Jussara Souza trabalha como atendente em franquia do McDonald's. Ela chora ao lembrar dos momentos aterrorizantes que viveu na plataforma.
Por Glauco Araújo e Tahiane Stochero, G1 SP
A atendente Jussara Araújo de Souza, de 23 anos, que foi empurrada para os trilhos do Metrô
de São Paulo na tarde desta terça-feira (9), está recebendo "suporte e
conforto" da unidade do McDonald's em que trabalha, na região central de
São Paulo.
A empresa diz que ela vai continuar no emprego.
Em nota, o McDonald's disse que "assim que tomou conhecimento do caso,
prontamente passou a oferecer todo o suporte e conforto à funcionária e
seus familiares".
O G1 apurou que a funcionária
conversou com a gerência da unidade, que é uma franquia da rede, e que
recebeu a garantia de que não terá desconto no salário pelo período que
ficar afastada.
Ela ainda não passou no médico do trabalho para
oficializar este afastamento mas, como diz a nota, está recebendo o
amparo necessário.
A empresa disse que não vai divulgar a unidade onde Jussara trabalha para preservar a imagem e a segurança da funcionária.
Jussara estava preocupada com seu emprego, pois o médico que a atendeu
emergencialmente emitiu um atestado de apenas um dia para ela.
"Estou sentindo muitas dores no corpo e nos 30 pontos na minha perna.
O
médico me deu um dia de afastamento, mas não tenho condições de
trabalhar.
Preciso que o médico me dê mais dias para me recuperar",
afirmou.
Jussara precisa do emprego para sustentar os três filhos.
"Não sei como
vai ser a minha rotina daqui pra frente, não sei se vou conseguir andar
de Metrô de novo todos os dias", disse.
Jussara voltou a andar de Metrô, pouco mais de 24 horas depois do incidente,
para conseguir falar com seus chefes e explicar que está precisando de
amparo psicológico e de tempo para se recuperar das lesões sofridas na
queda.
Com dificuldade para andar, pois recebeu 30 pontos no joelho, ela
não resistiu e começou a chorar ao lembrar dos momentos aterrorizantes
que viveu na plataforma.
"Está passando tudo de novo na minha cabeça,
estou com muito medo", disse ela ao G1.
Prisão
O homem que empurrou Jussara passou por audiência de custódia nesta
quarta, e a Justiça decidiu mantê-lo preso.
Segundo o boletim de
ocorrência, ele teria dito que "ouviu vozes" que lhe induziram a cometer
o crime.
De acordo com a assessoria de imprensa do Metrô, o caso foi registrado
na Delpom (Delegacia Polícia Metropolitano), na estação Palmeiras-Barra
Funda, na Linha 3- Vermelha.
A assessoria informou que Sebastião sofre
de problemas mentais e teria empurrado a primeira pessoa que viu na
plataforma.
Na estação Conceição, a faixa amarela é a única sinalização de
segurança para os passageiros, a qual fica a menos de um metro do vão
onde passam os trilhos.
Empurrão.
Jussara disse ao G1
que sentiu os vagões do trem passarem por sobre seu corpo e que ainda
não acredita como saiu viva do incidente.
"Morri! No que eu vi eu já
estava lá embaixo.
Quando senti o baque fui olhar e senti os vagões
passando por cima de mim", afirmou.
Ela descreveu que sentiu um empurrão e caiu de frente, com o rosto no
chão.
"Caí com a cabeça na minha bolsa.
Minha bolsa me salvou", afirmou
Jussara.
"É muito barulho, muita poeira, muito quente.
Se não fosse Deus
eu não estava viva para contar a história."
Metrô vai instalar proteção
Após o crime, o presidente do Metrô, Paulo Menezes Figueiredo, disse que a estatal tem um plano de instalação de portas de proteção entre a plataforma e os trilhos das estações.
Segundo Figueiredo, o Metrô está em negociação com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a compra de portas de
plataformas, "para serem instaladas justamente nas estações da Linha 1
[Azul, onde ocorreu o incidente] e da Linha 3 [Vermelha]".
Ele disse também que a data de instalação das portas será divulgada ainda em janeiro.
O Metrô começou a instalar portas de proteção nas estações nas estações
da Linha 3-Vermelha em 2010, mas o projeto foi interrompido por
problemas com uma das empresas responsáveis pelo serviço.
Algumas
estações da Linha 2-Verde já contam com o dispositivo.
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