Segundo a polícia, abusos ocorriam dentro de igreja em Montes Claros (MG).
Pastor foi preso; ele dava aulas de inglês para a menina de 5 anos.
Michelly OdaDo G1 Grande Minas
Um dos desenhos que os pais encontraram nos pertences da menina (Foto: Michelly Oda/G1)
Vários desenhos feitos por uma menina de cinco anos ajudaram os pais a
identificar que a filha havia sofrido violência sexual.
As figuras
foram encontradas nos pertences da criança, que mora em Montes Claros
(MG).
Segundo a Polícia Civil, os abusos foram cometidos dentro de uma
igreja pelo pastor secundário, que dava aulas de inglês para a garota.
João da Silva, de 54 anos, foi preso e apresentado em uma coletiva de
imprensa nesta sexta-feira (14).
“Assim que os pais tomaram conhecimento dos fatos através da criança,
eles procuraram por uma psicóloga particular.
Ela orientou que eles
procurassem nas coisas dela se havia algum indício ou vestígio.
A menina
gostava muito de desenhar e os pais encontraram vários desenhos que
ilustravam o abuso sexual”, explica a delegada Karine Maia.
A delegada
também diz que na maioria das imagens há duas pessoas, uma rindo e a
outra chorando.
Em outro há uma pessoa com o pênis ereto, imagem
comumente feita por crianças que sofrem abusos.
João da Silva era pastor na igreja onde os
abusos ocorreram (Foto: Michelly Oda/G1)
De acordo com as investigações, a criança começou a fazer as aulas em
julho de 2015 e parou.
Os pais insistiam para que ela voltasse, mas a
menina afirmou que não queria retornar porque “o tio João fazia bobagens
com ela”.
O casal procurou por uma psicóloga e pelo pastor responsável
pela igreja, que conversou com João da Silva e obteve a confissão dele.
O
homem, que tem formação em Letras, foi expulso e perdeu a função de
pastor secundário.
“Ela contou detalhes, dizendo que ele tirava a roupa dela e a colocava
dentro de um berço, já que a sala era um berçário, e tirava a roupa
dela, tocava nas partes íntimas dela e fazia sexo oral”, fala a
delegada.
A criança contou ainda que João da Silva trancava a porta da
sala.
Antes da prisão ser expedida, o advogado de João da Silva chegou a ir na
delegacia.
A PC foi informada de que ele morava com uma irmã, mas os
policiais estiveram no local por várias vezes e não o encontraram.
A
mulher fez uma declaração de próprio punho de que o homem nunca havia
residido no local.
Esse também foi um dos motivos que levaram a PC a
pedir a prisão temporária dele.
O investigado foi encontrado no imóvel
onde outra irmã dele mora.
“Para o pai da criança e pastor principal, ele confessou o crime e mostrou arrependimento, mas na delegacia, provavelmente orientado pelo advogado, mudou a versão e disse que não fez nada e que confessou porque estava pressionado.
Para a Polícia Civil, ele não confessou e não
demonstrou arrependimento”, conta Karine Maia.
Sinais de algo errado
Ainda segundo as investigações, para tentar intimidar a menina, o investigado afirmava que sabia onde ela morava e estudava.
Após
acompanhamento psicológico, os pais perceberam que ela apresentava
alguns sinais de que algo errado estava acontecendo.
“Depois que o caso veio à tona a criança passou a ficar muito doente.
Após os pais tomarem conhecimento, observaram que ela estava arredia,
principalmente com a figura masculina, estava tendo dificuldades,
inclusive, de ficar sozinha com o próprio pai em casa.
É importante que
os pais monitorem, prestem atenção nos sinais que as crianças dão”,
destaca a delegada.
Karine Maia afirma que a Delegacia de Mulheres conta com uma estrutura especializada para atender casos de abuso sexual.
No caso de crianças,
elas são primeiramente atendidas por uma psicóloga em um espaço lúdico.
“O pai da criança procurou a delegacia denunciando e isso realmente é
louvável, porque apenas 10% das vítimas de violência sexual denunciam.
A
denúncia é uma forma de evitar que o abusador continue cometendo
crimes”, destaca.
Delegada Karine Maia e o delegado Regional Jurandir Rodrigues (Foto: Michelly Oda/G1)
Como a menina ainda está muito fragilizada, não foi possível que ela
fosse entrevistada pela psicóloga da Polícia Civil.
Por isso também, a
delegada também diz que não sabe se irá pedir o exame de corpo de delito
neste caso.
“O abuso sexual nem sempre deixa vestígios físicos, por isso existe a psicóloga na delegacia, para fazer a análise psicológica dessa criança.
Muitas vezes o abusador, sabendo que se houver penetração vai deixar um
vestígio evidente, ele pratica outros atos libidinosos.
É importante
denunciar, porque temos outras formas de provar”, ressalta.
O advogado do suspeito, Pedro Barnabé Carlos, diz que não concorda com a prisão do cliente, pois não existem elementos que comprovem o crime.
“Não concordo porque ele esteve sempre na cidade, conforme foi
reivindicado pela própria delegada.
Ela solicitou que se ele fosse sair
da cidade, avisasse, mas não foi impedido de transitar”, explica.
Desdobramentos da investigação
A partir da decretação da prisão temporária de João da Silva, a
Polícia Civil irá ouvir outras pessoas e investigar se mais crianças
foram vítimas.
A PC quer ainda levantar outras informações sobre o
homem, que morava em Aracaju (SE), é separado e tem dois filhos.
Ele já
atuava como pastor e está em Montes Claros há seis anos.
Quem quiser denunciar pode procurar pela Delegacia de Mulheres na Rua
Pires e Albuquerque, 356, no Centro, ou ligar no 181 ou 190.
Fonte: G1
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