Desembargadores votaram por unanimidade pela manutenção da condenação do ex-presidente e pelo aumento da pena.
Defesa do petista ainda pode entrar com recursos.
Por G1
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado nesta
quarta-feira (24), em segunda instância, pela 8ª Turma do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.
Todos os três
desembargadores do TRF-4 votaram por manter a condenação de Lula por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A defesa do petista pode entrar com recursos no próprio tribunal ou em
instâncias superiores (STJ e STF).
O ex-presidente não será preso de
imediato.
Lula pode manter uma eventual candidatura à Presidência
enquanto houver recursos pendentes contra a condenação.
O relator do processo, desembargador João Pedro Gebran Neto, determinou
ainda o aumento da pena do petista para 12 anos e 1 mês.
Gebran Neto
fixou também 280 dias-multa para o ex-presidente.
Os desembargadores
Leandro Paulsen, revisor do processo, e Victor dos Santos Laus
acompanharam o voto de Gebran Neto na íntegra.
José Guimarães (PT-CE), deputado e líder da minoria na Câmara:
“Essa condenação, além de injusta, só fortalece a mobilização que será
iniciada no país para defender a candidatura do Lula às eleições
presidenciais.
Não aceitamos eleição sem Lula.
Nossa prioridade agora é
ter as ruas mobilizadas.
Esse resultado estava escrito.
É uma condenação
que tem o objetivo claro de interditar a participação do Lula na
eleição de 2018.
Nós vamos a todas as instâncias possíveis para defender
a inocência e o direito de Lula a ser candidato.”
Júlio Delgado (PSB-MG), deputado e líder do partido na Câmara:
“Agora, termina o capítulo da Justiça e entra no da política.
O fato
concreto é que há uma confirmação da condenação.
E a Lei da Ficha Limpa
determina que um julgado em colegiado, mesmo que pendente de recursos,
fica impossibilitado de participar de eleições.
Ela tem que valer para
todo mundo, a não ser que a gente queria mudar a lei.
Lutamos tanto para
aprimorar a lei, não é possível que se abra uma exceção para o
ex-presidente Lula.”
Mendonça Filho, ministro da Educação:
"Não existem trajetórias políticas ou biografias acima da Lei e da
Constituição.
Lula tem que acatar a decisão da Justiça.
A partir de
agora Lula é inelegível.
Num Estado de Direito todo cidadão tem que
respeitar as instituições e cumprir as decisões judiciais.
Por
unanimidade, o TRF-4 manteve a condenação dada por Moro e ampliou a pena
de prisão de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro."
Alice Portugal (PCdoB-BA), deputada e líder do partido na Câmara:
“Se os autos fossem avaliados conforme a letra fria da lei, o Lula
estaria sendo absolvido.
A politização de setores do Judiciário levou a
essa condenação com aumento de pena.
Os recursos serão realizados, mas o
saldo que se tira disso é uma grande mobilização pelo Brasil, com a
união da esquerda, dos movimentos sociais e de setores progressistas.
Acredito que esse resultado possa ser revertido.
Espero que o STF não
queria ter para si o mesmo carimbo que o TRF4 assume hoje, de tribunal
político.
Foi um julgamento político, sem provas.”
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados:
"Construí minha carreira combatendo, no campo da política, as teses
defendidas pelo ex-presidente Lula e pelo PT.
Ainda assim, quem tem
responsabilidade pública, em qualquer Nação, não pode estar celebrando o
dia de hoje.
Na política, o melhor foro de enfrentamento de teses
diferentes é a campanha eleitoral.
Nela, o veredito é dado pelas urnas.
Mas a campanha não começou, e quem se pronunciou hoje foi o Poder
Judiciário.
É necessário ouvi-lo e respeitá-lo.
O resultado do
julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região deixa claro que o
Brasil é uma democracia madura onde as instituições funcionam
plenamente.
Toda e qualquer manifestação em relação à sentença proferida
hoje, em Porto Alegre, deve respeitar a ordem institucional.
Tenho
certeza que o Brasil seguirá pacificamente rumo à superação."
André Figueiredo (PDT-CE), deputado e líder do partido na Câmara:
“Para nós, esse resultado não pode ser caracterizado como novidade, até
porque a antecipação do processo para dar rapidez ao julgamento já
prenunciava que o resultado seria esse.
