Suzana Hearling – Chapecó (SC)
Sr. Reinaldo Ribeiro na condição de representante do movimento feminista e da luta pela igualdade entre as identidades raciais e em defesa dos cidadãos homoafetivos, tenho a necessidade de protestar aqui contra a sua postura de negar às mulheres o direito de serem pastoras, tal como os homens.
É inegável que mulheres ocupam espaços sociais de
todos os níveis e não vejo razão para que sejam rejeitadas como pastoras.
Não
basta o machismo histórico do cristianismo contra as mulheres, o senhor acha
que em pleno século XXI ainda exista cabimento para tal postura de sua parte?
Resposta
Prezada Suzana, antes de
tudo quero abençoá-la com a graça e a paz de nosso Salvador Jesus. Obrigado por
sua presença e tenha certeza que de forma humilde e sincera tentarei esclarecer
os equívocos que pude identificar em suas palavras.
Muito se fala sobre a
situação da mulher na sociedade moderna.
Acreditam não poucos que há um grande desnível – ou abismo mesmo – entre os direitos e deveres do homem e os da mulher, sendo que essa última tem sido historicamente prejudicada.
Acreditam não poucos que há um grande desnível – ou abismo mesmo – entre os direitos e deveres do homem e os da mulher, sendo que essa última tem sido historicamente prejudicada.
E não faltam
candidatos a carrasco do sexo feminino.
A última moda agora é acusar as
religiões de forma geral, e o Cristianismo, em especial.
Não há a menor dúvida de
que existem religiões no mundo que cerceiam os direitos da mulher.
O Islamismo
é um bom exemplo deste tipo. Tanto o seu livro sagrado como a sua literatura
teológica discrimina e rebaixa gravemente a mulher a ponto de torná-la
um objeto de propriedade, primeiramente do pai, e depois do marido.
Contudo, quero provar aqui que não há razão por que colocar o Cristianismo no
mesmo cesto das religiões que pejoram a mulher.
Mais do que isso, vou mostrar
como o Cristianismo colocou a mulher em uma situação muito melhor do
que qualquer outro sistema religioso ou filosófico que já existiu.
Um pouco de
história
A vida da mulher não era
fácil nas culturas antigas.
Em geral, eram propriedade dos maridos.
Não eram consideradas capazes ou competentes para agirem independentemente.
Em geral, eram propriedade dos maridos.
Não eram consideradas capazes ou competentes para agirem independentemente.
Vejamos
a Grécia antiga.
Aristóteles disse que a mulher estava em algum lugar
entre o homem livre e o escravo (considerando que a situação do escravo não era
nenhum pouco auspiciosa, perceba a pobre situação feminina), e disse também que
a mulher era um “homem incompleto” (Política).
Platão, por sua
vez, entendia que se o homem vivesse covardemente, ele reencarnaria como
mulher.
E se essa se portasse de modo covarde, reencarnaria como pássaro (A
República, Livro V).
A sorte das mulheres não
era muito melhor na Roma antiga.
Poucas famílias tinham mais de uma filha.
O casamento romano era uma forma de trazer mais material humano para formação
do exército, e assim permitir a Roma a continuidade de sua expansão; por isso,
o interesse estava em ter filhos homens.
Daquelas, porém, que sobreviveram ao
infanticídio, lhes eram reservadas as tarefas do lar, mas não o exercício da
cidadania e a participação política, coisa reservada apenas aos patrícios
homens.
Na China, até bem
recentemente, o infanticídio era uma prática comum.
Os bebês do sexo feminino
eram entregues como alimento aos animais selvagens ou deixados para morrer nas
torres dos bebês.
Adam Smith escreveu sobre essa prática no seu famoso livro,
A Riqueza das Nações, de 1776.
Ele fala inclusive que o descarte de
bebês indesejados era mesmo uma profissão reconhecida e que gerava renda para
muitas pessoas.
Na Índia, viúvas eram
mortas juntamente com seus maridos – a prática chamada de sati (que
significa, a boa mulher). Também havia tanto o infanticídio quanto o aborto
feminino. Além disso, meninas eram criadas para serem prostitutas cultuais –
as devadasis.
Nessa prática religiosa, a menina era “casada com” e
“dedicada a” um dos deuses hindus.
