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sexta-feira, abril 19, 2019

Secretário pede exoneração após dizer que 'pardos e mulatos brasileiros são todos mau-caráter'




Secretário-adjunto de Turismo de Santos, Adilson Durante Filho, já havia pedido licença do cargo. Ele também é conselheiro do Santos Futebol Clube, que divulgou comunicado de repúdio. Ouça o áudio. 

 

Por G1 Santos
Áudio vazado de secretário-adjunto de Turismo de Santos com comentários racistas revoltou web
Áudio vazado de secretário-adjunto de Turismo de Santos com comentários racistas revoltou web
O secretário-adjunto de Turismo de Santos, Adilson Durante Filho, pediu exoneração do cargo nesta sexta-feira (19), informou a prefeitura. 


A decisão ocorreu após um áudio em que ele diz que "pardos e mulatos brasileiros são todos mau-caráter (sic)" vazou e gerou revolta nas redes sociais. 

"Aqui a gente está entre amigos.

Sempre que tiver um pardo, o pardo o quê que é?

Não é aquele negão, né?, mas também não é o branquinho.


É o moreninho da cor dele.


Esses caras – você tem que desconfiar de todos, de todos que tu conhecer.


Essa cor é uma mistura, é, duma raça que não tem caráter.


É verdade, isso é estudo", diz Durante Filho.


Em seguida, ele acrescenta: 
"Todo pardo, mulato, [você] tem que tomar cuidado.


Não mulato tipo o [cita um nome].


[Ele] é tipo para índio, tipo chileno, essas porr*.


Tô dizendo o mulato brasileiro, entendeu?


Os pardos brasileiros.


São todos mau-caráter (sic).


Não tem um que não seja."


Na quinta-feira (19), por nota, Durante Filho assumiu a autoria e diz tratar-se de "um antigo áudio" gravado "em um momento de infelicidade e levado pela emoção, em decorrência de um fato que muito me abalou". 


O destinatários, segundo ele, eram integrantes de "um pequeno grupo de supostos amigos de WhatsApp".
Secretário-adjunto de Turismo de Santos, Adilson Durante Filho, pediu desculpas — Foto: Reprodução/Twitter
Secretário-adjunto de Turismo de Santos, Adilson Durante Filho, pediu desculpas — Foto: Reprodução/Twitter.

"Consigno que não tenho qualquer preconceito em razão de cor, raça ou credo, pois minha criação não me permitiria ser diferente. 


Peço, humildemente, desculpas a todos que se sentiram ofendidos", continuou (leia, abaixo, a íntegra na nota)

Após a repercussão do caso, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), informou por nota, na quinta-feira, que Durante Filho pediu licença não remunerada para se defender


A prefeitura acatou, mas não informou se iria exonerá-lo do cargo. 

O novo comunicado da prefeitura, divulgado nesta sexta-feira, informa que o pedido de exoneração partiu do próprio secretário. 


"A portaria, assinada pelo prefeito, será publicada na edição do Diário Oficial de terça-feira (23/04)", informou. 


Não foi divulgado novo nome para cargo. 

Prefeito condenou.

 

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Santos, Telma de Souza, se posicionou sobre o ocorrido e exigiu uma manifestação oficial e providências da Prefeitura com relação às declarações racistas do secretário-adjunto de Turismo de Santos. 

Mais tarde, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, informou em comunicado que Durante Filho "reconheceu o grave erro, pediu desculpas, se retratou publicamente e está ciente da sua responsabilidade e das possíveis consequências desse ato cometido na esfera de sua vida privada". 

O prefeito afirmou, também, que o secretário "pediu licença não remunerada de suas funções para que possa prestar os esclarecimentos devidos decorrentes da sua manifestação" (leia, abaixo, a íntegra do comunicado do prefeito)

Conselheiro do Santos FC.

 

Além de secretário-adjunto de Turismo, Adilson Durante Filho é atualmente conselheiro do Santos Futebol Clube. 


A declaração feita pelo político foi desaprovada pela torcida Santos FC Antifascista, que divulgou nas redes sociais um vídeo com o áudio


Nos comentários da publicação, torcedores pedem sua saída do clube. 

Em nota, o Santos Futebol Clube destacou sua trajetória no combate ao racismo. 


"O time mágico de Pelé, Pepe, Coutinho, Zito e tantos outros gênios do futebol espalhou aquela maravilhosa imagem de brancos e negros se abraçando para comemorar gols que encantavam o mundo. 


Até hoje mantemos acesa essa tradição", diz o comunicado. 

"Assim, é muito triste que tantas décadas depois tenhamos de vir a público reafirmar nosso absoluto repúdio a qualquer forma de discriminação e racismo. 


Brasileiros, somos produto da miscigenação. 


Santistas, vamos continuar lutando pela paz do nosso branco e pela nobreza do nosso preto, cores eternamente entrelaçadas em nossa história." 

Leia, abaixo, a nota de Adilson Durante Filho.

 

"Com relação a um antigo áudio de alguns anos atrás que circula nas mídias sociais, de minha autoria, gostaria de expor que, em um momento de infelicidade e levado pela emoção, em decorrência de um fato que muito me abalou, acabei me expressando de forma absolutamente diversa das minhas crenças e modo de agir. 


Jamais tive a intenção de atingir quem quer que seja, até porque assim me manifestei em um pequeno grupo de supostos amigos de WhatsApp.

 
Consigno que não tenho qualquer preconceito em razão de cor, raça ou credo, pois minha criação não me permitiria ser diferente. 


Peço, humildemente, desculpas a todos que se sentiram ofendidos, e expresso, por meio deste comunicado, meu mais profundo arrependimento quanto às palavras genericamente proferidas.

 
Santos, abril de 2019.

 
Adilson Durante Filho."

 

Leia, abaixo, a nota do prefeito de Santos

 

"Como prefeito, afrodescendente, cidadão, filho de ex-engraxate de sapato de origem humilde, manifesto, com veemência, repúdio à qualquer manifestação que defenda ou propague preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, independentemente dos meios, circunstâncias ou período de tempo que ocorra. Sempre será e deve ser absolutamente condenada.

 
O funcionário da prefeitura envolvido no lamentável caso que se tornou público, sr. Adilson Durante Filho, reconheceu o grave erro, pediu desculpas, se retratou publicamente e está ciente da sua responsabilidade e das possíveis consequências desse ato cometido na esfera de sua vida privada. 


Ele pediu licença não remunerada de suas funções para que possa prestar os esclarecimentos devidos decorrentes da sua manifestação.

 
A situação administrativa do funcionário está suspensa, com prejuízo dos vencimentos, e permanecerá assim durante todo o período de seu afastamento.
Paulo Alexandre Barbosa."

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