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quinta-feira, abril 11, 2019

Regime de Omar al-Bashir perto do fim no Sudão


Militares teriam forçado o presidente a deixar o cargo. Milhares de pessoas já celebram a queda de Bashir, que ocupa o poder há 30 anos.

Por Deutsche Welle
Omar al-Bashir durante um pronunciamento à nação — Foto: Ashraf Shazly/AFP
Omar al-Bashir durante um pronunciamento à nação — Foto: Ashraf Shazly/AFP.

O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi forçado pelos militares a deixar o poder nesta quinta-feira (11/04), após três décadas comandando essa nação africana, segundo declarações de funcionários do governo à emissoras árabes e à agência de notícias Reuters. 

O anúncio oficial da deposição de Bashir deverá ser feito nas próximas horas pelos militares. 


A televisão do Sudão noticiou durante a madrugada que o Exército vai fazer um "comunicado importante" em breve.
Presidente do Sudão deixa o cargo sob pressão dos militares, dizem agências de notícias
Presidente do Sudão deixa o cargo sob pressão dos militares, dizem agências de notícias.

Segundo testemunhas declararam à Reuters, Bashir, de 75 anos, foi deposto pelas Forças Armadas e está sendo mantido sob forte vigilância na residência presidencial, em Cartum.

Funcionários do governo sudanês disseram à agência de notícias AP que transcorrem negociações entre os militares para a formação de um governo de transição. 

Milhares de pessoas se concentraram nas imediações do Ministério da Defesa e no centro de Cartum para participar de protestos contra Bashir e festejar a queda dele, mesmo ainda não estando confirmada. 

Na capital do Sudão, os militares posicionaram-se em vários pontos da cidade durante a madrugada, em especial junto dos edifícios da televisão e da rádio públicas. 

Veículos militares foram enviados para junto das principais pontes sobre o Nilo, em Cartum, enquanto milhares de pessoas mantêm os protestos em vários pontos da capital, sobretudo junto ao quartel-general do Exército.


Os protestos, que visam pressionar os militares a forçar a saída de Bashir, começaram em dezembro por causa da forte alta do pão e se intensificaram nos últimos dias. 

O Comitê Central de Médicos do Sudão, uma organização sindical da oposição, afirma que 22 pessoas morreram nos protestos desde sábado, entre os quais cinco militares. 

A mesma organização afirmou que 153 pessoas ficaram feridas, sendo que um número "significativo" de feridos se encontra em estado grave, o que deve fazer o número de mortos aumentar nos próximos dias. 

Mandados de prisão por genocídio.

 

Bashir comanda o Sudão com mão de ferro desde 1989, quando deu um golpe de Estado com a ajuda de militantes islamistas. 


Ele é alvo de dois mandados internacionais de prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, emitidos pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, por causa de crimes cometidos em Darfur. 

Nessa região do oeste sudanês, 300 mil pessoas foram mortas desde 2003, segundo contagem das Nações Unidas, num conflito que opõe o governo e milícias árabes, de um lado, e rebeldes não árabes separatistas, do outro. 

As manifestações contra Bashir foram motivadas pela forte crise econômica que afeta o país há anos – principalmente depois da secessão do Sudão do Sul, em 2011. 


O Sudão é um dos 25 países mais pobres do mundo, com uma população de 41 milhões de pessoas. 

Até a independência do Sudão do Sul, a economia era fortemente dependente do petróleo, que era responsável por 95% das exportações e metade da arrecadação do governo. 


Em 2001, o Sudão perdeu a maior parte dos campos petrolíferos, que ficaram com o Sudão do Sul.

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