Pessoas da iniciativa privada decidiram agir diante da falta de providências.
Após abertura de canais, volume de água da lagoa aumentou bastante.
Grupo custeou por conta própria a abertura do canal (Foto: Tibério Nunes/Arquivo Pessoal)
Inconformados com a degradação da Lagoa do Portinho, um grupo composto
por três amigos resolveu agir para revitalizar um dos pontos turísticos
mais conhecidos do litoral piauiense.
O reservatório quase secou em 2015
devido a seca e possíveis obstruções dos canais que o ligam com o rio
Portinho.
Após o poder público nada fazer sobre o fato, o grupo resolveu
por conta própria abrir os canais que levam água para o local.
Amigos conseguiram licença para realizar intervenção na Lagoa (Foto: Tibério Nunes/Arquivo Pessoal)
O engenheiro de pesca Almir Rocha Carvalho foi um dos idealizadores da
iniciativa, juntamente com o advogado Tibério Nunes e o empresário
Carlos Augusto.
Almir afirma que havia um projeto do governo para
desobstruir os canais e permitir que a água chegasse até a lagoa, mas
como ele nunca foi executado o grupo resolveu colocar a mão na massa.
De
acordo com ele, a iniciativa conta com o apoio apenas de pessoas do
segmento privado.
"Como o projeto nunca saiu nós resolvemos começar por conta própria e
interligamos o rio com a Lagoa.
E tudo sem nenhum tipo de apoio de
governo. Conseguimos a licença com a Secretaria de Meio Ambiente do
Estado (Semar), em Teresina, e estamos há uns 40 dias trabalhando.
Fazemos isso porque amamos a Lagoa do Portinho e contamos com a ajuda de
outras pessoas doam alguma quantia em dinheiro", contou.
Ainda conforme Almir, os resultados da iniciativa já são visíveis e o
cenário da Lagoa do Portinho é completamente diferente após a
desobstrução das veias que abastecem o manancial.
Ele conta que mesmo
sem chover muito na região, a lagoa passou a receber bastante água e já
está com outra cara.
"Hoje já podemos ver a nossa Lagoa do Portinho com bastante água.
Posso
garantir que isso é uma coisa muito linda e estamos fazendo um esforço
violento por amor a lagoa.
Moro em Parnaíba desde os anos 1980 e desde
que cheguei aqui passei a amar a Lagoa do Portinho", falou o engenheiro.
Canais levam água para a Lagoa do Portinho (Foto: Walter Fontenele/Arquivo Pessoal)
Procurado pelo G1, o superintendente de Meio Ambiente
da Semar, Carlos Moura Fé, classificou a atitude dos três amigos como
louvável, pois a lagoa já recebeu bastante água após a intervenção.
Segundo ele, foram concedidas duas autorizações para que eles fizessem
as dosobstruções na região da lagoa.
Semar louvou iniciativa dos amigos de ajudar lagoa (Foto: Tibério Nunes/Arquivo Pessoal)
"Não é comum uma iniciativa dessas partir de particulares.
Foram dadas
duas autorizações: uma para a abertura de um canal de 200 metros da
calha do rio Portinho até a lagoa, que havia sido obstruído pelas dunas,
e outra para abrir pequenos canais para liberar água da chuva de lagoas
menores até o espelho d'água principal na lagoa do Portinho", falou.
De acordo com o superintendente, as autorizações são provisórias e uma
delas foi concedida para aproveitar as marés que ocorrem nesse período
do ano.
Carlos Moura Fé admitiu que se dependesse do estado a realização
do serviço levaria mais tempo.
"Como o estado não tinha um projeto para
agora eles resolveram pedir autorização.
Se fosse esperar o governo ia
demandar mais tempo, porque tinha que fazer licitação e demoraria mais",
falou.
Degradação da lagoa
Essa não é a primeira vez que moradores da cidade se mobilizam em prol da Lagoa do Portinho.
Em dezembro de 2014, estudantes do campus de Parnaíba da Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizaram um ato público em defesa do local.
Professores da instituição também deram apoio ao movimento.
A situação da Lagoa do Portinho se agravou nos últimos anos e até hoje
preocupa turistas, admiradores e comerciantes.
A falta de chuvas é
apontada como a principal causa do assoreamento, mas os desvios de água
feitos com a obstrução de alguns braços que levam água até o local
também são denunciados como motivo para o agravamento da situação.
O assunto também já foi tema de audiência pública na Câmara de Vereadores de Parnaíba em 2015.
Durante a reunião foi denunciada a construção de pequenas barragens que impedem que a água chegue até a lagoa.
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