Escritório fica em São José dos Campos (SP) e atende todo tipo de caso.
Segundo ele, 70% dos casos que atende são de problemas conjugais.
Detetive Mário Delpratto trabalha como detetive há 35 anos (Foto: Camilla Motta/G1)
Entre disfarces e câmeras escondidas, o detetive Mário Delpratto diz que solucionou mais de 4,5 mil casos durante os 35 anos de carreira no Vale do Paraíba, onde mantém um escritório, e até no exterior.
Segundo ele, 70% dos casos que atende são de problemas conjugais, mas também há casos empresariais, roubos, sequestros e estupro.
O detetive é uruguaio e veio para o Brasil em 1978 para trabalhar no controle de qualidade da fabricante de aviões Embraer, em São José dos Campos (SP).
Apesar da atividade na indústria, ele sempre teve o sonho de ser detetive, mas era estimulado pela família a procurar outra profissão.
“Com 15 anos fiz um curso na área na Argentina, mas a minha família não deu atenção.
Eles queriam que eu fosse médico ou advogado”, contou o detetive, que tem 60 anos.
Ele relembra uma das primeiras ações, antes de virar detetive. “Em 1977 minha prima fugiu e consegui encontrá-la em Punta del Leste, no Uruguai.
Para mim, foi uma aventura e eu queria muito aquilo”, completou.
Detetive trabalha com ajuda de gravadores, detectores, filmadoras e disfarces
(Foto: Camilla Motta/G1)
(Foto: Camilla Motta/G1)
Início
Com o dinheiro do trabalho da Embraer, ele fez um curso para virar detetive e após três anos de trabalho abriu o próprio escritório de investigação em São José.
“Não foi fácil, eu era estrangeiro, pobre e havia um preconceito muito grande com a profissão.
Acreditavam que detetive era informante da polícia e, ao mesmo tempo, tínhamos problemas com a polícia.
A gente não tinha todo esse prestígio que tem hoje”, afirmou.
Já no final dos anos 80, ele foi para Miami se especializar e fez estágios em agências americanas.
De volta ao Brasil, nos anos 90, tendo na bagagem uma outra visão da profissão, começou a trabalhar em um novo estilo.
Ampliando o campo de trabalho e o número de clientes.
Casos
O detetive disse que já viu de tudo nesses 35 anos de carreira e que é difícil um novo caso que o surpreenda hoje em dia. “Mudam as circunstâncias, mas já vi coisas que até Deus duvida.
Os casos são diversos, mas o que mais tem são os de casos extraconjugais”, afirmou.
Segundo ele, no Vale do Paraíba, cinco indústrias, sendo duas multinacionais, têm um contrato mensal de consultoria com o detetive - os nomes são mantidos sob sigilo.
As empresas recorrem ao serviço para investigações sobre o uso do patrimônio, desvio e furto de produto ou carga e desvio de conduta, como por exemplo checar se alguém está passando informações confidenciais para outra empresa.
“Atualmente, 70% do meu trabalho é conjugal.
Antes, as mulheres eram as que mais me procuravam, hoje são os homens.
Com a tecnologia aumentou muito a suspeita de traição”, afirmou.
saiba mais
Um dos casos que mais marcou o detetive foi o sequestro de uma criança autista.
“É um caso antigo, mas me marcou porque a mãe veio com o tio da criança e ele era o principal suspeito.
No fim, descobrimos que ele matou o menino e jogou o corpo no rio”, relembrou.
O caso é do início dos anos 90.
Outro caso que marcou o profissional foi em uma fábrica de cerveja.
Por dois meses ele seguiu caminhões que seguiam para outro Estado.
“Terminou com cerca de 10 pessoas presas, inclusive funcionários da própria fábrica.
Foi uma ação grande”, relembrou.
Ele também contou sobre um caso em Jacareí, onde a mulher e dois filhos de um empresário foram sequestrados.
“Naquela época eu consegui a primeira ‘bina’ da região e descobri que a ligação vinha de um orelhão que ficava do lado de fora de uma delegacia.
Liguei para o delegado, que prendeu o suspeito.
Ele era o ex-segurança da empresa. Quem bolou o sequestro foi a filha do empresário que queria tirar dinheiro do pai”, disse.
Trabalho
Por mês, são atendidos cerca de 15 casos. “Agora atendemos casos principalmente no Vale do Paraíba, mas se chamarem, atendemos casos em todo país e até exterior.
Já aconteceu de eu estar seguindo um suspeito, ele ir para o aeroporto e eu comprar a passagem para o mesmo voo e embarcar também”, disse Ele já trabalhou em cidades dos Estados Unidos e do Peru.
Nem sempre os casos têm um final feliz e nem sempre é fácil dar o retorno, principalmente quando a família perde alguém.
No entanto, Mário diz que nesta profissão não pode se envolver emocionalmente.
“Tem que trabalhar com a razão e ser totalmente profissional”, afirmou.
Em seu escritório em São José dos Campos, Mário guarda todos equipamentos que já usou
durante a profissão (Foto: Camilla Motta/G1)
durante a profissão (Foto: Camilla Motta/G1)
Cada caso demora, geralmente, de 5 a 30 dias para ser resolvido.
O valor cobrado varia muito também dependendo do caso.
Riscos
Além de gravadores, câmeras escondidas, binóculos e detectores, Mário também utiliza disfarces para não ser reconhecido. Os mais comuns são barba, bigode, boné e óculos.
“É um trabalho como qualquer outro, a diferença é que a gente cria muitas amizades e inimizades. Gente que ama, gente que odeia. Não dá para agradar todo mundo.
Já recebi muitas ameaças, mas quem ameaça, nunca faz”, concluiu.
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