Desmobilização da guerrilha foi assinada em 24 de novembro de 2016, após 53 anos de conflito.
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Por France Presse
![Visão de dentro do Congresso da Colômbia, onde grupo pede a aprovação da Juridição Especial para a Paz (JEP) e outros projetos sobre o acordo com as Farc, em Bogotá (Foto: Raul Arboleda/AFP) Visão de dentro do Congresso da Colômbia, onde grupo pede a aprovação da Juridição Especial para a Paz (JEP) e outros projetos sobre o acordo com as Farc, em Bogotá (Foto: Raul Arboleda/AFP)](https://s2.glbimg.com/YixXLcTzpxClRhmx1zWpLu9nJfE=/0x0:2857x1902/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/S/A/AXHsecTEOA2n89NdPAbg/000-uh74o.jpg)
Visão de dentro do Congresso da Colômbia, onde grupo pede a aprovação
da Juridição Especial para a Paz (JEP) e outros projetos sobre o acordo
com as Farc, em Bogotá (Foto: Raul Arboleda/AFP).
Milhares de pessoas deixaram de morrer, ou não precisaram fugir, e centenas foram poupadas de ferimentos e mutilações.
A Colômbia sofre menos desde a vigência do pacto firmado há um ano, em 24 de novembro, para que a guerrilha das Farc se desarmasse e se tornasse uma força política.
Apesar dos críticos, o acordo de paz aliviou um conflito de 53 anos que
deixou 220 mil mortos e 60 mil desaparecidos em choques entre
guerrilhas, paramilitares, agentes estatais e traficantes de drogas.
Confira abaixo alguns dados do primeiro ano do acordo de paz que começou a ser negociado em 2012, em Cuba,
e que levou à transformação das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia no partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc):
O que alivia:
- Menos armas - As Farc contavam com 11.816 integrantes - entre combatentes, militantes presos e milicianos (colaboradores nem sempre armados). Quase 7 mil homens entregaram 8.994 fuzis à ONU. "Entregou-se 1,3 arma por desmobilizado", relatou Ariel Ávila, da Fundação Paz e Reconciliação, comparando o sucesso desse processo às 18 mil armas entregues pelos 30 mil paramilitares desmobilizados em 2006 (0,6 per capita).
![Presidente colombiano Juan Manuel Santos cumprimenta delegação da ONU que retirou últimas armas das Farc em agosto de 2017 (Foto: Nelson Carenas/Colombian Presidency/AFP) Presidente colombiano Juan Manuel Santos cumprimenta delegação da ONU que retirou últimas armas das Farc em agosto de 2017 (Foto: Nelson Carenas/Colombian Presidency/AFP)](https://s2.glbimg.com/OvEISLMsV2NIWT18fjC5MfTh9ag=/0x0:4500x3000/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/D/4/5UCySNSF6FW02QNvoZug/armas-colombia.jpg)
Presidente colombiano Juan Manuel Santos cumprimenta delegação da ONU
que retirou últimas armas das Farc em agosto de 2017 (Foto: Nelson
Carenas/Colombian Presidency/AFP)
- Menos mortes - Quando começaram os diálogos, o confronto interno deixava, em média, 3 mil mortos ao ano entre civis e combatentes, segundo a Unidade para as Vítimas (UV). Em 2017, esse número caiu para 78, segundo essa instituição oficial. Em 2002, por exemplo, foram 19.640 vítimas diretas do conflito.
- Menos deslocamentos - De todas as consequências do conflito, a mais impactante em números é a do deslocamento: 7,4 milhões de vítimas em cinco décadas, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur). Em 2012, havia 233.874 deslocados ao ano e, hoje, são 48.335, uma redução de 79%, segundo a UV.
![Mulher protesta em frente ao Congresso da Colômbia pela aprovação da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) (Foto: Raul Arboleda/AFP) Mulher protesta em frente ao Congresso da Colômbia pela aprovação da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) (Foto: Raul Arboleda/AFP)](https://s2.glbimg.com/DvBsAAgsI1XgHHe56568GXFd2vI=/0x0:2813x1872/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/7/0/L4B5PBR5qsJo97gHwwGQ/000-uh74l.jpg)
Mulher protesta em frente ao Congresso da Colômbia pela aprovação da
Jurisdição Especial para a Paz (JEP) (Foto: Raul Arboleda/AFP)
- Retirada militar e desarmamento – As Farc operavam em 242 dos 1.122 municípios, o correspondente a 21% do território colombiano. Este ano, concentraram-se em 26 zonas para se desarmar, ou seja, desocuparam militarmente 90% do espaço que ocupavam, segundo o especialista da Paz e Reconciliação.
