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sexta-feira, março 29, 2019

Comandante do Exército participa de evento com desfile militar e alusão ao golpe de 64


Leitura da Ordem do Dia foi uma determinação do presidente Jair Bolsonaro. O documento faz referência a 31 de março de 1964, quando teve início a ditadura militar no Brasil.

 

 

Por Fernanda Calgaro, G1 Brasília
Solenidade no Comando Militar do Planalto, em Brasília, com desfile militar e alusão ao golpe de 64
Solenidade no Comando Militar do Planalto, em Brasília, com desfile militar e alusão ao golpe de 64.

O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, participou nesta sexta-feira (29) de uma solenidade no Comando Militar do Planalto, em Brasília, em que foi feita a leitura da Ordem do Dia em referência a 31 de março de 1964, quando teve início a ditadura militar no Brasil que perdurou por 21 anos. 

A leitura da Ordem do Dia foi uma determinação do presidente Jair Bolsonaro


O documento, assinado pela cúpula das Forças Armadas e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi lido na íntegra nesta sexta por uma civil: Roberta Vieira, servidora civil do Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB). 

Na solenidade, também houve o canto do Hino Nacional e um desfile de apresentação das tropas. 


A cerimônia durou pouco menos de 30 minutos. 

Um dos trechos do texto diz: "As Forças Armadas participam da história da nossa gente, sempre alinhadas com as suas legítimas aspirações. 


O 31 de março de 1964 foi um episódio simbólico dessa identificação". 

O documento assinado não classifica o regime militar como uma ditadura oriunda de um golpe. 


De acordo com a Defesa, a ordem do dia deverá ser lida nas unidades militares "em atividades rotineiras" até esta sexta. 

'Comemorações devidas'.

 

Na segunda-feira (25), o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, havia afirmado que a determinação ao Ministério da Defesa era para que fossem feitas as "comemorações devidas" pelos 55 anos do golpe que derrubou o então presidente João Goulart e deu início à ditadura militar. 

Na quinta-feira (28), Bolsonaro afirmou que o documento não teve o objetivo de "comemorar" o golpe.


A intenção, segundo ele próprio, era "rememorar" o fato e identificar pontos corretos e errados para o "bem do Brasil no futuro". 

Nesta sexta, no Comando Militar do Planalto, ao anunciar que o evento teria início em seguida, o mestre de cerimônias disse que se tratava de uma solenidade "em comemoração do 55º ano do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964". 

Já com a solenidade iniciada, o mestre de cerimônias afirmou que o ato tinha como finalidade "relembrar o 55º aniversário do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964". 

Na terça-feira (26), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal afirmou que a comemoração do golpe militar de 1964 merece "repúdio social e político" e pode configurar improbidade administrativa. 

"Festejar a ditadura é [...] festejar um regime inconstitucional e responsável por graves crimes de violação aos direitos humanos. 


Essa iniciativa soa como apologia à prática de atrocidades massivas e, portanto, merece repúdio social e político, sem prejuízo das repercussões jurídicas", diz a nota do MPF divulgada na terça. 

A Defensoria Pública da União (DPU) chegou a pedir que a Justiça Federal em Brasília proibisse o governo federal de comemorar o golpe militar de 1964 e que impedisse a União de utilizar dinheiro público para esta finalidade, sob pena de multa.
Divulgado o texto da Ordem do Dia sobre 31 de março
Divulgado o texto da Ordem do Dia sobre 31 de março.

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