Grupos judaicos vinham pedindo a abertura dos arquivos há décadas. Vaticano disse que Pio trabalhou silenciosamente nos bastidores para salvar os judeus.
Por G1
Imagem mostra as novas versões, em inglês e hebraico, do texto sobre o
Papa Pio XII apresentado pelo Museu do Holocausto em Israel; críticas à
postura do Papa durante a Segunda Guerra foram suavizadas em 1º de julho
de 2012 — Foto: Menahem Kahana/AFP.
O papa Francisco
anunciou nesta segunda-feira (4) que decidiu abrir os arquivos secretos
do Vaticano no pontificado do papa Pio XII.
O pontificado de Pio XII é criticado por ter se silenciado diante do Holocausto.
O pontificado de Pio XII é criticado por ter se silenciado diante do Holocausto.
Alguns judeus acusaram Pio XII, cujo pontificado foi de 1939 a 1958, de
fechar os olhos ao Holocausto.
O objetivo é rebater a acusação de que Pio XII não levantou a voz contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, algo sempre negado pelo Vaticano.
O objetivo é rebater a acusação de que Pio XII não levantou a voz contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, algo sempre negado pelo Vaticano.
O Vaticano disse que Pio trabalhou silenciosamente nos bastidores para
salvar os judeus e não piorar a situação, inclusive trabalhando para os
católicos em partes da Europa ocupada pelos nazistas.
Os arquivos serão abertos em 2 de março de 2020, segundo anunciou o
papa Francisco em um discurso aos membros do Arquivo Secreto do
Vaticano.
"A Igreja não tem medo da história", disse, acrescentando que o legado de Pio XII tinha sido tratado com "algum preconceito e exagero".
"A Igreja não tem medo da história", disse, acrescentando que o legado de Pio XII tinha sido tratado com "algum preconceito e exagero".
O American Jewish Committee (AJC), um dos principais grupos judaicos do
mundo, festejou o movimento.
"Por mais de 30 anos, o AJC pediu a abertura completa dos Arquivos Secretos da Santa Sé do período da Segunda Guerra Mundial", disse o rabino David Rosen, diretor internacional de Assuntos Inter-religiosos do AJC.
"Por mais de 30 anos, o AJC pediu a abertura completa dos Arquivos Secretos da Santa Sé do período da Segunda Guerra Mundial", disse o rabino David Rosen, diretor internacional de Assuntos Inter-religiosos do AJC.
"É particularmente importante que especialistas dos principais
institutos do memorial do Holocausto em Israel e nos EUA avaliem
objetivamente, da melhor forma possível, o registro histórico do mais
terrível dos tempos, reconhecendo tanto os fracassos quanto os valentes
esforços feitos durante o período de Shoah ", disse Rosen à Reuters em
um e-mail, usando a palavra hebraica para o Holocausto.
No passado, diferentes associações e o Comitê Judaico Internacional
para as Consultas Inter-religiosas haviam solicitado a documentação dos
arquivos do Vaticano especialmente após o início do processo de
beatificação de Pio XII.
Muitos o acusaram de não protestar contra os crimes do nazismo, quando a
poucos metros do Vaticano, em 1943, 1.022 pessoas foram deportadas para
Auschwitz e retornaram apenas 16.
"Eu tomo esta decisão depois de ouvir a opinião dos meus colaboradores mais próximos, com uma mente calma e confiante, certo de que a pesquisa histórica séria e objetiva pode avaliar a sua luz adequada com momentos críticos próprios de exaltação do papa e, sem dúvida, também momentos de sérias dificuldades, de decisões atormentadas, de prudência humana e cristã ", afirmou Francisco.
Abertura pontificado após pontificado.
A abertura dos arquivos secretos do Vaticano para os historiadores
começou em 1881, durante o pontificado de Leão XIII (1878-1903) e mais
tarde o princípio seguido pelos pontífices foi de abrir os arquivos para
estudos "pontificado após pontificado" e não a partir de um prazo
determinado.
Em 18 de setembro de 2006, o Vaticano abriu ao público todos os
documentos relativos ao pontificado de Pio XI (1922-1939) no Arquivo
Secreto Vaticano, entre os quais incluem documentos sobre a Guerra Civil
Espanhola (1936-1939), da Alemanha nazista e a Itália fascista.
Em 1965, o Vaticano publicou extensa documentação recolhida em 12
volumes, sob o título "Atos e Documentos da Santa Sé em relação à
Segunda Guerra Mundial", na qual já apareceu muito material sobre o
pontificado de Pio XII.
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