Folha de S.Paulo – Marina Dias e Gustavo Uribe
Eram quase 11h de quinta-feira (3)
quando Dilma Rousseff convocou quatro de seus principais auxiliares para
uma reunião de
emergência em seu gabinete, no terceiro andar do Planalto.
Nervosa, andou de um lado para o outro, bateu com as mãos sobre a mesa, xingou
Delcídio do Amaral (PT-MS) e ordenou a divulgação de uma nota.
Assinado por ela, o texto diz que o
governo "repudia o
uso abusivo de vazamentos como arma política".
Diante dos ministros Jaques Wagner
(Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), Ricardo Berzoini
(Secretaria de Governo) e do assessor especial da Presidência, Giles Azevedo,
Dilma chegou a soltar um "filho da p." em referência ao senador.
Disse que suas declarações eram
"mentirosas" e que o vazamento da delação deveria ser tratado como
"crime".
Ali foi levantada a hipótese de a
delação ser anulada em razão da publicidade do conteúdo, já que
o sigilo é um pré-requisito para a homologação das declarações pelo STF
(Supremo Tribunal Federal).
Dilma então leu a reportagem
divulgada pela revista "IstoÉ", com trechos em que Delcídio cita
seu nome e o do ex-presidente Lula. "Faremos uma defesa ponto a
ponto."
Foi a respeito da refinaria de
Pasadena que ela reagiu com mais indignação, segundo relatos.
Delcídio diz que
a presidente tinha pleno conhecimento do processo de aquisição da refinaria
–comprada pela Petrobras com o valor de US$ 792 milhões superior ao que valia.
Dilma nega ter tido acesso ao
contrato que sacramentava o negócio.
À época, ela era presidente do Conselho de
Administração da estatal.
Ao ler a citação em que Delcídio diz
que conversou com a presidente em caminhada nos jardins do Palácio da Alvorada,
Dilma esbravejou: "Isso nunca existiu!
Não tenho intimidade suficiente com
ele para passeios no jardim".
Segundo a delação, a presidente pediu
a Delcídio, durante essa conversa, que falasse com o ministro do STJ (Superior
Tribunal de Justiça) Marcelo Navarro para votar pela libertação de empresários
presos na Lava Jato.
A reunião precisou ser interrompida
uma vez, quando a presidente, a contragosto, recebeu as equipes brasileiras de
atletas olímpicos de ginástica artística.
Impaciente, Dilma voltou ao gabinete.
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