Delegado
Waner dos Santos Neves, da Polícia Civil de MT, é acusado de agressões:
Waner atuou no município de São Felix do Araguaia até agosto de 2014
quando foi transferido para Campo Novo do Parecis – MT.
Flávia* não se esquece do dia em que sofreu o último espancamento: 5 de maio de 2017.
Apesar da vergonha e do medo, a advogada de 40 anos conseguiu deixar a casa onde morava com o marido e resolveu denunciá-lo, depois de, segundo ela, dois anos de violência doméstica.
Para isso, ela teve de viajar até Cuiabá, onde a influência do delegado Waner dos Santos Neves não a alcançaria.
Os contatos e a importância de Waner onde morava fez com que a vítima jamais tivesse coragem para denunciar.
Em uma das surras mais violentas, Flávia ligou para a Polícia Militar pela primeira vez, pedindo socorro.
Um comandante da PM teria respondido que não iria, já que o agressor estava bêbado e, se a ocorrência fosse atendida, “geraria um conflito muito grande”.
“Eu não ligava porque ia cair para eles a ligação.
São os investigadores dele.
Como é que eu ia chamar os investigadores dele para ir prendê-lo? Se eu fizesse boletim de ocorrência lá, seria um tiro no pé.
E como eu faria exame de corpo de delito se o comandante da PM era amigo dele e ele era delegado?”, questiona a vítima.
Flávia diz que apanhou do marido durante pelo menos dois anos. No começo, as agressões seriam “somente” tapas na cara.
Mais tarde, segundo ela, Waner a agrediria com socos e pontapés.
O alcoolismo do marido nunca foi o fator determinante para os espancamentos: ele também a agredia sóbrio, conta ela.
“A agressividade do delegado era frequente no dia a dia”.
Em 2015, quando Waner foi exonerado da polícia (e mais tarde recuperou o cargo com uma liminar), Flávia sofreu os primeiros golpes.
“Ele ficou depressivo.
E de vez em quando ele bebia e metia a mão na minha cara.
E eu achava que era por conta da depressão.
A gente sempre acha que tem um motivo, nunca encarei o problema como eu encaro agora”, contou a advogada.
Sob as cortinas do ciúme, ela diz que as surras foram se tornando mais frequentes e violentas.
“Começou com maior frequência.
Se eu discordasse de qualquer coisa, era um tapa na cara.
Eu estava evitando contato com ele”, conta.
Com o passar do tempo, os tapas foram se transformando em espancamento.
Flávia diz ter sido chutada, pisoteada e humilhada pelo marido.
A agressão psicológica também era frequente, ela era chamada de “puta”, “vagabunda” e “safada” enquanto apanhava.
Em um só dia relata ter apanhado três vezes.
Na ocasião, a advogada quebrou a costela e ficou com hematomas por todo corpo.
Nas duas últimas surras, que teriam sido as mais violentas, Flávia desistiu de tudo e resolveu denunciar.
Ela fez um boletim de ocorrência em Cuiabá, fez exame de corpo de delito e entrou em contato com o Núcleo de Combate à Violência Doméstica da Defensoria Pública. Pesa contra Waner uma medida protetiva em uma ação criminal.
Até aqui, o delegado não foi preso.
Apesar de não ter sido afastado do cargo, só agora é que Waner responde a um processo administrativo na Corregedoria da Polícia Judiciária Civil.
Se ficarem comprovadas as agressões, ele poderá ser expulso da corporação.
Outro lado:
O acusado pelos crimes, o delegado Waner dos Santos Neves, respondeu às solicitações de resposta da reportagem, afirmando que não pode falar sobre o caso, uma vez que o processo corre em segredo de justiça.
“Somente posso afirmar que nunca a agredi e que tudo será cabalmente demonstrado no processo.
Quem está sendo vítima dessa armação sou eu e todas as medidas legais serão tomadas”, resumiu o delegado.
* O LIVRE preservou o nome verdadeiro da advogada.
Flávia* não se esquece do dia em que sofreu o último espancamento: 5 de maio de 2017.
Apesar da vergonha e do medo, a advogada de 40 anos conseguiu deixar a casa onde morava com o marido e resolveu denunciá-lo, depois de, segundo ela, dois anos de violência doméstica.
Para isso, ela teve de viajar até Cuiabá, onde a influência do delegado Waner dos Santos Neves não a alcançaria.
Os contatos e a importância de Waner onde morava fez com que a vítima jamais tivesse coragem para denunciar.
Em uma das surras mais violentas, Flávia ligou para a Polícia Militar pela primeira vez, pedindo socorro.
Um comandante da PM teria respondido que não iria, já que o agressor estava bêbado e, se a ocorrência fosse atendida, “geraria um conflito muito grande”.
“Eu não ligava porque ia cair para eles a ligação.
São os investigadores dele.
Como é que eu ia chamar os investigadores dele para ir prendê-lo? Se eu fizesse boletim de ocorrência lá, seria um tiro no pé.
E como eu faria exame de corpo de delito se o comandante da PM era amigo dele e ele era delegado?”, questiona a vítima.
Flávia diz que apanhou do marido durante pelo menos dois anos. No começo, as agressões seriam “somente” tapas na cara.
Mais tarde, segundo ela, Waner a agrediria com socos e pontapés.
O alcoolismo do marido nunca foi o fator determinante para os espancamentos: ele também a agredia sóbrio, conta ela.
“A agressividade do delegado era frequente no dia a dia”.
Em 2015, quando Waner foi exonerado da polícia (e mais tarde recuperou o cargo com uma liminar), Flávia sofreu os primeiros golpes.
“Ele ficou depressivo.
E de vez em quando ele bebia e metia a mão na minha cara.
E eu achava que era por conta da depressão.
A gente sempre acha que tem um motivo, nunca encarei o problema como eu encaro agora”, contou a advogada.
Sob as cortinas do ciúme, ela diz que as surras foram se tornando mais frequentes e violentas.
“Começou com maior frequência.
Se eu discordasse de qualquer coisa, era um tapa na cara.
Eu estava evitando contato com ele”, conta.
Com o passar do tempo, os tapas foram se transformando em espancamento.
Flávia diz ter sido chutada, pisoteada e humilhada pelo marido.
A agressão psicológica também era frequente, ela era chamada de “puta”, “vagabunda” e “safada” enquanto apanhava.
Em um só dia relata ter apanhado três vezes.
Na ocasião, a advogada quebrou a costela e ficou com hematomas por todo corpo.
Nas duas últimas surras, que teriam sido as mais violentas, Flávia desistiu de tudo e resolveu denunciar.
Ela fez um boletim de ocorrência em Cuiabá, fez exame de corpo de delito e entrou em contato com o Núcleo de Combate à Violência Doméstica da Defensoria Pública. Pesa contra Waner uma medida protetiva em uma ação criminal.
Até aqui, o delegado não foi preso.
Apesar de não ter sido afastado do cargo, só agora é que Waner responde a um processo administrativo na Corregedoria da Polícia Judiciária Civil.
Se ficarem comprovadas as agressões, ele poderá ser expulso da corporação.
Outro lado:
O acusado pelos crimes, o delegado Waner dos Santos Neves, respondeu às solicitações de resposta da reportagem, afirmando que não pode falar sobre o caso, uma vez que o processo corre em segredo de justiça.
“Somente posso afirmar que nunca a agredi e que tudo será cabalmente demonstrado no processo.
Quem está sendo vítima dessa armação sou eu e todas as medidas legais serão tomadas”, resumiu o delegado.
* O LIVRE preservou o nome verdadeiro da advogada.
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