Prejuízo estimado é de mais de R$ 2 milhões, de acordo com o MP. Foram cumpridos nove mandados de prisão e dez de busca e apreensão em Formosa, Posse e Planaltina.
Por Sílvio Túlio, G1 GO
O bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, quatro padres, um vigário-geral,
um monsenhor e dois funcionários da parte administrativa foram presos na
manhã desta segunda-feira (19) durante operação do Ministério Público
do Estado de Goiás (MP-GO) contra desvios de recursos na Igreja Católica
em Posse e em duas cidades do Entorno do Distrito Federal, Formosa e
Planaltina.
O prejuízo estimado é de mais de R$ 2 milhões.
Segundo a investigação, o grupo se apropriava de dinheiro oriundo de
dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de
eventos como batismos e casamentos.
O G1 tentou
contato por telefone e mensagem com a Diocese de Formosa, mas não
recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
Em dezembro de 2017, o bispo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.
A ação, batizada de "Caifás", tem ao todo são nove mandatos de prisão e
dez de busca e apreensão em Formosa, Posse e Planaltina.
Além de
residências e igrejas, um monsteiro também é alvo da investigação.
Segundo o promotor de Justiça Douglas Chegury, um dos responsáveis pela
operação, foram apreendidas caminhonetes da cúria em nomes de
terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, cujo valor
ainda não foi divulgado.
De acordo com o MP-GO, a suspeita é que a associação criminosa atuava
na cúria da Diocese da Igreja Católica de Formosa e outras paróquias
relacionadas a elas nas outras cidades. Participaram da ação cerca de
dez promotores de Justiça, além das polícias Civil e Militar.
Denúncia
Em dezembro de 2017, fiéis denunciaram que as despesas da casa
episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35
mil desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto, havia três anos.
“O que nós temos certeza é que as contas da cúria não fecham.
Então,
nós queremos a abertura pública das contas da cúria [ administração da
diocese] e dos gastos da casa episcopal”, disse uma fiel, que preferiu
não se identificar.
O grupo que contesta as contas informou que não recolheria o dízimo até
que as medidas sejam atendidas.
A diocese disse na época que o custo
das 33 paróquias é de cerca de R$ 12 milhões por ano.
Já a arrecadação,
no mesmo período, é de R$ 16 milhões.
O restante é destinado ao fundo de
cada unidade.
Dom José Ronaldo alegou na época que não tocava no dinheiro e que não
houve o pedido, por parte do grupo, para a apresentação de contas.
“Não
tem nada de impropriedade.
Não toco nos repasses financeiros das
paróquias que são destinados à manutenção das necessidades da Diocese,
casa do clero, seminário, estrutura da cúria, funcionários, etc.”,
declarou.
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