- Menos minas – A Colômbia é o segundo país, atrás do Afeganistão, com mais afetados por minas antipessoais. Em 2012, houve 770 vítimas. Este ano, o número de mutilados ou feridos chega a 58 - uma queda de 92%, segundo a UV. Esse tipo de explosivo estaria disseminado em pelo menos 47% do território.
![Homem passeia com a filha em meio a instalação de calçados feita em Bogotá, na Colômbia, em obra que marca o Dia Internacional de Alerta sobre Minas Terrestres (Foto: Fernando Vergara/AP) Homem passeia com a filha em meio a instalação de calçados feita em Bogotá, na Colômbia, em obra que marca o Dia Internacional de Alerta sobre Minas Terrestres (Foto: Fernando Vergara/AP)](https://s2.glbimg.com/a8FdM7kbZFjwz0bfuNQFIa74wKQ=/0x0:950x600/1008x0/smart/filters:strip_icc()/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2011/04/04/sapatos.jpg)
Homem passeia com a filha em meio a instalação de calçados feita em
Bogotá, na Colômbia, em obra que marca o Dia Internacional de Alerta
sobre Minas Terrestres (Foto: Fernando Vergara/AP)
O que preocupa:
- Assassinatos – Ao menos 23 ex-guerrilheiros e 11 familiares de integrantes das Farc foram mortos desde que se firmou o acordo de paz, segundo a Paz e Reconciliação. As pistas apontam para atos de vingança e para grupos armados que tentam recrutar os desmobilizados. Desde 2016, também registraram-se 200 homicídios de líderes sociais e de direitos humanos, segundo a Defensoria do Povo.
- Dissidências – Embora grande parte dessa organização tenha dito adeus às armas, a ONG International Crisis Group, especialista em conflito e com sede em Bruxelas, calcula que cerca de mil homens e mulheres continuem em combate, o que equivale a 9% da ex-guerrilha. Segundo o governo, 520 combatentes (4,4%) abandonaram o pacto. Dissidentes para uns, desertores para outros, esses grupos operam em 41 municípios. As autoridades os vinculam diretamente com o tráfico de drogas e com a mineração ilegal.
- Desencanto – Ainda que não sejam obrigados a ficar, cerca de 3,6 mil ex-guerrilheiros abandonaram as 26 zonas de reincorporação socioeconômica, na maioria dos casos por "perda de confiança" no processo, ou porque decidiram voltar para suas famílias, segundo a Missão de Verificação da ONU. O número representa 45% dos 8 mil ex-guerrilheiros e milicianos que se reuniram para o desarmamento.
![Policiais colombianos exibem droga apreendida na base aérea de combate às drogas em Tulua na Colômbia. Quatro toneladas de maconha supostamente das FARC na cidade de Buga. (Foto: Guillermo Legaria/AFP) Policiais colombianos exibem droga apreendida na base aérea de combate às drogas em Tulua na Colômbia. Quatro toneladas de maconha supostamente das FARC na cidade de Buga. (Foto: Guillermo Legaria/AFP)](https://s2.glbimg.com/aOLeoZnOW8fXcn3oJVNg3GpZitM=/0x0:950x656/1008x0/smart/filters:strip_icc()/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2012/08/24/000_mvd6429944.jpg)
Policiais colombianos exibem droga apreendida na base aérea de combate
às drogas em Tulua na Colômbia. Quatro toneladas de maconha supostamente
das FARC na cidade de Buga. (Foto: Guillermo Legaria/AFP)
- Descumprimento – Pelo menos 55% dos compromissos assumidos pelo governo como parte do acordo não saíram do papel, segundo o Instituto Kroc da Universidade de Notre-Dame, que acompanha a implementação dos pactos. Além do desarmamento, entre esses pontos estão reformas rurais e políticas, indenização e justiça para as vítimas. O especialista da Fundação Paz e Reconciliação acrescenta que apenas oito das 27 leis necessárias para "tornar a paz uma realidade" foram aprovadas.
- Anistias – Como parte do acordo, aprovou-se em dezembro uma anistia que, em tese, deveria favorecer todos os guerrilheiros que não estiveram envolvidos em crimes atrozes. Segundo as Farc, ainda assim, mil de seus membros continuam presos.
- Plantações de coca – No início do processo de paz, a Colômbia tinha 47 mil hectares plantados com folha de coca, matéria-prima da cocaína, mas, com o fim das negociações, os cultivos de coca triplicaram até alcançar 146 mil hectares. As novas rotas do narcotráfico e a valorização do dólar contribuíram para o aumento, segundo especialistas. O governo espera ter acabado com 100 mil hectares de forma consensual, ou à força, até o fim do ano. No acordo, as Farc se comprometeram a combater o tráfico de drogas.
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