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quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Suicídio e salvação, uma rápida reflexão



Com os casos recentes de cristãos que cometeram suicídio, a pergunta que muitos estão me fazendo é se o suicida perde a sua salvação. 


Neste artigo não exaustivo, não tenho a intenção de responder todas as dúvidas, apenas lançar luz sobre um tema tão complexo, deixando minha opinião com solene respeito a todos, pois entendo que fugir desse debate apenas por delicadeza não é sábio e nem um ato de compaixão.


Primeiramente é preciso dizer que o suicídio é considerado uma epidemia mundial, o mal do século. 


De acordo com os dados da OMS, chegam a 800 mil casos por ano, 1 morte a cada 40 segundos. 


Segundo algumas pesquisas, o suicídio como causa de falecimento é maior do que de assassinatos. 


Na Europa é onde mais acontece, e nas Américas e a África se apresenta o menor índice de casos. 


Logo, é um assunto sério que a igreja precisa pensar, teólogos precisa escrever, e cada um de nós devemos orar e ajudar aqueles que sabemos lidar com esses sentimentos de morte e desesperança. 


Sabemos que o Evangelho de Jesus é a solução para todos os homens, e que em Cristo há um propósito para a vida, cujo Criador é um Deus amoroso e que deseja a salvação de TODOS os homens! (1Tm 2:4-6)
Olhando para as Escrituras, como Palavra de Deus, inerrante, infalível, inspirada, podemos encontrar nela algumas respostas sobre o tema dessa reflexão, e é o que faremos agora. 


Biblicamente falando, esse é um daqueles assuntos polêmicos que não é possível dar uma resposta fácil, unânime, pois as opiniões dos teólogos variam entre diferentes escolas de pensamento e tradições teológicas. 


Por exemplo, para católicos, oficialmente esse é um pecado capital, que custa a salvação eterna do falecido. 


Já entre os protestantes, há aqueles que pensam não ser possível perder a salvação, mesmo nestas circunstâncias; outros creem que nesse caso se perde a salvação; e outros ainda creem que quem comete tal pecado nunca na verdade foi regenerado. 


Num ponto temos todos consenso, que este é um pecado gravíssimo, por se tratar de um homicídio, sobre o qual as Não matarás (Ex 20:4); que os que praticar tal coisa deveriam ser mortos (Nm 35); que o assassino é igualado ao diabo, cuja missão é matar e destruir (Jo 8:44; 10:10); que homicidas não possui a vida eterna (1Jo 3:15); que estes não herdarão o reino dos céus (Ap 22:15); que quem destruir o templo do Senhor, Deus o destruirá (1Co 3:17); para não tentarmos o Senhor Deus, como na tentação de Jesus, quando o diabo excitou Jesus ao suicídio, prometendo salvação (Mt 3); entre outras sentenças duríssimas de juízo. 


E isso é assim porque assassinar alguém ou a si mesmo, é atentar contra o maior dom de Deus que é a vida humana, que diferente nos animais e vegetais, é à imagem e semelhança de Deus.


O primeiro agravante do suicídio que quero destacar (e a partir daqui vou divergir de muitos colegas), é que sendo este um atentado contra a própria vida, ou seja, a morte de si mesmo, nos casos em que o plano é bem sucedidos não há tempo de arrependimento, uma vez que vítima é a própria pessoa. 


Aqui repousa um ponto gravíssimo, pois todo pecado consciente para ser perdoado exige-se arrependimento e confissão.


Suicidar-se, em quase a totalidade dos casos, é sempre um crime/pecado premeditado, planejado e calculado. 


Ninguém se suicida de repente ou sem querer, entendeu? (Dt 4:42; Nm 35:25). 


E isso é gravíssimo, pois todo pecado premeditado é doloso, e como já mencionado acima, com o diferencial de que normalmente não se tem tempo para arrependimento e confissão, para perdão de pecados. (Pv 28;13; 1Jo 1:9; At 3:19).


O segundo agravante, e o mais sério de todos é que, dos casos em que um cristão chega ao suicídio bem sucedido, em ultima instância é porque perdeu a confiança em Deus, naquilo que Ele é no que diz por meio da Sua Palavra, ou pior, talvez nunca tenha entendido o Evangelho. 


O suicida cristão é aquele que de alguma maneira, por muitas razões, rejeita progressivamente a obra do Espírito Santo dentro dele mesmo, é aquele que perdeu a fé na caminhada, e tudo que não é por fé é pecado, e sem fé é impossível chegar-se à Deus. 


Logo, se a falta de fé e confiança em Deus, seja por qualquer circunstâncias, levou alguém a suicidar-se, É POUCO PROVÁVEL (destaque-se isso), que entorpecido pela tristeza, remorso, desesperança, ódio contra si mesmo e todo tipo de sentimentos malignos e carnais, esse alguém encontre tempo e força suficiente para confissão e arrependimento. 