Nós, que respeitamos a figura do
Lula, não podemos deixar de lamentar.
Ele cometeu erros na coordenação
de alguns processos que culminaram na atração de partidos e pessoas que
historicamente se envolveram em atos de corrupção."
"Agora é pensar no Brasil para frente, independente da condenação.
Apostar para que erros que ele cometeu não possam ser repetidos.
Não
tenho dúvida que a saída do Lula fortalece a candidatura do Ciro Gomes.
Transfere muitos votos para ele, mesmo na hipótese de o PT lançar outra
candidatura.
O Ciro se torna o candidato mais forte do campo político
democrata de esquerda.”
Arnaldo Jordy (PPS-PA), deputado e líder do partido na Câmara:
“A confirmação da condenação é um processo claro de afirmação da
democracia no Brasil.
O ex-presidente Lula foi denunciado por Marcelo
Odebrecht, Antonio Palocci, João Santana, que são pessoas do seu
ambiente, foi investigado, processado e condenado.
E, agora, teve a
condenação confirmada por um tribunal reconhecido por ser zeloso do
ponto de vista técnico."
"Não há um arranhão dentro da ordem democrática que pudesse justificar a
histeria de alguns dirigentes do PT.
O PT vai ter a oportunidade de
substituir o candidato nas eleições e a vida segue.
Não há nenhuma
chance de a Lei da Ficha Limpa não ser aplicada.
É até uma contradição
que o presidente que a sancionou esteja tentando se insubordinar contra
ela.”
Gleisi Hoffmann, senadora e presidente do PT:
“O corporativismo sobrepôs a Constituição, a legalidade, a democracia,
sustentando o golpe e os interesses da elite brasileira.”
Paulo Bauer (PSDB-SC), senador e líder do partido no Senado:
“A lei existe para todos, deve ser cumprida pelo presidente da
República e por todos os cidadãos brasileiros.
O Judiciário cumpre o seu
papel.
E, a partir de provas, de evidências, de depoimentos, de fatos,
toma decisões.
Julga quem praticou ilegalidades.
Começamos uma nova fase
no Brasil.
A fase na qual todos, políticos, governantes e cidadãos,
sabem que a ilegalidade será punida e deve ser punida.
Não há o que
reclamar, não há o que contestar.
É preciso, acima de tudo, cumprir a
lei.
Democracia é isso.
É respeito à lei e respeito às instituições.
Honestidade acima de qualquer coisa e responsabilidade na administração
das coisas públicas.”
Lindbergh Farias, senador e líder do PT no Senado:
"Mais de 70 testemunhas inocentam Lula = apenas 6 parágrafos da
sentença de Moro.
O próprio TRF-4 já disse: Dono é quem tem nome
inscrito na propriedade.
Ou seja, a dona do Triplex é a OAS.
Defender
Lula não é só defender a pessoa de Lula, é principalmente defender a
Democracia e o Estado Democrático de Direito.
Só a mobilização do povo
brasileiro tem força diante de uma justiça parcial.
No tribunal ouviu-se
sobre Monteiro Lobato, Dostoiévski, só não se ouviu de...provas contra
Lula."
Álvaro Dias (Podemos-PR), senador e líder do partido no Senado:
“É um julgamento emblemático que pode ter até impacto no processo
eleitoral.
Mas, muito mais importante, é um marco divisor.
Um marco do
novo rumo para a justiça brasileira.
Um avanço histórico para
consolidação de uma nova justiça, onde todos serão iguais perante a lei.
Ninguém acima da lei.
Mesmo que seja ex-presidente da República.
Em
relação às provas, diziam que não existem provas; e o relator apresentou
prova a prova com muita consistência, referendando a decisão do juiz
Moro ainda com maior rigor.
Afirmando que as provas são seguras e,
portanto, suficientes para a condenação.”
Ronaldo Caiado (DEM-GO), senador e líder do partido no Senado:
“O ex-presidente Lula fez por merecer.
Depois de todos os crimes que
ele praticou, a corrupção instalada na máquina pública...
Roubou e
assaltou todas as estatais do país, enganou 14 milhões de brasileiros
que estão hoje desempregados.
Levou a classe política a um total
descrédito, a um colapso da credibilidade da sociedade na política
nacional.
Lula está hoje pagando por isso.