Nos rituais de adoração a esses deuses havia
dança, música e outros rituais artísticos.
Conforme iam crescendo, as devadasis se
tornavam servas sexuais, de homens e dos “deuses”.
Ainda hoje, famílias pobres
entregam suas filhas para estas deidades com o objetivo de alcançar delas algum
favor, ou ainda obter algum meio de renda com os frutos da prostituição.
Na África, o problema
era semelhante à prática do sati da Índia.
Quando um líder
tribal morria, as esposas e concubinas do chefe eram mortas juntamente com ele.
Mesmo hoje, no Oriente Médio, o valor da mulher é mínimo.
A mudança
trazida pelo Cristianismo
Que diferença trouxe a
vinda de Jesus Cristo entre nós?
Muita, em vários pontos.
Na verdade,
foi uma revolução.
Muito do que Jesus Cristo ensinou já era praticado pela
sociedade judaica (que era muito diferente das nações à sua volta), e outros
pontos tiveram seus termos desenvolvidos por Ele.
Mas mesmo os judeus tinham um
tratamento discriminatório em relação às mulheres; Jesus, entretanto, se
relacionava de forma saudável com elas.
De forma geral, o Cristianismo
colocou a mulher em pé de igualdade com os homens. Como fez isso?
- Dizendo que ambos foram
criados por Deus, à sua imagem e semelhança (E criou Deus o homem à sua imagem:
à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou – Gên 1:27).
Para Deus,
homens e mulheres têm o mesmo valor (Gl 3.28);
- Que ambos deveriam
dominar e sujeitar a natureza (E Deus os abençoou, e Deus lhes disse:
Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre
os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move
sobre a terra – Gn 1.28).
Não há nada que impeça a mulher, tanto quanto o
homem, de explorar a criação em cumprimento ao mandato cultural;
- A decisão de Deus criar a
mulher a partir de Adão declara que ambos provêm da mesma essência (Gn 2.22),
mostrando que a mulher em nada é inferior ao homem, nem tampouco lhe é
superior.
E a declaração de Adão mostra que sua mulher Eva é parte de si mesmo, tendo o mesmo valor que ele próprio (Gn 2.23 );
E a declaração de Adão mostra que sua mulher Eva é parte de si mesmo, tendo o mesmo valor que ele próprio (Gn 2.23 );
- Que o casamento, como
instituição divina, implica que o homem foi feito para a mulher, assim como a
mulher foi feita para o homem, e dessa forma ambos andam como uma unidade em
dois corpos (Gn 2.24), o que destrói a ideia de que a mulher é escrava do
marido.
Ambos são complementares;
Ambos são complementares;
- O Cristianismo também
evitou que a mulher fosse injustiçada, não permitindo a poligamia, que é
inerentemente prejudicial a elas (I Co 7.2);
- O Cristianismo ensinou o
cuidado com as viúvas.
Elas, se não tivessem recursos, deveriam ser cuidadas e
sustentadas pela igreja (I Tm 5).
Se o marido morre, ela é livre para continuar
viúva ou casar novamente, se quiser;
- O Cristianismo condenou a
prostituição ao declarar que o corpo não pertence a nós mesmos, mas a Deus, e
que ele é templo do Espírito Santo (I Co 6.13,19).
O corpo do homem pertence à
sua mulher, e o da mulher ao seu marido (I Co 7.4);
- O Cristianismo aprova a
instituição do casamento, que não só protege a mulher da exposição aos males
sociais, como provê um ambiente seguro material, espiritual e sentimentalmente
para o seu desenvolvimento integral.
A Bíblia chega mesmo a determinar que o
homem ame sua esposa da mesma forma que Cristo ama a Sua Igreja (Ef 5.28-29);
- O Cristianismo protege a
vida, que entende começar no momento da concepção.
Dessa maneira, nenhuma
criança deixa de nascer devido a características indesejáveis (pelos pais) que
ela tenha.
A vida é direito inviolável, outorgada por Deus, sendo que somente
Ele tem direito de reavê-la (I Sm2.6; Jó 1.21);
- O Cristianismo também
proíbe a pornografia, pois entende que ela é equivalente ao adultério.
