Advocacia-Geral da União recorreu da decisão judicial que está impedindo a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) no Ministério do Trabalho. A decisão sobre o recurso caberá ao TRF-2.
Por G1, Brasília
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A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) em sessão na Câmara (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil).
Em recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2),
a Advocacia-Geral da União (AGU) disse que impedimento da posse da
deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) como ministra do Trabalho gera
interferência do Judiciário em uma função que compete ao presidente da
República.
"A Constituição Federal é clara ao estabelecer a competência do
Presidente da República para nomear e exonerar Ministros de Estado (...)
Ou seja, cabe somente ao Presidente da República o juízo sobre quem
deve ou não ser nomeado Ministro de Estado, especialmente porque não há
qualquer impedimento legal no que tange à nomeação da Deputada Federal
Cristiane Brasil", afirma a AGU no recurso.
A posse de Cristiane Brasil estava prevista para esta terça (9), mas
uma decisão do juiz Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal
Criminal de Niterói, suspendeu, de forma liminar (provisória), a solenidade.
A decisão judicial veio após o G1 revelar que Cristiane Brasil foi condenada a pagar R$ 60 mil por dívidas trabalhistas com dois ex-motoristas.
Além de suspender a posse, o juiz também fixou multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento da liminar.
Na última segunda-feira (8), o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) determinou a inclusão do nome da deputada no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT).
Expectativa da posse
Enquanto a AGU tenta derrubar a liminar, o Palácio do Planalto deixou
preparado o salão reservado para a posse de Cristiane Brasil como
ministra do Trabalho.
Desde a manhã desta terça, o salão nobre do palácio está com cadeiras,
púlpitos e banner posicionados. No início da tarde, o salão passava por
limpeza.
Segundo apurou o G1,
o governo optou por ter estrutura da posse pronta, diante da esperança
de derrubar a liminar e liberar a solenidade, que aconteceria às 15h
desta terça.
Titulares de outras pastas da Esplanada estão com o horário
pré-reservado nas agendas.
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Palácio do Planalto mantém salão preparado para cerimônia de posse da
nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil (Foto: Guilherme Mazui/G1).
Separação de poderes
No recurso apresentado ao TRF-2, a AGU diz, ainda, que o impedimento da
posse gera "situação de grave lesão à ordem pública e à ordem
administrativa, interferindo de maneira absolutamente sensível na
separação de poderes, usurpando competência legitimamente concedida ao
Poder Executivo, além de ferir diversos dispositivos legais, colocando
em risco a normalidade institucional do país".
No recurso, a AGU diz também que é inadequado deixar o ministério sem
comando.
"Não se pode olvidar, desde já, da inadequação de se deixar um
Ministério de crucial relevância para o país sem o devido comando",
aponta o documento.
Para a AGU, a "simples condenação" sofrida por Cristiane é ato da vida privada e não impede a posse dela como ministra.
"Desponta de forma nítida a grave lesão à ordem pública administrativa
quando se pretende vedar a posse de alguém em cargo público em razão de
simples condenação decorrente de prática de ato inerente à vida privada
civil", pontua o recurso da AGU.

AGU entra com recurso contra decisão que suspende posse de Cristiane Brasil.
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