Mulheres reagiram à entrada de parlamentares com gritos 'contra o golpe'.
Todas foram liberadas após prestar depoimento à Polícia Federal.
Os deputados baianos Paulo Azi (DEM), Jutahy Júnior (PSDB) e Tia Eron (PRB) foram confrontados por manifestantes em voo Salvador-Brasília nesta terça-feira - Reprodução / Youtube |
Não houve agressão física.
Todas foram liberadas após depoimento.
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O grupo conta que reagiu à entrada dos parlamentares com gritos “contra o golpe” antes da decolagem e repetiu os cantos após a aterrissagem, às 13h.
O comandante do voo avisou então que acionou a polícia e que ninguém deixaria o avião até que os agentes chegassem.
Os outros passageiros foram liberados com a chegada da PF, e as mulheres precisaram apresentar documentos pessoais.
Parte do grupo passou mal, e uma das manifestantes foi atendida dentro da aeronave por ter tido aumento de pressão.
As mulheres, que ficam na cidade entre os dias 10 e 13 de maio para a 4ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, foram depois de uma hora e meia levadas para a sala da Polícia Federal no aeroporto.
Assessora presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia, Jéssica Sinai disse que a situação foi constrangedora.
“Fizemos gritos de guerra contra os dois [deputados] em relação à questão do golpe.
Após isso, o comandante, como iniciou o processo de decolagem, pediu que a gente ficassem em silêncio.
Em nenhum momento ninguém desrespeitou.
Quando chegou no solo aqui em Brasília, voltamos a fazer os mesmos gritos.
Aí o comandante estava taxiando, entrou em contato com a Polícia Federal e disse que nós só poderíamos sair da aeronave com a presença da PF”, conta.
Segundo ela, os agentes disseram que elas estavam detidas por colocar em risco a segurança da aeronave.
“Aí a gente não aceitou esse tipo de acusação, porque não colocamos em risco a aeronave, porque apenas nos manifestamos e em momentos que não atrapalharam a condição de voo.”
Também delegada na conferência, Cristina Gonçalves criticou a abordagem.
“Nós viemos para a Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, e a gente se manifestando ordeiramente, falando palavras de ordem.
Quando o voo estava descendo, chamaram a Polícia Federal.
Eles foram retirados pela Polícia Federal, e nós ficamos quase uma hora no voo.”
Por e-mail, a TAM disse que foi necessário o apoio da Polícia Federal "em função de comportamento indisciplinado de clientes a bordo".
Os passageiros que embarcariam na aeronave no voo seguinte foram remanejados.
"A empresa reforça ainda que segue os mais elevados padrões de segurança, atendendo rigorosamente aos regulamentos de autoridades nacionais e internacionais", informou em nota.
As mulheres só foram liberadas pouco antes das 16h.
Não houve registro de ocorrência.
As deputadas Maria do Rosário (PT-RS) e Moema Gramacho (PT-BA) e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foram ao aeroporto prestar apoio às mulheres.
Por meio da assessoria, a vereadora baiana Aladilce Souza criticou o ocorrido.
“Essa prisão é absurda, fere o direito de livre expressão e é uma medida desproporcional e abusiva, sobretudo porque a manifestação foi pacífica e não pôs em risco o voo, nem seus passageiros”, declarou em nota.
Votação no Senado
O protesto aconteceu um dia antes da sessão do Senado que define a abertura ou não do processo de impedimento da presidente Dilma Rosuseff, previsto para começar às 9h desta quarta-feira (11).
Uma interrupção ocorrerá ao meio-dia.
A discussão será retomada às 13h e interrompida novamente às 18h.
A sessão deve então ser retomada às 19h e seguir até o final da votação.
Se o parecer for aprovado pela maioria simples dos senadores (metade dos presentes mais um), a petista será afastada por 180 dias da função.
Com isso, o vice Michel Temer assume a presidência da República.
Representantes de movimentos sociais chegaram a fechar vias em 12 estados e no DF nesta terça em protesto contra o impeachment.
Sistemas de transporte público também foram afetados.
Atos fazem parte de dia nacional de paralisação a favor de Dilma Rousseff.
Nesta segunda, o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA) chegou a anular a votação feita pelos deputados nos dias 15, 16 e 17 de abril, acolhendo pedido feito pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
O substituto de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recuou e revogou a própria decisão horas depois.
*Colaborou Pedro Paulo Borges, do G1 DF
Mulheres
que foram detidas em avião em Brasília durante protesto contra
deputados favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (Foto:
Jéssica Sinai/Arquivo Pessoal)
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