Ary Ferreira da Costa era assessor do ex-governador do Rio e teve a prisão decretada na operação Mascate, desdobramento da Lava Jato. Advogado nega os crimes.
As polícia Federal e Rodoviária Federal prenderam, por volta das 13h20
desta quinta-feira (2), Ary Ferreira da Costa, um dos principais
suspeitos de operar um esquema criminoso de lavagem de dinheiro, como
mostrou o Jornal Hoje.
Ary era assessor do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, do PMDB, e teve
a prisão decretada a pedido do Ministério Público Federal (MPF) na operação Mascate, desdobramento da Lava Jato.
Ary estava sozinho num carro e foi parado na Via Dutra, na altura de
Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Ele vai ser levado para a sede da
Polícia Federal, depois de uma longa manhã de buscas em endereços onde
ele poderia estar.
O advogado de Ary da Costa Silva negou envolvimento no esquema e disse
que ele iria se entregar à tarde.
Segundo Júlio Leitão, seu cliente
ficou surpreso com as acusações e estava de férias com a família.
O novo alvo da Lava Jato foi procurado em condomínios de luxo na orla
da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
Os policiais federais chegaram
a chamar um chaveiro para abrir a porta em um dos endereços. Ary não
estava e, pelo telefone, prometeu se entregar.
Entre o material apreendido na operação desta quinta está um Camaro amarelo avaliado em R$ 220 mil, segundo o MPF.
Segundo os procuradores , Ary é considerado um dos principais
operadores financeiros da quadrilha ligada ao ex-governador Sérgio
Cabral e começou a trabalhar com o político em 1980, quando Cabral era
deputado estadual.
De acordo com as investigações, em 1996 ele começou a trabalhar em
cargo comissionado no gabinete do Cabral e, posteriormente, teve
passagens por várias secretarias quando Cabral estava à frente do
governo do estado.
Ary era assessor especial do ex-governador e pediu exoneração do cargo
em dezembro, logo após o início da operação Calicute, que em novembro do
ano passado prendeu Cabral e a ex-primeira-dama, Adriana Ancelmo.
No pedido de prisão, os procuradores falam sobre esse esquema e
ressaltam que Cabral pedia 5% de propina de todos os contratos assinados
com o governo do estado.
O pedido era intermediado pelo secretário Wilson Carlos e a função de
Ary era entregar o dinheiro lavado por falsas consultorias.
Os
procuradores acompanharam a movimentação financeira dessas consultorias e
identificaram que entre 2007 e 2015 arrecadaram milhões de reais.
Em 2007, o faturamento dessa empresa de consultoria era R$ 770 mil.
Três anos depois o faturamento passou para R$ 2,5 milhões e, em 2015,
época em que o ex-governador renunciou ao cargo, o faturamento da
empresa foi de R$ 7 mil.
Ainda segundo os procuradores, em 2010, no auge
do faturamento, a empresa possuía apenas um funcionário.
De 2011 a
2014, a empresa não tinha funcionários, sendo que em 2013 o faturamento
da mesma foi de R$ 2,3 milhões.
Segundo as investigações, o que Ary fazia com essa empresa se repetia
com vários empresários do estado.
Por isso, não é possível dimensionar
todo o dinheiro que foi lavado pelo grupo.
Apenas através dessas
concessionárias foi lavado mais de R$ 10,8 milhões.
Ary é suspeito de pegar o dinheiro vivo desse esquema e intermediar a
lavagem de dinheiro e a ocultação de patrimônio.
Ele entregava dinheiro
para dono de concessionárias de veículos, que contratavam serviços de
consultoria da empresa de Carlos Miranda, que também é operador de
Sérgio Cabral nesse esquema.
Quem delatou o esquema foi Adriano Reis,
dono de uma dessas concessionárias.
Uma imobiliária também era usada para ocultar o patrimônio de Ari.
O
ex-assessor de Sérgio Cabral entregava dinheiro vivo para Adriano Reis,
que comprava em nome da própria imobiliária casas e carros de luxo, que
na verdade pertenciam a Ary, mas ficavam registrados como patrimônio da
imobiliária.
Foi identificada a compra de sete imóveis nesse esquema,
que dava aparência de licitude para a compra dos bens.
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