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domingo, agosto 05, 2018

Bolsonaro anuncia general Hamilton Mourão como vice

General foi a 4ª opção do candidato do PSL e causou polêmica ao elogiar um coronel acusado de tortura e sugerir uma intervenção militar no Brasil.


Por G1 SP, São Paulo
Jair Bolsonaro, Levy Fidelix e Hamilton Mourão durante convenção do PRTB em SP (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Jair Bolsonaro, Levy Fidelix e Hamilton Mourão durante convenção do PRTB em SP (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo).
 
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) anunciou neste domingo (5) o nome do general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) como vice na chapa para concorrer à Presidência da República. 
 
No início da tarde, o PRTB formalizou a aliança.

Pela manhã, Bolsonaro participou da convenção estadual do PSL em São Paulo.

À tarde, também na capital paulista, ao lado de Mourão e de Levy Fidelix, presidente nacional do PRTB, ele comentou a chapa recém-formada.
 
"No momento, eu deixo de ser capitão, o general Mourão deixa de ser general, nós passamos a ser a partir de agora soldados do nosso Brasil", afirmou ele, que também é militar da reserva.

Hamilton Mourão, por sua vez, defendeu "um governo austero, honesto, sem corrupção, com eficiência gerencial, relacionamento republicano com os demais poderes, ou seja, sem balcão de negócios".

O general provocou polêmicas recentemente por algumas declarações.

Ele fez elogios públicos ao coronel Carlos Brilhante Ustra, acusado de tortura, sugeriu que o Judiciário não seria capaz de garantir o funcionamento das instituições e mencionou uma possível intervenção militar no Brasil (leia mais abaixo).
General Hamilton Mourão (PRTB) será vice de Jair Bolsonaro (PSL)
General Hamilton Mourão (PRTB) será vice de Jair Bolsonaro (PSL).

Quarta opção

Bolsonaro anunciou o vice após três tentativas que não deram certo. 
 
Antes, ele sondou o senador Magno Malta (PR), o general Augusto Heleno, do PRP, e a advogada Janaína Paschoal, do PSL. 
 
Todos recusaram o convite. 
 
O nome de Hamilton Mourão tampouco havia sido mencionado por Bolsonaro como opção durante a entrevista concedida à GloboNews na última sexta (3). 
 
“Ou vai ser a senhora Janaína Paschoal, ou o senhor príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança”, afirmou o candidato.

“A gente pensa em um 'plano B'. No momento, o 'plano B' é o príncipe."

Intervenção militar e elogios a Ustra.

Antonio Hamilton Martins Mourão é gaúcho de Porto Alegre, tem 64 anos. 
 
Entrou para o Exército em 1972 e ficou na ativa até fevereiro de 2018. 
 
Ele ganhou notoriedade em outubro de 2015, quando estava no Comando Militar do Sul e fez críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff
Em uma palestra no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) em Porto Alegre, o general afirmou que era preciso um "despertar para a luta patriótica".

No dia 20 de outubro daquele ano, a frase foi publicada em reportagem da Folha de S. Paulo – parte da palestra já havia sido relatada pelo jornalista Tulio Milman, no jornal Zero Hora.
 
Em entrevista ao G1, Mourão confirmou ter dito a frase durante a palestra, mas explicou que não se tratava de uma convocação. 
 
Segundo ele, a "luta patriótica" a que se referiu é o "esforço e empenho de todos os patriotas no sentido de sobrepujar a crise". 
 
Nove dias depois, o Exército Brasileiro anunciou sua exoneração do cargo de comandante das tropas na região Sul e o transferiu para assumir uma posição na Secretaria de Economia e Finanças do Exército. 
 
O Exército não informou o motivo da exoneração. 
 
Mourão permaneceu na Secretaria de Economia e Finanças até o dia 9 de dezembro de 2017, quando foi destituído e transferido para a secretaria geral do Exército, sem função específica
 
Na véspera, durante uma palestra no Clube do Exército, em Brasília, o militar havia comparado o governo Temer a um "balcão de negócios". 
 
Dois meses antes, em setembro de 2017, ele sugeriu uma intervenção militar diante da crise política no Brasil. 
 
Naquele momento, o presidente Michel Temer havia sido denunciado pela segunda vez pela Procuradoria-Geral da República. 
 
“Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”, disse o general Mourão, em declarações publicadas pelo jornal O Globo.

Mourão entrou para a reserva do Exército em fevereiro de 2018. 
 
Na cerimônia de despedida, disse que o Judiciário deveria "expurgar" Temer da vida pública. 
 
Na mesma ocasião, segundo o jornal O Globo, ele chamou de "herói" o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu em 2015, aos 83 anos, e foi chefe do DOI-Codi do II Exército, em São Paulo, órgão de repressão política durante a ditadura militar. 
 
Em 2012, Ustra foi declarado torturador pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). 
 
Hamilton Mourão assumiu o comando do Clube Militar em junho deste ano. 
 
Jair Bolsonaro esteve presente na cerimônia de posse, no Rio de Janeiro.

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