As duas escolas públicas contam com itens básicos de infraestrutura.
Elas têm acessibilidade, rede de esgoto, biblioteca, quadra e internet.
Na biblioteca, alunos da escola municipal ouvem histórias uma vez por semana (Foto: Igor Savenhago/G1)
As salas de informática são amplas e todos os computadores são novos.
As bibliotecas contam com espaços interativos de leitura, e as quadras poliesportivas são cobertas e estão em ótimo estado.
A realidade das escolas públicas de Vista Alegre do Alto, no interior de São Paulo, é uma exceção em meio à rede de ensino do país.
A cidade é uma das quatro em que todas as unidades não particulares contam com rede de esgoto, acessibilidade, biblioteca, quadra de esportes e internet – cinco dos itens pesquisados no Censo Escolar 2013.
As outras três cidades ficam em Minas Gerais: Central de Minas, Goiabeira e Passa Vinte (veja na página especial a comparação entre as redes de ensino, por cidade, no quesito internet).
Além da infraestrutura, o trabalho em equipe, com a participação de gestores educacionais, professores, funcionários, pais e alunos, é um dos trunfos para o bom desempenho da escola estadual Professor Salvador Gogliano Júnior, na opinião da diretora, Tereza de Jesus Fiorin Carvalho. “Não existe tanta rotatividade de professores e a equipe gestora é bem afinada", diz.
A proximidade característica de cidade pequena também facilita, segundo Tereza. Se precisar chamar os pais para discutir o comportamento dos estudantes, é fácil.
Em alguns casos, é só atravessar a rua, já que muitos moram em frente à escola. Em outros, é preciso andar não mais que poucos quarteirões.
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A dona de casa Etelvina Rosa Pessoa Ravazi é um exemplo, já que está sempre atenta ao que acontece no ambiente escolar.
Mãe de uma aluna do primeiro ano do ensino médio, ela é também diretora financeira da Associação de Pais e Mestres (APM) e vai à escola estadual todos os dias. “Os pais têm que dar valor ao ensino. Se os filhos forem interessados, facilita a vida do professor."
Para estimular os alunos, o colégio mantém duas bibliotecas, uma quadra poliesportiva coberta e uma sala com 22 computadores novos, todos com acesso à internet.
"Nunca tive reclamações da escola e queremos trazer mais novidades, como rodas de leitura e uma feira de ciências", afirma a aluna Ana Júlia de Miranda, de 14 anos, que também é presidente do grêmio estudantil.
A planilha de despesas mostra que cerca de 200 novos títulos são adquiridos por ano para as duas salas de leitura da escola, fora os exemplares encaminhados pelo Estado.
E quem acha que os espaços não são aproveitados se engana.
O aluno Eric Manoel Staconi, de 14 anos, conta que foi a partir da literatura disponível que os estudantes sugeriram a criação de um grupo de teatro, já pronto para a primeira encenação. "A nossa escola é um ambiente saudável, sem brigas."
Sala de computação da escola estadual conta com 22 computadores, todos com acesso à internet (Foto: Igor Savenhago/G1)
Todas as salas são interligadas por rampas de acesso, com corrimões dos dois lados. Os banheiros também estão adaptados para deficientes.
As entradas das classes não têm degraus e as portas são mais largas que as convencionais.
A escola não tem alunos cadeirantes, mas atende dois com outros tipos de necessidades especiais: um com deficiência visual e outro com dificuldade auditiva.
Para o primeiro, o colégio fornece material escolar em tamanho aumentado. Para o outro, disponibiliza uma professora de Libras.
As adaptações de acessibilidade na escola foram realizadas em 2009 e integram um programa de metas do governo do Estado que, numa primeira etapa, buscou promover adaptações em pelo menos uma escola de cada município de São Paulo.
Como Vista Alegre só tem uma estadual, não houve dificuldade em definir o destino das melhorias necessárias.
“Todas as escolas recebem verbas da Secretaria Estadual da Educação.
Cabe à equipe gestora direcionar sua aplicação.
Se a equipe é comprometida, os resultados aparecem mais rápido”, justifica a educadora Leda Maria Zanardi Miguel, dirigente regional de ensino de Taquaritinga (SP), que responde por Vista Alegre do Alto.
A partir dos estudos na biblioteca, alunos do ensino médio formaram um grupo de teatro
(Foto: Igor Savenhago/G1)
(Foto: Igor Savenhago/G1)
A algumas ruas do colégio estadual está a Escola Municipal Irineu Julião, onde a diretora Fabiana Gil diz estar atenta aos movimentos de cada criança.
Uma delas demanda mais atenção. É a pequena Kailane Jesus Santos, de 7 anos, que tem uma doença genética popularmente conhecida como “ossos de vidro” e que limita suas atividades.
Depois de uma fratura, a menina não conseguiu mais andar, mas pode ir à escola em uma cadeira adaptada, acompanhada de uma cuidadora.
Kailane só frequenta as aulas porque a escola tem mecanismos de acessibilidade, como portas largas, rampas espalhadas pelo pátio e banheiros adaptados.
No entanto, há restrições.
A aluna não consegue acessar o prédio onde fica a secretaria, que mantém um degrau na entrada.
A guia do portão principal também não é rebaixada, o que obriga Kailane a entrar por um acesso secundário.
As rampas não têm corrimões e uma delas é bem íngreme.
Kailane só consegue entrar na escola por um
portão secundário, com rampa para pessoas com deficiência física (Foto: Igor Savenhago/G1)
portão secundário, com rampa para pessoas com deficiência física (Foto: Igor Savenhago/G1)
De lá para cá, o prédio passou por três ampliações.
O desafio, agora, é fazer todas as adaptações necessárias para interligar as salas. “A escola já é muito boa em acessibilidade, mas a gente entende que pode aprimorar ainda mais", diz Fabiana.
Pode melhorar
A secretária de Educação de Vista Alegre do Alto, Alessandra Augusta Santana Matheus, admite que a escola municipal ainda não é referência em acessibilidade, mas confirma que melhorias estão previstas.
Ela não estipula um prazo para que isso aconteça. “São mudanças necessárias.
Assim que for possível, serão feitas."
Nos outros itens estruturais avaliados pelo Censo Escolar, a Irineu Julião não apresenta problemas parecidos.
A quadra poliesportiva é coberta e ampla, a sala de informática tem 25 computadores novos, todos com acesso à internet, em que são desenvolvidos projetos para alunos a partir dos quatro anos.
A biblioteca oferece diferentes espaços para leitura, como áreas interativas, em que as crianças podem se sentar para ouvir o professor contar histórias.
A coordenadora pedagógica, Marlene Staconi Carvalho, explica que todos os alunos têm contato com livros pelo menos uma vez por semana, na companhia de uma bibliotecária. Segundo ela, o projeto facilita não só a proximidade com as obras literárias, mas também entre as pessoas.
Estudantes se divertem na quadra coberta da escola municipal Irineu Julião (Foto: Igor Savenhago/G1)
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