Segundo Cosme da Silva, 150 cadeiras estão emprestadas em MG e RJ.
Exemplo inspirou amigos e formou uma corrente do bem.
O
carpinteiro de Muriaé, Cosme da Silva, considera que a ideia surgiu de
uma inspiração divina (Foto: Cida Bandeira/ Arquivo Pessoal)
Cosme da Silva é carpinteiro há 29 anos em uma reformadora de carrocerias em Muriaé, na Zona da Mata.
Há 10 anos, ele se dedica ao que chama de “missão”: reformar e emprestar cadeiras de rodas e cadeiras de banho.
Cosmão, como é conhecido no Bairro Encoberta, onde mora, começou com um equipamento.
Atualmente, segundo ele, são 150 distribuídos por cidades do interior de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
“É coisa de Deus, inspiração divina.
É um trabalho que eu gosto de fazer para ajudar as pessoas.
É uma missão que eu tenho com Deus, não pegar dinheiro com ninguém.
Se alguma pessoa quiser doar uma cadeira, estou preparado para receber, reformar e deixar pronta para ajudar a uma pessoa a sair de casa”, explicou.
Todas os equipamentos são reformados, pintados, tem lonas substituídas antes de serem emprestados gratuitamente.
Quem pega fica com as cadeiras até não precisar mais.
Então devolve à Cosme da Silva, que repassa à próxima pessoa que estiver necessitando.
Até muletas já foram doadas para ele, que também são emprestadas.
O agradecimento vem em forma de auxilio para ele continuar a ajudar outras pessoas.
Atualmente, Cosme da Silva tem 150 cadeiras emprestadas (Foto: Cida Bandeira/ Arquivo Pessoal)
“Não cobro um real por isso.
Alguns, ao devolver, trazem tintas, pincel, lona.
Existe até os que que agradecem e choram porque a pessoa melhorou.
Atualmente as 150 cadeiras estão espalhadas em várias cidades, até em Além Paraíba (MG), Sapucaia (RJ), Campos (RJ), Itaperuna (RJ).
Estão com pessoas que sofreram e precisam delas.
Eu rezo todo dia para eles voltarem a caminhar”, destacou Cosme.
O carpinteiro reforçou que pretende seguir com a atividade para ajudar as pessoas e não tem outros interesses.
Corrente do bem.
O gesto de Cosme da Silva desperta uma série de solidariedade.
O auxiliar de escritório Mateus do Vale explica que Cosme procura a oficina onde ele trabalha para realizar as soldas necessárias nas cadeiras de rodas.
“Ele traz e um dos nossos soldadores realiza o serviço.
A gente não cobra.
Ele é muito simples, a ideia dele é ajudar os outros, então a gente o ajuda”, destacou.
De pessoa ajudada a quem ajuda Cosme da Silva.
A dona de casa Antônia Ferreira e o marido José Caetano também fazem parte do time de amigos e auxiliares de Cosme.
“Meu marido e ele trabalham juntos.
Quando minha mãe esteve doente, ele me ajudou, ele deixou as cadeiras na minha casa enquanto ela precisou.
Ele é uma pessoa que ajuda inteiramente de boa vontade, ele quer realmente ajudar as pessoas de coração”.
O exemplo espalhou entre o grupo de amigos, como destaca Antônia Ferreira.
“Sempre que soubemos que alguém precisa, a gente avisa ao Cosme para ver o que pode ser feito.
Ele inspira todos que o conhecem.
Não faltam esforços, a gente faz o máximo para poder ajudar”, declarou.
Inspiradas pelo exemplo, tentam agora ajudar o carpinteiro.
“Levo parafusos e tintas para ele.
Ele não aceita um centavo de ninguém, só doações de materiais.
Quando a minha mãe necessitou de uma cadeira de rodas, eu consegui emprestada.
Isso me inspirou a ajudar o Cosme porque a necessidade é muito grande”, disse o aposentado Geraldo Rodrigues.
O aposentado elogiou a dedicação de Cosme para manter o apoio às pessoas que buscam a cadeira.
“Ele trabalha nisso aos sábados, domingos e à tarde na casa dele.
E banca com o pouco que ele ganha, que Deus transforma em muito.
Ele consegue cadeira no ferro-velho e a coloca nova para emprestar, sem nenhuma intenção de lucro.
Por isso, temos esse grupo paralelo onde ele se tornou um ‘líder’ informal.
É um trabalho muito bonito, quem pode, ajuda”, ressaltou Geraldo Rodrigues.
COMENTÁRIO:
O mundo está precisando de pessoas como este homem.
Ele está provando que quem deseja ajudar a alguém, é possível, independentemente de sua condição financeira e seu credo religioso.
Valter Desiderio Barreto.
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