"Se não oferecer um plano que não prejudique os funcionários, o governo vai tirar a concessão da mina e do porto de Bahia Blanca", ameaçou ministro
O tom da forte fala do ministro do Planejamento e Investimento Público da Argentina, Julio De Vido, foi levado à audiência no ministério.
Uma das fontes ouvidas disse que o governo ameaçou, claramente: "Se não oferecer um plano de desinvestimento que não prejudique os funcionários, o governo vai tirar a concessão da mina e do porto de Bahia Blanca (na província de Buenos Aires)".
Durante uma audiência que teve a participação dos governadores de Mendoza, Francisco Paco Pérez, de Rio Negro, Alberto Weretilneck, e de Nequén, Jorge Sapag, Leite foi duramente questionado sobre a decisão de "abandonar" o empreendimento na Argentina e o futuro dos funcionários.
Saiba mais.
De acordo com estimativas da administração argentina, o projeto de
potássio Rio Colorado tem 4,5 mil operários contratados diretamente pela
Vale e outros 6 mil pelas empresas envolvidas na ação.Na segunda-feira, a empresa anunciou a suspensão do projeto de potássio, mas não detalhou por quanto tempo.
Esse aspecto também foi levantado pelas autoridades argentinas, conforme uma fonte que participou da reunião.
O diretor executivo da Vale na Argentina não respondeu à maioria das perguntas, nem sobre a proposta salarial, e alegou que deve consultar a diretoria no Rio.
O Executivo argentino deu um prazo de 48 horas para que a companhia apresente as respostas.
Novo encontro foi marcado para esta sexta-feira, às 10 horas (horário de Brasília).
A audiência contou com a presença de vários prefeitos envolvidos com a construção da mina, com o trajeto da ferrovia que transportaria o metal e com a reserva de exploração de gás não convencional para abastecer a mina.
Houve questionamentos sobre o que fazer com a rede ferroviária inacabada, que ficaria "abandonada", e o Ministério do Trabalho voltou a pedir à Vale que apresente alternativas para continuar com o projeto ou um plano de desinvestimento gradual, que possa poupar os trabalhadores.
Relação bilateral
Os empresários argentinos estão preocupados com os efeitos na relação com o Brasil de um endurecimento da posição da Argentina contra a Vale.
De Vido e o governador de Mendoza deixaram claro nesta quarta-feira, em discurso, que o governo poderia processar a empresa por quebra de contrato e retomar a concessão sem nenhum ressarcimento.
Empresários da União Industrial Argentina (UIA) temem que as discussões saiam do controle e possam arranhar a relação bilateral.
Os executivos da Câmara Argentina de Empresas de Mineração (Caem) emitiram uma nota pedindo que os dois lados "busquem soluções através do diálogo para que o projeto seja viável".
A Caem alertou para o risco de se abandonar uma obra emblemática que "conflui uma clara complementação entre a mineração e o setor agrícola".
No comunicado, a câmara reconheceu que "é a obra produtiva mais importante da Argentina em termos econômicos e sua interrupção implica não só em graves prejuízos para as empresas locais e trabalhadores que perderão seus empregos, mas também frustrará um trabalho articulado entre argentinos e brasileiros".
Esperança.
O projeto é um dos dois maiores da Argentina, previsto, inicialmente, em US$ 5,9 bilhões.
O outro desta envergadura é também do setor de mineração, no valor de US$ 6 bilhões de investimentos: Pascua Lama, da canadense Barrick Gold, localizado na divisa da província argentina de San Juan com a fronteira do Chile.
De acordo com nota da presidência da república da Argentina, a Vale corrigiu o valor do projeto de US$ 5,9 bilhões para US$ 8,8 bilhões, em dezembro, e para US$ 10,9 bilhões, em fevereiro.
De Vido disse que a empresa pediu benefícios fiscais no valor de US$ 3 bilhões e acusou a companhia de querer compensar as perdas mundiais com a concessão de privilégios pelo Estado argentino.
O ministro do Trabalho, Carlos Tomada, segundo as fontes, pediu à Vale que suspenda a ordem de emissão dos avisos de demissão, que havia sido dada na terça ao consórcio de empresas liderado pela Odebrecht e Techint.
Outras duas empresas brasileiras participam do empreendimento: Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, contratadas, respectivamente, para a construção da mina e do terminal marítimo.
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