Ministério do Turismo havia repassado R$ 2,2 milhões para realização de anúncios publicitários durante etapa da prova em 2010. Defesa informou que vai recorrer da decisão.
Por G1 Ribeirão e Franca
A Justiça Federal condenou a ex-prefeita de Ribeirão Preto (SP), Dárcy
Vera (sem partido), a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelo
desvio de R$ 2,2 milhões, destinados pelo Ministério do Turismo para
realização de anúncios publicitários durante etapa da Stock Car na
cidade em 2010.
Ao G1,
a advogada de Dárcy, Maria Claudia Seixas, disse que a defesa ainda não
teve acesso à decisão, mas já foi informada, inclusive, pela imprensa.
"Respeitamos a decisão, todavia, dela vamos recorrer, pois não há, e isso é bem certo, comprovação da autoria delituosa no entendimento da defesa."
"Respeitamos a decisão, todavia, dela vamos recorrer, pois não há, e isso é bem certo, comprovação da autoria delituosa no entendimento da defesa."
O caso passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) depois que a União reprovou por duas vezes a prestação de contas do convênio e notificou a administração a devolver a verba.
Segundo o governo federal, Dárcy não comprovou a aplicação do valor.
O processo não tem relação com o caso de corrupção da Operação
Sevandija, em julgamento na 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, em que a
ex-prefeita é acusada de receber R$ 7 milhões em propina para liberar
pagamentos indevidos de honorários advocatícios.
Ela está presa na Penitenciária de Tremembé (SP) desde maio de 2017.
Desvios.
Em depoimento à Justiça Federal em janeiro deste ano, Dárcy Vera negou ter desviado o dinheiro,
alegando que não cabia a ela tratar da aplicação do recurso, bem como
prestar contas dele.
Ela afirmou que equipes técnicas da Prefeitura e os secretários da época – principalmente os que ocupavam a Fazenda e o Turismo – foram os responsáveis por gerir a verba da União, e destacou que ela apenas assinou a prestação de contas.
Ela afirmou que equipes técnicas da Prefeitura e os secretários da época – principalmente os que ocupavam a Fazenda e o Turismo – foram os responsáveis por gerir a verba da União, e destacou que ela apenas assinou a prestação de contas.
Testemunha do caso, o ex-secretário de Administração Marco Antônio dos Santos, também preso na Operação Sevandija, disse que assinava todos os convênios, mas cabia ao gestor de cada pasta a execução dos contratos.
Neste caso, a verba foi destinada à Secretaria de Turismo.
O ex-secretário também negou que Dárcy tenha agido deliberadamente na
aplicação dos recursos.
Por fim, o braço direito da ex-prefeita afirmou que ela não tomava nenhuma decisão sozinha, mas dependia da avaliação de equipes técnicas da Prefeitura.
Por fim, o braço direito da ex-prefeita afirmou que ela não tomava nenhuma decisão sozinha, mas dependia da avaliação de equipes técnicas da Prefeitura.
Em 2013, a Prefeitura assinou um acordo, parcelando a devolução -
corrigida em R$ 2,346 milhões - em 24 vezes para não correr o risco de
perder outros convênios federais, como recursos do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
Decisão.
Na decisão, o juiz Eduardo José da Fonseca Costa considerou que no
exercício do mandato de prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera "desviou,
de forma livre e consciente, rendas públicas oriundas do convênio com o
Ministério do Turismo em proveito da Confederação Brasileira de
Automobilismo (CBA) e da Vicar Promoções Desportivas S/A, de forma
ilegal (uma vez que não cabia às entidades a execução do objeto
conveniado, mas sim à própria municipalidade ) e sem regular comprovação
das despesas."
Sobre as declarações de Dárcy de que os ex-secretários eram
responsáveis pela administração dos recursos e que ela apenas assinava
as documentações, o magistrado afirmou que a ex-prefeita tinha total
ciência do desvio.
"De fato, quem tem o dever de prestar contas e comprovar a correta
aplicação dos recursos recebidos pelo município é o (a) prefeito (a) e
não as secretarias a ele (a) subordinadas", diz o juiz.
Já sobre a devolução dos recursos pela Prefeitura, Costa argumentou que o ressarcimento não minimiza a responsabilidade da ré.
"Com efeito, vê-se que a restituição se deu com o patrimônio público e
não com o patrimônio pessoal da ré, caracterizando-se o prejuízo ao
erário municipal", diz o magistrado.
Entenda o caso
Ribeirão Preto sediou quatro etapas da Stock Car entre 2010 e 2014.
No primeiro ano, o município e a União celebraram um convênio para ações de publicidade do município no evento: R$ 2 milhões foram repassados pelo governo federal e R$ 200 mil disponibilizados pela Prefeitura.
No primeiro ano, o município e a União celebraram um convênio para ações de publicidade do município no evento: R$ 2 milhões foram repassados pelo governo federal e R$ 200 mil disponibilizados pela Prefeitura.
Na prestação de contas, no entanto, a execução financeira da verba, ou
seja, os documentos fiscais que comprovariam os gastos do recurso, foram
reprovados por duas vezes e o Ministério do Turismo determinou que a
Prefeitura devolvesse o valor.
Em 2015, Dárcy foi denunciada pelo MPF,
sob a mesma acusação, mas na área cível.
O processo foi movido pelo procurador da República Carlos Roberto Diogo Garcia, mas acabou sendo arquivado sem julgamento do mérito.
O processo foi movido pelo procurador da República Carlos Roberto Diogo Garcia, mas acabou sendo arquivado sem julgamento do mérito.
Por fim, para não correr o risco de perder outros convênios federais,
como recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a
Prefeitura de Ribeirão assinou um acordo em 21 de outubro de 2013,
parcelando a dívida - corrigida em R$ 2,346 milhões - em 24 vezes.
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