Banners


Create your own banner at mybannermaker.com!

segunda-feira, outubro 15, 2018

Por que Bolsonaro deverá vencer | Blog do Helio Gurovitz

 Seus estrategistas aprenderam tudo com o principal inimigo: o PT

 Bolsonaro durante ato de campanha no Rio de Janeiro, nesta quita-feira (11) — Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Bolsonaro durante ato de campanha no Rio de Janeiro, nesta quita-feira (11) — Foto: REUTERS/Ricardo Moraes.
 
A tensão, as agressões verbais, a violência que tomam conta do país na última semana despertaram todo tipo de temor a respeito de uma futura presidência Jair Bolsonaro.

Um misto de ansiedade e perplexidade cercam a vitória provável dele no próximo dia 28. 
 
É natural, quando a realidade não corresponde àquilo que se espera, a busca de algum refúgio para explicá-la. 

Também é natural que os novos fenômenos da política frustrem as análises baseadas em premissas ultrapassadas. 

As lentes do passado só contribuem para ofuscar tentativas de enxergá-los.


A escolha do brasileiro precisa ser analisada em toda a sua extensão se quisermos decifrar as perspectivas do futuro governo.

Num país onde 69% dizem preferir a democracia a qualquer outro regime, é essencial não apenas respeitar a vontade do eleitorado, mas entender seus motivos, compreender o que ele disse (e o que não disse) em seu voto. 
 
O primeiro enigma está na escolha de um nome que demonstra admiração pela ditadura militar, desprezo pelos direitos humanos, aprovação à tortura e certa devoção às armas de fogo. 

É verossímil que os 46% dos brasileiros que votaram em Bolsonaro aprovem essas ideias?
 
Dificilmente. 

Bolsonaro, como toda candidatura numa democracia representativa, representa uma aliança entre grupos ideológicos e de interesse. 

É provável que os nazistas que agrediram uma jovem lésbica em Porto Alegre, os homófobos que atacam gays pelo Brasil e simpatizantes do fascismo o apoiem. 

Mas nada disso faz de Bolsonaro um fascista ou nazista – ainda que ele erre ao não condenar as agressões com a devida ênfase ou até ao encorajá-las com suas frases de efeito.
 
Classificá-lo como alguém de “extrema-direita” que oferece riscos à democracia, acreditar que estamos na ante-sala de um golpe militar ou da ascensão de um regime autoritário só serve para acirrar ainda mais ânimos já exaltados e dar razão àqueles que veem comprometimento ideológico tanto na academia quanto na imprensa. 
 
Em que pese todo o seu palavreado abjeto, as evidências de que Bolsonaro represente uma ameaça de ruptura legal ou jurídica são frágeis, se é que existem. 

Claro que é preciso ficar alerta para o futuro. 

Mas, hoje, a generalização em torno de termos de significado histórico preciso, como “fascismo” ou “nazismo”, é um erro de categoria que só faz alimentar sua campanha e obscurecer os riscos reais de Bolsonaro. 
 
Não é preciso buscar nos anos 1930 os motivos para condená-lo. 

Eles são evidentes em 2018. 

Alguém que pretende ser presidente da República numa nação democrática não pode negar a história da ditadura militar, fazer vista grossa para a tortura ou para crimes, apenas porque são cometidos por policiais ou pelo aparelho de repressão. 

É do interesse das próprias Forças Armadas e da polícia respeitar e fazer cumprir a lei. 

Tortura e violações de direitos humanos são crimes. 
 
Outro erro de categoria é classificar Bolsonaro como “liberal”, graças à súbita conversão aos princípios de mercado promovida pelo economista Paulo Guedes, uma espécie de Pigmalião que tem se encarregado da agenda econômica do candidato desde o final do ano passado. 

Chamar Bolsonaro de “liberal” é um absurdo tão grande quanto classificar o PT como “comunista”. 
 
Liberais não defendem o ensino religioso em escolas públicas, não veem problemas na privatização da Eletrobras, não contestam a ciência climática nem manifestam opiniões como as de Bolsonaro sobre direitos das mulheres, homossexuais e outras minorias. 

Qualquer um que já tenha lido Stuart Mill saberá distinguir o pensamento liberal genuíno do conservador, professado por boa parte dos apoiadores de Bolsonaro. 
 
