Jovem é suspeita de organizar crime por grupo do WhatsApp.
Roubo na casa dos pais ocorreu em março na cidade de Guararapes (SP).
E o que estou vivendo hoje?
Pra gente é difícil...só Deus para dar conforto".
Foi assim que a mãe das irmãs suspeitas de terem planejado o assalto contra os próprios pais, no dia 27 de março, em Guararapes (SP), descreve o sentimento da família desde que ação foi descoberta.
Ela, de 44 anos, e o marido, de 57, donos de um restaurante na cidade, foram vítimas de um plano arquitetado por Letícia Aiumi Rodrigues Kudo, de 21 anos, e sua irmã, de 17 anos.
Os pais conversaram com o Fantástico.
"Nenhum pai, nenhuma mãe espera receber uma notícia dessa.
Ainda mais uma filha que você educa com amor e carinho", disse a mãe, que preferiu não se identificar.
Para o pai, o comportamento delas é reflexo das más companhias. "De maneira alguma desconfiei que elas tivessem envolvidas", afirma o pai.
Um dos ladrões afirmou à polícia que a jovem liberou o uso da violência - ela teria dito que podia "quebrar os braços da mãe e o nariz do pai".
Os assaltantes deram um aviso que a própria Letícia lembrou ao prestar depoimento.
"Falaram pra mim assim: é de verdade, tá?
Se alguém reagir, a gente vai dar tiro".
A filha mais velha confessou o crime e disse que a irmã mais nova também sabia de tudo.
De acordo com a promotora de Justiça, Maria Cristina Meira, a adolescente teria concordado com a ação.
"Ela poderia ter recuado e contado aos pais, mas nenhuma das duas se arrependeu", diz a promotora.
Os estudantes de direito, Rafael da Costa, 23 anos, e Anderson Stringuetta, de 24, também aceitaram participar do crime, segundo a polícia.
Em um dos áudios, Stringuetta faz planos com o dinheiro que ganhariam com a ação.
"Tem que comprar um carrão do ano.
A gente é inteligente e tem que por as coisas em prática".
Ainda de acordo com a polícia, os jovens que planejaram os crimes não queriam ser vistos juntos em Guararapes e só se comunicavam por um aplicativo de celular.
Letícia mandava mensagens em um grupo fechado e detalhava toda a rotina da família, afirma o delegado Alessander Lopes Dias.
"Ela enviou mensagens e informações aos assaltantes, como as fotos da residência e do próprio pai, do cofre e do sistema de monitoramento.
Letícia fez um mapa da casa da família, indicando cada cômodo.
E em uma das mensagens, orientou: a gente tem que considerar entrar na casa com eles (os pais) aqui, pois aí é certeza de grana viva", conta o delegado.
Antes de ser transferida para o presídio em Lavínia (SP), ainda na delegacia, a jovem se encontrou com o pai e a mãe por alguns minutos.
Ele recebeu uma bíblia do pai, que disse que a perdoava por tudo.
Ele ainda fez um pedido: que Letícia pedisse perdão para a mãe, mas ela se recusou.
"Ela está perdoada.
Todo mundo tem direito ao perdão", disse o pai.
A mãe concorda.
"Ela sempre será minha filha, independentemente do que fez".
O advogado da jovem disse que agora ela está "arrependida e envergonhada", e que sua vontade maior é "voltar no tempo e impedir que tudo tivesse acontecido".
Se condenada, Letícia pode cumprir 15 anos de prisão. Já a punição da irmã de 17 anos, que está em liberdade, será decidida pelo Juizado da Infância e Juventude.
Filha foi presa na semana passada em Guararapes (Foto: Reprodução / TV TEM)
Revogação de prisão negadaO juiz da 2ª Vara do Fórum de Guararapes, Mateus Moreira Siketo, negou na úlitma quarta-feira (4) o pedido de revogação da prisão preventiva da jovem Letícia Aiumi Rodrigues Kudo, que foi detida na terça-feira (2) na casa da avó.
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O pedido de revogação da prisão foi feito na terça-feira, 3 de maio.
Uma das alegações da defesa, segundo o juiz, foi que a jovem não tem antecedentes criminais, tem ocupação lícita e não teria como fugir.
Segundo a polícia, foi necessário pedir a prisão preventiva da jovem, pois ela tinha planos de sair do país, com uma viagem para o Japão nos próximos meses.
Além dela, foi preso nesta terça-feira, 3 de maio, Luís Gustavo Yoshimoto, de 19 anos.
O jovem é ex-funcionário do comerciante de 57 anos, pai de Letícia.
Ele é quem teria apresentado os assaltantes para a filha, segundo a polícia.
Luís Yoshimoto está na cadeia de Penápolis (SP).
O caso
O roubo aconteceu no dia 27 de março, mas em 29 de abril a polícia esclareceu que o crime foi arquitetado pelas duas filhas do comerciante.
Primeiro, criminosos armados invadiram a casa do comerciante, fizeram ele e as filhas reféns, inclusive uma outra filha dele, de 14 anos.
Eles agrediram a vítima com coronhadas e roubaram o dinheiro que estava no cofre da casa.
Segundo a polícia, a quadrilha foi organizada pelas jovens.
As principais provas foram encontradas nos celulares delas.
De acordo com a polícia, tudo foi combinado entre as duas e os assaltantes por mensagens pelo WhatsApp.
Suspeitas fizeram até um mapa da casa (Foto: Reprodução / TV TEM)
Em uma dessas conversas, um dos criminosos diz que se o pai dela
atirasse, ele iria atirar também.A polícia acredita que o roubo foi planejado durante 40 dias e colocado em prática no fim do mês passado.
Segundo as investigações, as jovens mandaram fotos do cofre onde o comerciante guardava o dinheiro.
Elas também enviaram um mapa da casa, para facilitar a entrada dos assaltantes.
Ainda de acordo com a polícia, na noite do crime a filha mais velha chegou a dopar os cães da família para que não fizessem barulho e ainda incentivou violência contra o pai.
Parte dos produtos foram recuperados pela polícia.
Os assaltantes e a filha mais velha foram indiciados por roubo qualificado e corrupção de menor. Segundo a polícia, o pai negou que tenha pego dinheiro das filhas.
O inquérito também vai ser encaminhado à Justiça da Infância e da Juventude por causa do envolvimento da adolescente.
Ela aguarda a decisão na casa de parentes.
Conversa fala sobre a possibilidade do assalto com as vítimas na casa (Foto: Reprodução / TV TEM)
Uma das conversas entre os suspeitos planejando o crime (Foto: Reprodução / TV TEM)
Suspeito diz que se precisar vai atirar no pai (Foto: Reprodução / TV TEM)
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