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quinta-feira, abril 25, 2019

Turco ligado a movimento de oposição é preso em SP a pedido do governo de Erdogan




Ali Sipahi participou de atividades de centro cultural ligado ao Hizmet, um movimento que o governo da Turquia considera terrorista.

  Ali Sipahi, turco que foi preso no Brasil e acusado pelo governo turco de pertencer a uma organização terrorista — Foto: Divulgação / Centro Cultural Brasil-Turquia Ali Sipahi, turco que foi preso no Brasil e acusado pelo governo turco de pertencer a uma organização terrorista — Foto: Divulgação / Centro Cultural Brasil-Turquia.


Por Felipe Gutierrez, G1

Ali Sipahi, um empresário turco que tem cidadania brasileira, está preso desde 5 de abril na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
Governo da Turquia pede extradição de empresário turco, que vive no Brasil há 12 anos
Governo da Turquia pede extradição de empresário turco, que vive no Brasil há 12 anos.

Sipahi é acusado pelo governo da Turquia de pertencer a um grupo de oposição ao governo de Recep Tayyip Erdogan chamado Hizmet, liderado pelo imã Fetullah Gülen. 

Para a Turquia, que pede sua extradição, trata-se de uma organização terrorista. 

O Hizmet não é considerado terrorista pela ONU, mas o governo turco discorda dessa classificação. 

"Fetullah Gülen é o líder de uma organização secreta, altamente hierárquica e antidemocrática (o chamado movimento Hizmet) que tentou o mais violento ataque terrorista da história turca na noite de 15 de julho de 2016", afirma, em nota, a embaixada turca em Brasília.


Naquela data, houve uma tentativa de golpe contra o presidente Recep Tayyip Erdogan


Desde então, o governo do país passou a considerar o clérigo Gülen um inimigo. 

A embaixada da Turquia não comenta o caso específico de Sipahi. 


Ele foi detido logo depois de desembarcar com a família no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na volta de viagem de férias nos Estados Unidos. 

O que diz o governo turco?

Apoiador de Recep Tayyip Erdogan exibe foto do presidente da Turquia durante manifestação eleitoral em Istambul — Foto: Kemal Aslan/Reuters
Apoiador de Recep Tayyip Erdogan exibe foto do presidente da Turquia durante manifestação eleitoral em Istambul — Foto: Kemal Aslan/Reuters.

No pedido ao governo brasileiro, as autoridades turcas acusam o empresário de assumir funções em um centro cultural com ligações ao Hizmet. 


Além disso, a Turquia afirma que Sipahi de depositar dinheiro em uma conta de banco vinculada ao grupo entre 2013 e 2014 (entenda mais abaixo). 

O pedido de prisão preventiva a Sipahi estava decretado desde 19 de março pelo Supremo Tribunal Federal. 

Os advogados que o defendem pediram para que ele aguarde o julgamento do pedido de extradição fora da prisão – com a retenção de passaporte ou tornozeleira eletrônica. 


A Procuradoria, no entanto, foi contrária ao pedido. 

O ministro do STF Edson Fachin determinou nesta quinta-feira (25) que Sipahan seja ouvido. 


A oitiva do empresário está marcada para 3 de maio. 


Ele continua preso, por enquanto. 

Apreensão na comunidade turca.

 

Sipahi tem 31 anos e vive no Brasil desde 2007, segundo um de seus advogados. 


Ele é brasileiro naturalizado e tem um filho nascido no país. 


Ele é dono de dois restaurantes em São Paulo. 

Ele virou alvo do pedido de extradição por ter desenvolvido atividades no Centro Cultural Brasil-Turquia, que é uma entidade com vínculos com o Hizmet. 

Ao Jornal Hoje, Kamil Ergin, porta-voz do Centro Cultural Brasil-Turquia, afirmou que esse banco era considerado um banco comum. 


"Ele [Sipahi] tinha uma conta bancária e depositou algum dinheiro nessa conta. 


O governo vê isso como ação de ajuda para um grupo terrorista", afirmou. 

O sócio de Sipahi em um dos restaurantes, Ilyas Kar, também disse ao Hoje que a prisão se trata de "perseguição" ao turco-brasileiro por ele participar de atividades na Câmara de Comércio e Indústria Turco-Brasileira – também apontada como crítica a Erdogan. 

"A gente tá trabalhando no restaurante porque, por causa da perseguição do governo turco, nossas atividades culturais foram rompidas", disse Kar.


Há cerca de 250 turcos ligados a essa organização no Brasil, segundo Kamil Ergin. 

"Estamos preocupados.


Não somos terroristas, não vivemos em segredo, nossa identidade é aberta.


A maioria desses 250 é de refugiados que veio para o Brasil por acreditar que é um país seguro e democrático, e essa prisão gerou apreensão na comunidade.


Quem já pensava em sair do país acelerou."

Crise na Turquia.

Apoiadores do governo de Erdogan comemoram impedimento da tentativa de golpe na Turquia — Foto: REUTERS/Tumay Berkin
Apoiadores do governo de Erdogan comemoram impedimento da tentativa de golpe na Turquia — Foto: REUTERS/Tumay Berkin.

A defesa vai alegar que a Turquia não vive um estado democrático de direito e não há instituições da Justiça independentes para julgar Ali ou outros membros do Hizmet, segundo um dos advogados dele.

"Não há garantia de que o acusado será julgado por juiz isento e imparcial", afirmou o advogado Theo Dias, que representa Sipahi.


A Turquia vive uma crise política intensificada em 2016. 


Em julho daquele ano, o presidente Erdogan sofreu tentativa frustrada de golpe.
Clérigo muçulmano Fethullah Gülen vive exilado nos EUA desde 1999 — Foto: Reuters/Charles Mostoller/File Photo
Clérigo muçulmano Fethullah Gülen vive exilado nos EUA desde 1999 — Foto: Reuters/Charles Mostoller/File Photo.

Gülen, ex-aliado de Erdogan, foi apontado como um dos responsáveis pelo movimento. 


Desde então, o presidente turco passou a perseguir opositores e jornalistas. Muitos deles foram presos. 

Ainda em 2016, o assassinato do embaixador russo Andrei Karlov durante a abertura de uma exposição aumentou as tensões. 


Erdogan acusou Gülen de planejar o crime, o que o oposicionista nega. 


Por isso, o governo turco exigiu a extradição do clérigo, que vive desde 1999 nos Estados Unidos. 

Em sua residência na Pensilvânia, o clérigo nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe e rebate as acusações contra o seu movimento, Hizmet, que se apresenta como uma rede educacional e humanitária, que promove um islã moderado. 

Gülen, inclusive, diz que foi o primeiro clérigo muçulmano a condenar publicamente os atentados terroristas de 11 de setembro, em uma coluna no jornal norte-americano "The Washington Post". 

Erdogan, por outro lado, começou a dar sinais de perda de poder nas eleições municipais deste ano. 


O partido do presidente turco perdeu o governo da capital Ancara, e de Istambul, a maior cidade do país.

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