Leitura da Ordem do Dia foi uma determinação do presidente Jair Bolsonaro. O documento faz referência a 31 de março de 1964, quando teve início a ditadura militar no Brasil.
Por Fernanda Calgaro, G1 — Brasília
Solenidade no Comando Militar do Planalto, em Brasília, com desfile militar e alusão ao golpe de 64.
O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, participou nesta
sexta-feira (29) de uma solenidade no Comando Militar do Planalto, em
Brasília, em que foi feita a leitura da Ordem do Dia em referência a 31
de março de 1964, quando teve início a ditadura militar no Brasil que
perdurou por 21 anos.
A leitura da Ordem do Dia foi uma determinação do presidente Jair Bolsonaro.
O documento, assinado pela cúpula das Forças Armadas e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi lido na íntegra nesta sexta por uma civil: Roberta Vieira, servidora civil do Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB).
O documento, assinado pela cúpula das Forças Armadas e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi lido na íntegra nesta sexta por uma civil: Roberta Vieira, servidora civil do Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB).
Na solenidade, também houve o canto do Hino Nacional e um desfile de
apresentação das tropas.
A cerimônia durou pouco menos de 30 minutos.
A cerimônia durou pouco menos de 30 minutos.
Um dos trechos do texto diz: "As Forças Armadas participam da história
da nossa gente, sempre alinhadas com as suas legítimas aspirações.
O 31 de março de 1964 foi um episódio simbólico dessa identificação".
O 31 de março de 1964 foi um episódio simbólico dessa identificação".
O documento assinado não classifica o regime militar como uma ditadura
oriunda de um golpe.
De acordo com a Defesa, a ordem do dia deverá ser lida nas unidades militares "em atividades rotineiras" até esta sexta.
De acordo com a Defesa, a ordem do dia deverá ser lida nas unidades militares "em atividades rotineiras" até esta sexta.
'Comemorações devidas'.
Na segunda-feira (25), o porta-voz da Presidência da República, Otávio
Rêgo Barros, havia afirmado que a determinação ao Ministério da Defesa
era para que fossem feitas as "comemorações devidas" pelos 55 anos do golpe que derrubou o então presidente João Goulart e deu início à ditadura militar.
Na quinta-feira (28), Bolsonaro afirmou que o documento não teve o objetivo de "comemorar" o golpe.
A intenção, segundo ele próprio, era "rememorar" o fato e identificar pontos corretos e errados para o "bem do Brasil no futuro".
A intenção, segundo ele próprio, era "rememorar" o fato e identificar pontos corretos e errados para o "bem do Brasil no futuro".
Nesta sexta, no Comando Militar do Planalto, ao anunciar que o evento
teria início em seguida, o mestre de cerimônias disse que se tratava de
uma solenidade "em comemoração do 55º ano do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964".
Já com a solenidade iniciada, o mestre de cerimônias afirmou que o ato tinha como finalidade "relembrar o 55º aniversário do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964".
Na terça-feira (26), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do
Ministério Público Federal afirmou que a comemoração do golpe militar de
1964 merece "repúdio social e político" e pode configurar improbidade administrativa.
"Festejar a ditadura é [...] festejar um regime inconstitucional e
responsável por graves crimes de violação aos direitos humanos.
Essa iniciativa soa como apologia à prática de atrocidades massivas e, portanto, merece repúdio social e político, sem prejuízo das repercussões jurídicas", diz a nota do MPF divulgada na terça.
Essa iniciativa soa como apologia à prática de atrocidades massivas e, portanto, merece repúdio social e político, sem prejuízo das repercussões jurídicas", diz a nota do MPF divulgada na terça.
A Defensoria Pública da União (DPU) chegou a pedir que a Justiça Federal em Brasília proibisse o governo federal de comemorar o golpe militar de 1964 e que impedisse a União de utilizar dinheiro público para esta finalidade, sob pena de multa.
Divulgado o texto da Ordem do Dia sobre 31 de março.
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