção. 


Já idoso, Raoni estava afastado do público, mas voltou este ano.
Sônia Bridi: 


Por que o senhor resolveu voltar a público agora?

Raoni: Pela proteção do meu povo e todos os povos, eu sempre estive aqui conversando com deputados e presidentes. 


Eu vinha para falar pra eles: “Vamos parar de matar”. 

O Palácio do Planalto não quis comentar as declarações de Raoni nessa entrevista. 


Na quinta-feira (26), já em Brasília, Bolsonaro voltou a falar do cacique: “Não existe mais o monopólio do Raoni. 


O Raoni fala outra língua, não fala a nossa língua. 


É uma pessoa que está com uma certa idade avançada. 


Nós vamos respeitá-lo como cidadão, mas ele não fala pelos índios. 


Cada tribo indígena tem um cacique”. 

Vários caciques esta semana se manifestaram apoiando Raoni e a indicação dele para o Prêmio Nobel da Paz. 

“Eu reconheço a luta do tio Raoni faz tempo. 


É por isso que eu estou dando apoio pra ele receber o Prêmio Nobel da Paz”, diz Davi Kopenawa, xamã ianomami. 

Uma jovem de 16 anos que luta contra as mudanças climáticas também foi indicada para o Nobel da Paz. 


Greta Thumberg, sueca, foi a estrela do encontro na ONU esta semana. 

Em um painel, ao lado dela e do secretário-geral Antonio Guterres, estava Paloma Costa Vieira, 27 anos, a primeira brasileira a falar na abertura da cúpula sobre mudanças climáticas da ONU. 

“Os indígenas têm todo esse conhecimento, essa conexão com a Terra e a gente ainda falha em escutá-los”, diz Paloma, que é coordenadora do Engajamundo, uma organização que mobiliza jovens para causas relacionadas a mudanças climáticas. 

“Agora é o momento de a gente se juntar, todos, como pessoas, como nações, como seres globais que habitam essa Terra e tentar garantir que a gente continue aqui”, defende. 

A continuidade da cultura e da vida dos indígenas é o que move o cacique. 

Sônia Bridi: Há poucas semanas o senhor disse que o índio está vivendo com medo. 

Raoni: Deixa eu falar pra você, se continuar com as queimadas da floresta, o vento vai aumentar, o sol vai ficar muito quente, a Terra também. 


Todos nós, não só os indígenas. 


Todos nós vamos ficar sem respirar. 


Deixa só falar isso de novo: se destruir a floresta, todos nós vamos silenciar. Isso que dá medo.

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