A aliança que permitiu a ascensão dele tem ingredientes do liberalismo econômico, do nacionalismo militar e do conservadorismo religioso. 

Eles estão presentes nos três ministros que Bolsonaro já confirmou, caso vença as eleições: Guedes, o deputado Onyx Lorenzoni e o general Augusto Heleno. 

Como – e se – tal aliança resistirá aos embates inevitáveis é a principal incógnita em torno de um governo Bolsonaro. 
 
Mas o principal fator responsável pela vitória provável de Bolsonaro no próximo dia 28 não está entre aqueles que o apoiam. 

Está naqueles que disputam a eleição contra ele, em especial o PT.


A história recente da democracia brasileira pode ser narrada como uma disputa entre petismo e antipetismo. 

Bolsonaro é, hoje, o nome que canaliza o sentimento antipetista. 

Se dificilmente seus apoiadores são todos “fascistas que apoiam a tortura”, ninguém tem dúvida de que sejam todos contra o PT, a maioria por princípio. 
 
Bolsonaro soube adaptar a estratégia petista do “nós contra eles” para seu público. 

A oposição anterior ao PT tinha caráter mais pragmático, de defesa de interesses, por isso nunca teve a mesma força dos petistas. 

Bolsonaro não. 

Sua turma faz oposição ideológica. 

Combate o PT com as mesmas armas do inimigo, adaptadas para a guerrilha no meio digital. 
 
Para propagar sua narrativa, o bolsonarismo aperfeiçoou táticas que o PT consagrou. 

Dispõe de sites e blogueiros “amigos”, trolls e robôs nas redes sociais, um grupo de esportistas e artistas simpáticos, até "intelectuais" a espalhar suas versões e atacar a imprensa profissional. 
 
Há certa ironia em ver reclamações sobre “fake news” vindas de Fernando Haddad, cujo partido sempre financiou blogs e publicações camaradas para disseminar notícias favoráveis e construir a narrativa de perseguição do PT pela imprensa, pelo Judiciário e pelas “elites”. 
 
Não menos irônica é a tentativa de atrair o apoio de políticos e eleitores “centristas”, em nome da reedição da frente democrática que combateu a ditadura. 

É como se o naufrágio econômico provocado por Dilma ou a corrupção desmascarada pela Operação Lava Jato fossem notas de rodapé na história petista. 

Não custa lembrar que o petrolão foi o maior esquema de desvio de dinheiro público já desvendado no mundo. 
Será que o PT espera que o eleitor simplesmente esqueça tudo isso, em nome de uma aliança democrática contra Bolsonaro? 

Que tipo de aceno o partido faz em troca? 

Continuará a insistir que o ex-presidente Lula é vítima de perseguição política e que o impeachment de Dilma foi “golpe”? 

Defenderá os erros da Nova Matriz Econômica? 

O aumento de gastos públicos e a política de campeões nacionais que aprofundam a crise fiscal? 

Continuará a negar o déficit da Previdência? 
O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujas credenciais democráticas estão acima de qualquer suspeita, alguém que jamais apoiaria Bolsonaro, constatou o óbvio numa entrevista publicada ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo

“Por que tem de apoiar automaticamente? 

Quando automaticamente o PT apoiou alguém? 

Com que autoridade moral o PT diz: ou me apoia ou é de direita?”. 
O PT e Bolsonaro se escolheram como adversários mútuos logo no início da campanha. 

Acreditavam que um rival mais radical seria mais fácil de derrotar no segundo turno. 

A realidade mostra que apenas um dos dois tinha razão. 

No governo, o PT descobriu que a vida não é fácil num país de imprensa livre e Judiciário independente. 

A turma de Bolsonaro pode estar feliz com a bancada que elegeu na Câmara e com a provável vitória. 

Mas podem se preparar. 

Não terão moleza. 

De ninguém.

Nenhum comentário:

Pastor Davi Passamani abriu novo local de culto em fevereiro após renunciar cargo em igreja depois de investigações de crimes sexuais Polícia Civil disse que prisão preventiva foi necessária porque pastor cometeu crimes usando cargo religioso.

Advogado alegou que prisão do pastor faz parte de ‘conspirações para destruir sua imagem’. Por Thauany Melo, g1 Goiás 07/04/2024 04h00.    P...