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quinta-feira, abril 18, 2019

Bolsonaro ataca fiscais do Ibama e funcionários da Funai durante encontro com índios


O presidente Bolsonaro recebe índios no Planalto: 'Alguns querem que vocês fiquem na terra indígena como se fossem um animal pré-histórico' Foto: Reprodução
O presidente Bolsonaro recebe índios no Planalto: 'Alguns querem que vocês fiquem na terra indígena como se fossem um animal pré-histórico' Foto: Reprodução.
 
 

Presidente chama ONGs de 'picaretas' e interessadas apenas no valor de territórios.


BRASÍLIA — Ao receber cinco indígenas no Palácio do Planalto na noite desta quarta-feira para ouvir reivindicações do grupo, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou para disparar ataques contra fiscais do Ibama, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e ONGs nacionais e internacionais. 


De etnias diferentes, eles foram levados ao local pelo pecuarista Nabhan Garcia, secretário de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, que é o responsável do governo por executar a reforma agrária. 


O encontro foi transmitido ao vivo pela página de Bolsonaro no Facebook, durante mais de 37 minutos. 


Ao longo do encontro, o presidente defendeu que os povos tenham autonomia sobre as terras e direito de explorá-la tanto em atividades agrícolas quanto em mineração. 


Ele prometeu apresentar ao Congresso mudanças na legislação para para a exploração econômica das terras.
— Com todo o respeito, alguns querem que vocês fiquem na terra indígena como se fossem um animal pré-histórico. 
 
 
Não é pré-histórico não, vocês são seres humanos — declarou o presidente. 
 
 
— O índio não pode continuar sendo pobre em cima de terra rica. 
 
 
Todas as ONGs que trabalham contra vocês são nossas inimigas. 
 

Na opinião de Bolsonaro, "o índio tem que dizer o que a Funai vai fazer”, assim como o povo brasileiro tem que dizer o que ele deve fazer como presidente.


— Se não for assim, eu corto toda a diretoria da Funai — disse Bolsonaro.


O presidente chamou de "picaretas" ONGs internacionais e nacionais e até mesmo funcionários do governo que atuam na causa indígena, afirmando que o interesse está relacionado ao valor das terras.


— Se fala tanto em Serra Pelada, mas a ianomâmi é riquíssima, por isso que tem ONG dizendo que tá defendendo índio lá. Se fosse uma terra pobre, não teria ninguém lá, ninguém. 
 
 
Como é rica tá lá esses picaretas internacionais, picaretas dentro do próprio Brasil, picaretas dentro do pobre governo dizendo que protegem vocês. 
 

Bolsonaro demonstrou irritação depois de ouvir o relato de um índio da etnia Pareci, do Mato Grosso, que produz soja em suas terras e disse ter sido multado em R$ 139 milhões por fiscais do Ibama que constataram 30% da área com plantação de sementes geneticamente modificadas.


— Ou seja, nossos irmãos, mais humildes, trabalhando, multados pelo Ibama.


Por isso, junto com o (Ricardo) Salles, nosso ministro do Meio Ambiente, tomamos providências para substituir esse tipo de gente.


Esse tipo de gente não são brasileiros, não estão preocupados com o meio ambiente.


A preocupação deles é outra — disse Bolsonaro.


O presidente, então, direcionou suas críticas ao repasse de parte dos recursos de multas para ONGs, "que dizem que é para fiscalizar a questão ambiental", e prometeu acabar com isso.


— Graças a Deus, mudou o Brasil. Então, está aqui um testemunho de um homem — fala até bem — que quer trabalhar, quer produzir e vai ajudar o Brasil, a nossa economia, trazer progresso para eles, saúde, educação, muita coisa que eles ainda não têm em grande parte.


E não é (sic) apenas ONGs nacionais e internacionais, tem brasileiro mau caráter infiltrado em várias instituições que trabalham contra vocês também.


Posam de defensor de vocês, mas não trabalham pelo bem de vocês.

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