Capitão Paulo Costa dá ordens para que um policial execute pessoas.
Ele está entre os 12 presos na Operação Tombstone, da Polícia Federal.
Na gravação, feita em 2014, o então comandante da 2ª Cia Independente de Pilar, capitão Paulo Costa, dá ordens para que um policial execute pessoas dentro de uma casa. “Mas veja bem, se entrar, não tem que sobrar ninguém pra contar história. (...) É. Agora não pode sobrar ninguém. Se tiver... Ninguém. Ninguém. Ninguém”, afirma.
Armas e munições apreendidas com os suspeitos presos (Foto: Divulgação/ PF)
O policial com quem o capitão conversa, que não foi identificado, fica receoso de se expor.
“Vê com o pessoal aí pra ver, né?
Porque aí eu não me exponho, né?”, afirma.
“Mas o problema sabe o que é, chefe?
O problema é que tem arma lá, né.
Pra não fazer um negócio.
E lá é a casa onde vende droga, entendeu?”
O capitão reforça as ordens. “(...) Se você for e o moleque vai também.
Mas todos os que 'tiver' lá nessa casa, aí vai todo mundo.
Quero nem saber!
Menino, mulher, o que for”, diz.
Por meio de nota à imprensa, o Comando da PM de Alagoas informou que vai aguardar o inquérito da PF para "adotar os procedimentos legais e administrativos de correição junto à Corregedoria Geral da PM".
Operação.
As 12 pessoas presas nesta manhã são suspeitas de integrar um grupo de extermínio no município de Pilar, na Região Metropolitana de Maceió.
O nome da operação faz referência ao filme "Tombstone – A Justiça Está Chegando".
A PF cumpriu mandados de prisão temporária, que tem duração de 5 dias, podendo ser prorrogada, um de condução coercitiva, quando o suspeito é levado a depor, e 18 mandados de busca e apreensão, que foram expedidos pela Justiça estadual.
Além de Alagoas, a polícia também cumpriu mandados em Sergipe, Bahia e Minas Gerais.
Ao todo, foram presas 12 pessoas em Alagoas
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Um dos militares presos é capitão da Polícia Militar alagoana. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Depois de prestar depoimento na sede da PF, Paulo Costa foi levado para a Academia da PM, na Praia da Avenida.
O outro militar, segundo a PF, é Antônio Correia da Silva, conhecido como "Chibata", policial reformado.
Foi preso ainda um policial civil, identificado como Kleber Cardino Pinto, lotado da Delegacia de Pilar.
Segundo a PF, o grupo também está envolvido em tráfico de drogas, roubo e comércio ilegal de armas e munições.
O inquérito foi instaurado em julho de 2014.
O delegado federal Fábio Maia disse que os crimes investigados ocorreram entre o segundo semestre de 2013 e primeiro semestre de 2014.
"Não existia hierarquia no grupo.
Investigamos cerca de 14 crimes e temos indícios suficientes para esclarecer pelo menos dez deles", afirmou o delegado.
Maia disse ainda que a maioria das vítimas do grupo não tinha envolvimento com crimes.
“Existe uma cultura de tolerância quando se mata criminosos e maloqueiros, mas a maioria das vítimas não se enquadrava nesse perfil.
Foram mortas pessoas inocentes, e isso vai além do tolerável”, falou.
Durante a coletiva, o promotor Jorge Dórea disse que havia mais de 280 homicídos sem autoria quando ele assumiu a promotoria do município de Pilar.
"Estamos fazendo um trabalho para tentar acabar com a criminalidade no município", afirmou.
Segundo a PF, nessas condições, os autores, nas medidas de suas participações, responderão pelo crime de associação criminosa, sem prejuízo pela responsabilidade dos demais crimes de homicídio, de tráfico de drogas e de comércio ilegal de armas e munições.
As penas somadas podem superar 30 anos de prisão.
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