Comparo o suicídio com a blasfêmia contra o Espírito Santo; que é o pecado sem perdão, justamente porque também é por falta de fé, ou propriamente um pecado de incredulidade. 


Entendo que naquele em que ainda habita e age o Espírito do Senhor, o tal não chega as vias de fato do matar-se: “Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade.” (2Co 3:17).


Em outras palavras, ENTENDO EU, que um coração onde há lugar para o Espírito Santo trabalhar, NÃO chega ao ponto de romper com a própria vida, negando assim o Senhor. 


Por maior que seja a dor, o sofrimento, há uma esperança maior de que o Senhor é um refúgio, um esconderijo. 


È esse o testemunho dos mártires, muitos deles viveram sofrimentos indizíveis, que qualquer ser humano na sua razão escolheria a morte, o suicídio até. 


Como aconteceu nos casos de Elias, Jonas, Jó, Paulo, e muitos outros que foram no limite da dor, mas pela fé mantiveram-se em pé diante de Deus, mesmo que dilacerados física, moral e psicologicamente. 


Desses casos bíblicos de sofrimento extremo o caso de Jó é o mais emblemático. 


Se você conhece a história desse patriarca, você sabe que embora o suicídio fosse uma possibilidade, isso nunca lhe ocorreu. 


Jó mesmo em profunda dor, manteve a fé, a esperança no seu Redentor! 


E essa é a diferença de quem morre no sofrimento, e de quem tira sua própria vida por falta de confiança no Criador. 


Aqui está o ponto central da discussão!


Infelizmente, estamos convivendo cada dia mais com esses casos, onde cristãos se desiludem da fé, o ceticismo do mundo pós-moderno tem afetado de morte alguns cristãos, especialmente os mais jovens. 


Vivemos um tempo em que o niilismo é cada vez mais presente, um tempo de abandono da vida.


Cada vez mais cristãos abandonam a verdade, deixam de crer em Deus, da Sua existência, frustrações com o ministério, com pastores e igrejas, os escândalos do meio evangélico, enfim, são muitas razões de abandono da fé em Deus! 


Conforme alerta o filósofo cristão William L. Craig “A dúvida envolve uma batalha pela alma, e se Satanás pode usar a dúvida para imobilizar você ou destruir você, então ele o fará”. 


Em outras palavras, vivemos uma constante batalha espiritual!


Alguém pode pensar: 


Mas não existe exceções? 


Não pode existir um cristão que chegue ao ponto de matar-se e mesmo assim mantendo sua fé viva em Deus? 


CREIO EU que não! 


Isso é uma contradição em si mesma. 


Nas palavras do apóstolo Paulo: “Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais ; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. 


Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.” (Rm 8:38,39)


A única exceção que imagino existir, mas que não estou muito certo disso, são os casos de “suicídio altruísta”. 


Aproveito AQUI de uma ideia de Émile Durkheim, um dos pais da sociologia, que explica-nos que este grupo difere-se dos dois outros grupos encontrados nas suas pesquisas, ou seja, dos “suicidas egoístas” (a grande maioria dos casos mundiais) e dos “suicidas anômicos”, surtos de suicídio frente uma crise global, etc. 


O suicídio altruísta, de modo geral é aquele cometido por uma causa, que por expectativas culturais, sociais entre outras pressões, tiram sua própria vida. 


Dentro dessa categoria, como uma subdivisão, está um soldado que lança-se sobre uma mina explosiva para proteger seus companheiros, ou uma mãe entra na linha de fogo para proteger um filho. 


Seria estes casos admissíveis de um suicídio? 


Talvez sim! 


Eu colocaria nessa categoria, um cristão que prefere morrer em lugar de outro irmão, que dá fim à sua vida por uma causa de fé e testemunho. 


Sansão e outros mártires podem estar dentro desse grupo que não denota perda de fé ou crise existencial. 


Seria esse o caso recentes? 


Nunca saberemos!


Resumindo, mesmo admitindo a complexidade do assunto, não querendo ser eu juiz de ninguém, e respeitando qualquer opinião contrária (sinceramente quero estar errado), em solidariedade pelos enlutados e profundo pesar e reverencia diante de Deus e dos irmãos; mas, é assim que penso, olhando para as Escrituras e refletindo sobre o problema. 


Que o Senhor que é o nosso justo juiz nos ajude! 


Deus é fiel!


Deixo-vos essas últimas palavras:
“Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair. 


As tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam; mas Deus cumpre a sua promessa e não deixará que vocês sofram tentações que vocês não têm forças para suportar. 


Quando uma tentação vier, Deus dará forças a vocês para suportá-la, e assim vocês poderão sair dela.” (1Co 10:12,13).

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