Com
isto, a mulher deixa de ser vista como um objeto aos olhos do homem, e reserva
o sexo e a nudez para aquele que tem direito a estas coisas, a saber, o marido
(Mt 5.28).
Uma palavra
sobre o movimento feminista
Se há algum direito, de
qualquer pessoa que seja, que deva ser assegurado, eu sou completamente a favor
da luta por ele.
A sociedade falha em tratar as mulheres adequadamente porque
ela não é uma sociedade moldada exclusivamente pela moral cristã.
Muitos dos direitos pelos quais o movimento feminista luta são justos: direitos trabalhistas iguais aos do homem, proteção contra violência física e emocional, igualdade de direitos civis, entre outros.
Porém, alguns pontos pelos quais luta não são pertinentes, como, por exemplo, o aborto.
Muitos dos direitos pelos quais o movimento feminista luta são justos: direitos trabalhistas iguais aos do homem, proteção contra violência física e emocional, igualdade de direitos civis, entre outros.
Porém, alguns pontos pelos quais luta não são pertinentes, como, por exemplo, o aborto.
Ora, o aborto sempre foi uma
ferramenta usada pelo homem – e geralmente usado para evitar nascimento de
mulheres!
O aborto se refere a algo além do corpo da mulher; é outro ser vivo.
Ocorre que ao lutar por este suposto “direito”, a mulher trata um bebê ainda
não nascido como algo menos que humano, tal como um objeto: ou seja, do mesmo
modo que ela própria já foi tratada na história.
Outro problema que eu vejo
é que algumas feministas mais exaltadas não querem simplesmente uma equiparação
de direitos; desejam ocupar o lugar do homem que as explorava, transformando-se
em exploradoras. Almejam uma inversão de papéis.
Ao invés de uma sociedade
patriarcal, sonham com uma matriarcal.
E algumas feministas ainda descambam para a misandria – o ódio pelo sexo masculino, o que acaba explicando a razão de haver tanto lesbianismo no meio feminista.
E algumas feministas ainda descambam para a misandria – o ódio pelo sexo masculino, o que acaba explicando a razão de haver tanto lesbianismo no meio feminista.
Concluindo
O que
o paganismo faz ou fez para proteger a mulher?
Nunca fez nada, e
nunca fará.
E estas outras religiões não-cristãs?
Normalmente colocam o
sexo feminino em uma posição inferior à do homem.
E o humanismo?
Nada
trouxe de bom para as mulheres.
Na prática, uma vertente humanista
(evolucionista) ensina que nada há de especial na humanidade; tudo que há é
resultante de acaso.
Somente o mais forte sobrevive (ou domina).
Se for o sexo
masculino, assim deve continuar a ser.
É natural que seja assim.
Não há
justificativa moral (do ponto de vista evolucionista) para proibir a violência
física, sexual e emocional contra a mulher, e nem mesmo porque condenar
posicionamentos machistas.
Mas não é assim com o
Cristianismo.
Em todos os lugares aonde o evangelho chegou, as condições das
mulheres melhoraram.
Onde ele não alcançou se veem realidades terríveis, como a
eugenia sexual, o infanticídio e a prostituição.
Contudo, podemos ver que
algumas sociedades, que já foram declaradamente cristãs, hoje estão decaindo
moralmente com o avanço do antigo paganismo – legalizando o aborto, o
homossexualismo e a prostituição.
Posso até compreender e
perdoar a ignorância que leva tantas pessoas a interpretarem o preceito bíblico
que impede as mulheres de exercerem autoridade ministerial sobre os homens na
igreja, como sendo uma forma de machismo.
Todavia, seria interessante se
algumas feministas, que falam desrespeitosamente contra o Cristianismo,
aprendessem um pouco mais sobre a história da humanidade e assim se apercebam
de que, se não fosse pela fé cristã, que elas tanto condenam, talvez elas
sequer estivessem vivas hoje e se discutem a legalidade bíblica de serem
pastoras ou não é porque a própria Bíblia lhes deu esse direito.
EU ASSINO EMBAIXO TUDO O QUE O PR. REINALDO RIBEIRO ESCREVEU NO TEXTO ACIMA.
Valter Desiderio Barreto - Igreja viva do Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Barretos, SP, 04 de fevereiro de 2017, às 19: 08.
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