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segunda-feira, agosto 06, 2018

Polícia volta a prender Paty Bumbum; três mulheres estão foragidas

Massoterapeuta vinha sendo investigada por procedimentos estéticos irregulares. Valéria Reis, investigada pela morte da modelo Mayara dos Santos, não foi encontrada.


Por Bruno Albernaz, Cristina Boeckel, Flávia Jannuzzi e Leslie Leitão, G1 Rio e TV Globo
Polícia Civil faz operação para prender Paty Bumbum e Valéria Reis
Polícia Civil faz operação para prender Paty Bumbum e Valéria Reis.
 
Agentes da 42ª DP (Recreio) prenderam na manhã desta segunda-feira (6), em Curicica, Zona Oeste do Rio, a massoterapeuta Patrícia Silva dos Santos, a Paty Bumbum. 
 
Paty já tinha sido presa dia 25, por exercício ilegal da profissão, e respondia em liberdade. 
 
Na Operação Roleta Russa, já é considerada foragida Valéria dos Santos Reis, investigada pela morte da modelo Mayara dos Santos, dia 20. 
 
Valéria não foi encontrada em casa, em Vargem Pequena.
 
Segundo a polícia, Paty e Valéria são sócias e agiriam desde 2015. 
As duas sabiam do risco, contavam com a sorte e mesmo assim faziam os procedimentos. 
Paty Bumbum vai responder por organização criminosa e homicídio qualificado, suspeita de envolvimento na morte de Mayara. 
A prisão de 30 dias servirá para esclarecer se Paty de fato está ligada à morte de Mayara. 
 
Ohana Hindara de Lima Diniz, uma das mulheres que acompanharam Mayara no procedimento, também foi presa. 
Uma testemunha diz que ela levava comissão pelas indicações de pacientes pra Valéria. 
A polícia busca ainda Marcia Pimentel Esteves e Thaiza Pimentel Esteves, mãe e filha.
Paty Bumbum foi presa em casa, em Curicica, na Zona Oeste do Rio (Foto: Reprodução/TV Globo)
Paty Bumbum foi presa em casa, em Curicica, na Zona Oeste do Rio (Foto: Reprodução/TV Globo).
 
No inquérito da Delegacia do Consumidor, Paty Bumbum responde por exercício ilegal da medicina, lesão corporal e estelionato - o derivado de metacril que ela dizia aplicar nas pacientes pode ser silicone industrial.
 
A delegacia afirma, com base em depoimentos de duas testemunhas, que Paty e Valéria são sócias. 
Elas negaram à polícia que se conheciam. 
Essa discrepância motivou o pedido de prisão. 
Ao chegar à delegacia, Patrícia negou ser sócia de Valeria e afirmou que é inocente de todas as acusações. 
 
Segundo o delegado Eduardo Freitas, titular da 42ª DP, o nome "Roleta Russa" foi dado à operação porque "ora os procedimentos davam certo, ora as pacientes sofriam necrose".
Paty Bumbum é presa em casa, em Curicica (Foto: Reprodução/TV Globo)
Paty Bumbum é presa em casa, em Curicica (Foto: Reprodução/TV Globo).
 
A suspeita da polícia é Paty usava silicone industrial em seus enxertos. 
Ao deter Paty Bumbum na casa dela, mês passado, a polícia já tinha encontrado silicone industrial e seringas. 
Nesta segunda-feira, além de silicone industrial, agentes apreenderam ácido hialurônico.
Paty alegou que o ácido seria usado para preenchimento labial.
Na casa de Paty Bumbum, agentes apreenderam mais silicone industrial (E) e ácido hialurônico (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Na casa de Paty Bumbum, agentes apreenderam mais silicone industrial (E) e ácido hialurônico (Foto: Divulgação/Polícia Civil).
 
Aplicar silicone industrial em pessoas é crime contra a saúde pública. 
Além disso, massoterapeutas não têm permissão para realizar tais procedimentos.

Mãe e filha.

Segundo a polícia, Thaiza, filha de Marcia, fazia reservas pras pacientes em dois hotéis do Recreio pra procedimentos estéticos ilegais. 
Do meio do ano passado até o dia 20 de julho, segundo a polícia, Thaiza fez 37 reservas nos hotéis, todas no nome dela, mas pagas por Valéria. 
Outras seis reservas foram feitas por Thaiza em outro hotel. 
 
Valéria, em depoimento à polícia no dia 23 de julho, disse que Thaiza era a auxiliar dela, fazendo o controle da agenda e avaliação das pacientes. 
 
Na casa da Márcia, foi apreendido um carimbo no nome dela como cirurgiã dentista. 
Pra polícia, ou esse carimbo é falso ou ela fazia a anestesia durante os procedimentos.

Modelo sabia dos riscos.

Em áudio obtido pela TV Globo, a modelo Mayara, que faria aplicações nos glúteos, nas coxas e no abdômen com Valéria, contou que a aplicação seria com silicone industrial
 
"Ela falou pra mim que não ia mentir pra mim, que ela joga silicone industrial mesmo, entendeu? 
Que ela não tem por que mentir pra mim. 
Falou a verdade, e vai de mim se eu quiser colocar ou não", disse Mayara na mensagem. 
 
Imagens de câmeras de segurança mostram Mayara chegando bem e sorridente a um hotel no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, acompanhada de uma amiga, Thaísa Pimentel Esteves. 
Menos de duas horas depois, Mayara sai amparada por Ohana de Lima Diniz. 
"Ohana levou a Mayara para a casa dela em vez do hospital. 
Ela tentou ocultar que ela estava passando mal e disse que ela foi para a casa dela comprar produtos de beleza", afirmou o delegado Eduardo Freitas, da 42ª DP. 
Freitas acredita que esta pode ter sido uma tentativa de ocultar o crime. 
Ainda segundo o delegado, Ohana pediu Buscopan pra Mayara em casa e demorou uma hora e meia pra chamar uma ambulância.

Lesões e complicações.

Na última quarta-feira (1), Paty prestou depoimento na Delegacia do Consumidor
Titular da Decon, Daniela Terra lembrou na ocasião que pelo menos duas vítimas apresentaram problemas em procedimentos realizados por ela. 
 
Na segunda-feira (30), mais três clientes prestaram depoimento. 
Ainda de acordo com a delegada Daniela Terra, duas delas apresentavam lesões aparentes no corpo. 
 
Na semana anterior, outras três clientes compareceram à delegacia. 
Uma das vítimas teve trombose em 2016; outra começou a mancar devido a fortes dores na perna três meses após fazer intervenção estética com Paty Bumbum. 
 
Algumas testemunhas ainda serão ouvidas pela 42ª DP. 
Os policiais estão confrontando os depoimentos e pedem que qualquer nova vítima se apresente à policia para oferecer novos elementos à investigação. 
 
Informações podem ser repassadas de forma anônima pelo Whatsapp ou Telegram do Portal dos Procurados, no telefone (21) 98849-6099; pela Central de Atendimento, no (21) 2253-1177; através do Facebook; e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ.

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