Ator Robin Williams se enforcou com um cinto nesta segunda-feira (11).
Psiquiatra afirma que abordar o assunto dá espaço para tratamento.
O ator Robin Williams em foto de 15 de junho de 2007 (Foto: Reed Saxon/AP)
O ator de 63 anos morreu nesta segunda-feira (11) depois de se enforcar com um cinto, de acordo com a polícia local.
Segundo a agente do ator, Mara Buxbaum, ele estava lutando contra uma depressão severa e já tinha sido internado várias vezes em clínicas de reabilitação por problemas com drogas e álcool.
A última internação tinha sido em julho.
O psiquiatra Geraldo Possendoro, professor convidado de Medicina Comportamental da Unifesp, diz que, em mais de 90% dos casos de suicídio, a pessoa já tinha alguma doença psiquiátrica.
“Quando a pessoa não se trata e começa a usar os ‘remédios ruins’ para tratar a depressão, como drogas e álcool, ela está acumulando fatores de risco para suicídio”, explica.
Ele acrescenta que não é incomum que pessoas com depressão e que não são tratadas adequadamente recorram a drogas e álcool para aliviar o sofrimento da depressão.
O contrário também pode acontecer, de acordo com a psiquiatra Maíra Della Monica Machado.
“A pessoa que faz uso abusivo de álcool e drogas também pode cair em um quadro depressivo.”
A médica enfatiza os riscos da combinação desses fatores: “Uma pessoa que está deprimida e faz uso de substâncias acaba tendo um rebaixamento da crítica, do nível de consciência e fica com mais coragem para cometer suicídio.
Por isso orientamos total abstinência para pacientes com pensamentos suicidas e ideias de morte.”
Para Possendoro, pensar em suicídio é mais comum do que se possa imaginar e é importante que amigos e familiares conversem sobre o assunto com a pessoa.
“Existe o mito de que conversar sobre o assunto pode induzir alguém a tentar.
Isso é falso, ninguém
Muito pelo contrário, abordar o assunto, perguntar se a ideia de suicídio passa pela cabeça dela é importante porque pode dar espaço para que a pessoa seja tratada e que o suicídio não aconteça”, diz.
Período crítico.
A psicóloga Karen Scavacini, cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, avalia que o ator estava em um período que pode ser considerado crítico: logo após ter alta de uma clínica de dependência e depois de um período de recaída no consumo de álcool e drogas. “Nesses momentos, a família precisa ficar mais atenta”, diz.
Ela observa que a
Como a sociedade não aceita o envelhecimento, isso deixa as pessoas muito mais isoladas, elas perdem o lugar a que pertenceram."
Além dos sinais diretos que a pessoa emite quando tem a intenção de se matar – falar explicitamente que quer morrer, por exemplo – alguns sinais indiretos também podem ser percebidos.
“A pessoa começa a se despedir de parentes e amigos, pode apresentar muita irritabilidade, sentimento de culpa, choros frequentes.
Também pode começar a colocar as coisas em ordem e ter uma aparente melhora de um quadro depressivo grave, de uma hora para outra.
Muitas vezes, isso significa que já se decidiu pelo suicídio, por isso fica mais tranquila.
É a falsa calmaria”, diz.
Comportamentos de risco desnecessários também podem ser observados nesse período.
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