Quando os petistas,
ironicamente, perguntam: ‘onde estão as provas?’, as provas são fartas e
em quantidade inimaginável nos autos do processo que hoje condena
definitivamente o ex-presidente Lula.
Ele está sendo julgado pelos
crimes praticados.
E a justiça brasileira resgata a decência no país.
E
também quebra o tabu de que lideranças importantes, sejam políticas ou
empresariais, não seriam presas e muito menos julgadas.
Está aí o
resultado da Justiça Federal de Porto Alegre mostrando que se resgatou a
decência ao país e impôs a pena ao ex-presidente Lula que, a partir de
hoje, se torna inelegível pela Lei da Ficha Limpa.”
Efraim Filho (DEM-PB), deputado e líder do partido na Câmara:
"Lula e seus seguidores tentaram politizar o julgamento, mas a
condenação de Lula deixa uma importante lição de cidadania: ao julgar e
condenar um ex-presidente, a Justiça mostra que já foi o tempo em que os
ricos e poderosos ficavam imunes à lei.
Isso nos dá esperança de um
Brasil muito melhor para o futuro."
Ricardo Tripoli (PSDB-SP), deputado e líder do partido na Câmara:
“Esse resultado era esperado.
Os recursos que eles pretendem impetrar
no STJ ou no STF serão meramente protelatórios.
(Os integrantes do PT)
reclamaram que o julgamento foi político e muito rápido.
O que foi feito
lá foi jurídico, não vi manifestação do Ministério Público ou dos
julgadores no sentido político.
Estão cumprindo o que diz a
Constituição.”
Chico Alencar (PSOL-RJ), deputado:
“Na verdade, o que está sendo desvendado – e é absolutamente condenável
– é um sistema político em que a fronteira entre os interesses de
grandes grupos privados e a ação pública fica vulnerabilizada.
O que é
injusto é que o primeiro grande condenado, porque o Lula é do primeiro
time das figuras políticas, seja ele e não outros, como Michel Temer ou
Aécio Neves, que estão lépidos em suas funções públicas.
E, com a
condenação, tem essa possibilidade de retirá-lo da disputa eleitoral e
do julgamento que é o mais importante: o da população.
Em tese, ele está
atingido pela Ficha Limpa, mas, na prática, não está ainda, porque quem
declara a inegibilidade é a Justiça Eleitoral.”
Fátima Bezerra (PT-RN), senadora:
“O que testemunhamos hoje foi a confirmação, pelo TRF-4, de uma
condenação política, ilegal e imoral, antecipada pela imprensa, que
passou a pautar setores do sistema de justiça brasileiro.
Para
consolidar o golpe é preciso impedir que a maior liderança popular do
nosso país seja candidato e seja eleito presidente do Brasil.
É preciso
transformar a próxima eleição presidencial em uma fraude.
A confirmação
da condenação em segunda instância nos maltrata por ser uma tremenda
injustiça, mas não pode nos imobilizar.
Ainda existem diversos recursos
que podem ser explorados no âmbito da justiça para anular esta
condenação política e para que Lula possa ser candidato a presidente do
Brasil.”
Nilson Leitão (PSDB-MT), deputado:
“Claro que o PT, junto com os seus seguidores, vai apelar em todos os
sentidos em uma campanha de vitimização do Lula.
Acho que a manutenção
da condenação acalma o mercado, que começou ontem a querer estremecer,
e, no Congresso, as coisas continuam iguais, apenas os debates ficarão
acalorados, mas sem mudanças na legislação que se está debatendo.
Para
as eleições, o que tenho falado no PSDB é que quem quer ganhar eleição
não escolhe adversário.
Falando sem hipocrisia, sem o Lula na eleição,
não haverá tanta polarização no debate, o que vai dar o espaço para
outros setores da esquerda.
Sobre a aplicação da Ficha Limpa, já vi
vários agentes políticos ficarem inelegíveis por muito menos.
Se isso
ocorrer com o Lula [de não ficar inelegível], aí rasgaram a Lei da Ficha
Limpa.
Será um absurdo grande se isso acontecer.”
Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato:
"Parabéns aos Procuradores Regionais da República da 4ª Região pelo
excelente trabalho nos recursos da Lava Jato, e em especial o colega
Gerun pelo brilhante parecer."
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