Investigações apontam que Rodrigo Neves recebeu R$ 10 milhões do reembolso da gratuidade de ônibus no município. Político passou mal ao receber voz de prisão.
Por Felipe Freire e Henrique Coelho, TV Globo e G1 Rio
Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, é preso em desdobramento da Lava Jato.
Uma força-tarefa do Ministério Público estadual e da Polícia Civil
prendeu, na manhã desta segunda-feira (10), o prefeito de Niterói,
Rodrigo Neves (PDT).
Ele é suspeito de ter desviado mais de R$ 10 milhões da verba de transporte do município entre 2014 e 2018.
A investida é desdobramento da Lava Jato no Rio e realizada pelo MP-RJ.
Segundo os policiais que efetuaram a prisão do prefeito, Neves se
descontrolou emocionalmente e pediu para ser atendido por um médico.
Ele deixou sua residência, em Santa Rosa, às 8h30, e chegou à Cidade da Polícia às 9h05.
Ele deixou sua residência, em Santa Rosa, às 8h30, e chegou à Cidade da Polícia às 9h05.
selo frase prefeito de niterói — Foto: Cristina Boeckel / G1.
A Operação Alameda, baseada em delação do ex-dirigente da Fetranspor
Marcelo Traça, ainda cumpriu outros três mandados de prisão e 19 de
busca e apreensão. Traça também foi denunciado pelo MP.
Os cinco vão responder por peculato e corrupção ativa e passiva.
Os cinco vão responder por peculato e corrupção ativa e passiva.
Ao chegar à Cidade da Polícia,
Rodrigo Neves falou com a imprensa e disse estranhar esse tipo de
ocorrência.
Ele também negou ter recebido propina e se disse perplexo com a sua prisão.
Ele também negou ter recebido propina e se disse perplexo com a sua prisão.
"Trabalho desde os 18 anos de idade, 20 anos de vida pública, não viajo
pro exterior, tenho três filhos lindos, fecho minhas contas como
qualquer cidadão de classe média, vivo em um imóvel simples.
Me estranha muito esse tipo de ocorrência", afirmou o prefeito de Niterói.
Me estranha muito esse tipo de ocorrência", afirmou o prefeito de Niterói.
De acordo com o advogado, Rodrigo Neves recebeu atendimento médico do
deputado federal Chico D'Angelo, colega de partido, dentro da Cidade da
Polícia.
À tarde, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap)
informou que Neves deu entrada no sistema prisional.
A cadeia em que ficará o prefeito não será divulgada por questões de segurança, comunicou a pasta.
A cadeia em que ficará o prefeito não será divulgada por questões de segurança, comunicou a pasta.
O G1 está tentando contato com a defesa dos presos.
Preso, prefeito de Niterói se diz perplexo e nega ter recebido propina.
Denunciados:
- Rodrigo Neves, prefeito de Niterói ( PDT), preso;
- Domício Mascarenhas de Andrade, ex-secretário municipal, preso;
- João Carlos Félix Teixeira, presidente do consórcio TransOceânico e sócio da Viação Pendotiba, preso;
- João dos Anjos Silva Soares, presidente do consórcio Transnit e sócio da Auto Lotação Ingá, preso;
- Marcelo Traça, ex-dirigente da Fetranspor, em liberdade por causa da delação.
Como era o esquema.
O prefeito de Niterói é apontado como líder de esquema que cobrava das
empresas de ônibus consorciadas do município 20% sobre cada reembolso da
gratuidade de passagens.
O benefício é concedido a alunos da rede pública de ensino, idosos e
pessoas portadoras de necessidades especiais.
Periodicamente, as viações informam à prefeitura quantos passageiros foram transportados de graça para que o município as pague de volta.
Os 20% eram cobrados em cima desse valor.
Periodicamente, as viações informam à prefeitura quantos passageiros foram transportados de graça para que o município as pague de volta.
Os 20% eram cobrados em cima desse valor.
Prefeito de Niterói chega a presídio no Rio — Foto: Reprodução/GloboNews
Domício Mascarenhas de Andrade, ex-secretário de Obras de Niterói, chega à Cidade da Polícia — Foto: Cristina Boeckel/G1.
Domício Mascarenhas de Andrade, ex-secretário de Obras de Niterói, é
apontado por arrecadar as quantias e negociar com os representantes dos
consórcios.
A denúncia afirma que Rodrigo Neves atrasava o pagamento do reembolso
das gratuidades como forma de pressionar as viações a garantir sua parte
no acordo.
O esquema também previa o combate ao transporte clandestino de passageiros para que os consórcios operassem sem concorrência.
O esquema também previa o combate ao transporte clandestino de passageiros para que os consórcios operassem sem concorrência.
João Carlos e João dos Santos, presos nesta segunda-feira, são sócios
de viações que integram o Sindicato das Empresas de Transportes
Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), onde equipe cumpriu
mandado de busca.
Também procuram-se documentos no gabinete do prefeito, nas sedes de
oito empresas de ônibus que prestam serviço no município e nos
escritórios dos consórcios Transoceânico e Transnit.
João Carlos, Domício e João dos Anjos, os outros três presos na Operação Alameda — Foto: Cristina Boeckel/G1.
Perfil
Rodrigo Neves já havia aparecido em delações da Lava Jato.
Ele é acusado de fraudar licitações para favorecer empresas e de receber dinheiro de caixa 2 para campanha.
Ele é acusado de fraudar licitações para favorecer empresas e de receber dinheiro de caixa 2 para campanha.
Rodrigo Neves começou a carreira política como vereador de Niterói pelo
PT em 1997, cumprindo três mandatos seguidos.
Depois, foi eleito deputado estadual duas vezes – em 2006 e 2010 e se elegeu prefeito duas vezes – em 2012 e 2016.
Depois, foi eleito deputado estadual duas vezes – em 2006 e 2010 e se elegeu prefeito duas vezes – em 2012 e 2016.
Prefeito Rodrigo Neves participou de consulta em posto no bairro Santa Rosa — Foto: Bruno Albernaz / G1.
Em novembro do ano passado, o delator Renato Pereira, marqueteiro dono
da agência Prole, disse que a campanha de Rodrigo Neves em 2012 teve
custo de marketing de R$ 8 milhões, dos quais quase a metade foi paga
por caixa dois.
Naquele ano, o então candidato declarou ao Tribunal Regional Eleitoral gastos de R$ 4,3 milhões.
Naquele ano, o então candidato declarou ao Tribunal Regional Eleitoral gastos de R$ 4,3 milhões.
Segundo o delator, depois da eleição de Neves para prefeito de Niterói,
a Prole foi escolhida para cuidar da publicidade oficial da
administração por meio de licitação que Pereira diz ter sido fraudada
para beneficiar empresas.
De acordo com dados oficiais da Prefeitura de Niterói, de 2014 a 2017, a
Prole faturou R$ 34,2 milhões com a administração municipal.
Em janeiro deste ano, Rodrigo Neves se tornou réu em ação popular na
esfera cível que questiona os contratos de publicidade de Niterói com a
Prole.
Na época, Rodrigo Neves negou as acusações ele afirmou que todas as
doações de suas campanhas eleitorais foram feitas de acordo com a
legislação em vigor e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
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