Marzy Teixeira da Silva, uma das filhas adotivas da pastora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ), afirmou à Polícia que sua mãe sabia dos planos para matar o pastor Anderson do Carmo, executado na garagem de casa no dia 16 de junho. Em seu depoimento, Marzy, 35 anos, confirmou a versão do irmão adotivo Lucas Cézar dos Santos Souza, 18 anos, ao admitir que pediu a ele para matar o pai três meses antes de Flávio dos Santos Rodrigues, 38 anos, filho biológico de Flordelis, efetuar os disparos.
De acordo com informações do jornal Extra, Marzy deu as declarações aos policiais no dia 24 de junho, mesmo dia em que Lucas prestou depoimento e disse que tinha recebido os pedidos de Marzy para assassinar o pastor.
A mulher disse ainda que enviou mensagem a Lucas pelo WhatsApp oferecendo R$ 10 mil como recompensa pela morte de Anderson.
À Polícia, Marzy contou que iria furtar o dinheiro do pastor para pagar o irmão, se ele firmasse acordo para executar o crime.
A divergência nos depoimentos surge nesse ponto: Lucas disse aos policiais que se negou a cometer o crime, enquanto Marzy garante que ele aceitou o combinado e ainda definiu que o mataria na casa da família, onde o crime terminou acontecendo.
Segundo Marzy, ela discordava dessa escolha, e teria pedido para que ele fosse morto no caminho de volta da igreja para casa, numa simulação de assalto.
No mesmo dia que tiveram essa conversa, Marzy notou que o pastor Anderson do Carmo estava muito agitado e procurou o irmão para dizer que só conseguiria R$ 5 mil, mas compensaria o restante com relógios do pai.
A filha de Flordelis e Anderson disse ainda que horas depois de terem acertado tudo, se arrependeu e ligou para Lucas cancelando o acordo e pedindo para ele não matar o pai.
Em sua versão, o rapaz negou ter aceitado o pedido inicial da irmã.
Segundo Marzy, ela contou a Flordelis sobre seu plano para matar Anderson, e a deputada teria dito apenas que não tinha dinheiro e aconselhado ela a não fazer nada que trouxesse arrependimento posteriormente.
Ela foi acolhida na casa da família quando já era maior de idade, e por isso, nunca foi adotada formalmente.
Nesse depoimento, a mulher disse aos investigadores que o próprio pastor descobriu que estavam planejando sua morte e chamou um por um da família, inclusive ela própria, para comunicar que colocaria grampos em todos os telefones da casa.
A essa altura, ela decidiu comprar um chip para falar com Flordelis, que também estaria usando outro número para conversar com a filha.
Os diálogos mantidos entre as duas com referências à morte do pastor teriam sido apagados do aplicativo de mensagens a pedido de Flordelis, de acordo com o depoimento da mulher, que disse ter bolado todo o plano por estar com raiva do pai adotivo após ele tê-la punido por ter roubado outros R$ 5 mil de um dos irmãos, dentro da casa da família.
Além disso, ela alega ter ficado sabendo pela própria mãe de que o pastor teria tentado abusar sexualmente de uma das netas.
Enquanto a segunda fase da investigação avança, Lucas e Flávio já cumprem prisão preventiva após terem sido indiciados por homicídio qualificado.
A titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) declarou que a motivação para o crime foi financeira:
“Até este ponto da investigação, podemos afirmar que o crime foi cometido por razões financeiras, administração de bens […]
Não podemos descartar [o envolvimento de Flordelis] porque o crime foi cometido naquele ambiente e por razões afetas àquela família”, disse Bárbara Lomba, segundo o R7.
Procurada, a assessoria de imprensa de Flordelis afirmou que não se pronunciará sobre o depoimento por orientação do advogado da pastora.
Traição.
A mãe do pastor Anderson do Carmo disse à polícia que corriam boatos de que seu filho estava tendo um caso amoroso com uma das filhas biológicas da esposa.
Maria Edna do Carmo afirmou em depoimento no dia 24 de julho que o mesmo fiel que lhe relatou os rumores perguntou se Anderson estava se separando da parlamentar, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo.
A mãe do pastor teria afirmado que seu filho já havia se relacionado com Simone dos Santos, 35 anos, na adolescência, antes de namorar com Flordelis.
Maria Edna disse ainda que a nora havia acompanhado sua gravidez e convivido com Anderson durante sua infância, e por isso ela era contra o namoro dos dois quando começaram a se relacionar, em 1991.
Na ocasião, Anderson tinha 14 anos de idade, e Flordelis, 30.
A Polícia Civil fluminense não confirmou as declarações e informou apenas que a investigação corre sob sigilo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário