Famílias dizem que 15 pacientes perderam a visão no ABC paulista.
Grupo quer indenização por danos morais e materiais e acompanhamento.
São pacientes idosos, que agora dependem de medicamentos caros e de acompanhamento especial.
O aposentado Expedito Batista é uma das vítimas.
Ele decidiu fazer a cirurgia buscando maior qualidade de vida e continuar realizando uma de suas paixões, viajar de carro, como condutor.
“Eu tinha 70% da minha visão. Entrei bem pra operar, pra melhorar.
E perdi totalmente a visão do lado direito”, conta.
E a perda é definitiva, disseram os médicos que já operaram o aposentado mais duas vezes para combater a infecção por uma bactéria.
A mesma que atingiu muitos outros pacientes que participaram do mutirão, no fim de janeiro.
Segundo informações recolhidas pelas famílias, pelo menos quinze perderam a visão e dez, o próprio globo ocular.
Os parentes se organizam para processar o hospital.
Letícia Meikoga, filha de uma das vítimas, afirma que o grupo pretende entrar com uma ação pedindo indenização por danos morais, materiais e suporta para as famílias, além de medicamentos.
Marialda Alves Sampaio, também filha de vítima, representa uma das famílias que precisarão de ajuda a partir de agora.
Ela conta que o pai dela, de 80 anos, era quem cuidava da mulher, também idosa.
Mas agora, sem um dos olhos, a família terá de encontrar outra solução.
“Nós trabalhamos, não podemos ficar lá o tempo todo.
Eles vão precisar de um acompanhante.
E quem vai ter que bancar esse acompanhante?”, questiona.
A Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo confirma que de 27 pacientes operados no dia 30 de janeiro, 21 foram contaminados. A origem da contaminação ainda está sendo investigada.
E o contrato com a clínica particular, que atende no hospital de forma terceirizada, foi temporariamente suspenso.
A secretária da Saúde, Odete Gialdi, afirma que o contrato com a clínica foi firmado em 2014.
“No ano de 2015, essas mesma clínica realizou 945 cirurgias de catarata e não houve nenhuma intercorrência.
Há um processo de investigação em curso.
Nós não sabemos como essa bactéria entrou no centro-cirúrgico e como se deu a contaminação”, diz.
Segundo o oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Melo, da Universidade Federal Paulista, todos os equipamentos e medicamentos usados nas cirurgias, como colírios e anestesias, devem ser examinados. Ele questiona a própria realização de cirurgias em larga escala, nos chamados mutirões.
“Tem que se questionar a real necessidade de um mutirão de catarata numa cidade, num município desenvolvido encostado em São Paulo”, afirma.
Secretaria.
A Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo informou que está prestando todo o apoio às vítimas e seus parentes, o que inclui tratamento psicológico.
A secretaria não quis informar o nome do médico e dos assistentes que participaram das cirurgias e disse que todas as informações estão sendo passadas para o Ministério Público e outras autoridades competentes.
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