Executivo é acusado de liderar máfia de ingressos da Copa do Mundo.
Ele chegou à Cadeia Pública José Frederico Marques nesta segunda.
O CEO da Match Services, Raymond Whelan, deu entrada no Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro por volta das 19h desta segunda-feira (14), como mostrou o RJTV.
O executivo se entregou à Justiça do Rio à tarde e vai ficar preso na Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste.
Whelan na chegada à Cidade da Polícia (Foto:
Fernando Souza/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Fernando Souza/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Um dos advogados dele, Nilson Paiva, informou ao G1 que vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça ainda nesta segunda.
De acordo com a assessoria de imprensa do advogado Fernando Fernandes, que representa o executivo, Whelan se apresentou à desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto, da 6ª Câmara Criminal da capital, relatora do processo contra os 12 denunciados pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ).
Segundo nota enviada pela defesa do executivo, ao se entregar, teria dito ao advogado Fernando Fernandes: “Enfim, poderei iniciar minha defesa criminal”.
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Whelan ficou na carceragem do Tribunal de Justiça do Rio à espera da polícia, que o levou à Polinter, na Cidade da Polícia, no Subúrbio.
Em um Voyage preto, ele chegou por volta das 16h20 no local.
Às 18h, ele deixou a sede da Polícia Civil em uma van rumo ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exames obrigatórios antes da entrada no sistema penitenciário.
De lá, deve seguir para o Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste, onde estão os outros 10 presos da operação Jules Rimet, que desarticulou a máfia milionária de venda de ingressos.
“A relação que ele teve foi absolutamente legal e confirmada pela Fifa.
Os demais detalhes estarão na defesa escrita que ele apresentará 10 dias após a defesa ter acesso à integralidade das ligações telefônicas”, disse o advogado Fernando Fernandes.
Fuga de Whelan
Na quinta-feira, a Justiça do Rio aceitou a denúncia contra os 12 acusados pelo MP-RJ e decretou a prisão preventiva de 11 deles.
Apenas o advogado José Massih não teve a prisão decretada por ter colaborado com as investigações.
Ele deixou a prisão na sexta-feira (11), quando terminou o prazo da prisão temporária, e responderá ao processo em liberdade.
Todos vão responder pelos crimes de cambismo, organização criminosa, desvio de ingresso e corrupção ativa.
Dos 11 que tiveram a prisão preventiva decretada, apenas Raymond Whelan estava solto.
Na quinta-feira, assim que foram expedidos os mandados de prisão, a polícia seguiu para o Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul, onde o executivo estava hospedado junto com a delegação da Fifa, que cedeu à Match os direitos sobre a venda dos ingressos da Copa.
No entanto, Whelan fugiu antes da chegada dos agentes. Câmeras de segurança do hotel mostraram o executivo deixando o local, ao lado do advogado Fernando Fernandes, pela porta utilizada pelos funcionários.
Segundo a Polícia Civil, Whelan fornecia à quadrilha ingressos da Copa, que eram revendidos ilegamente acima do preço real.
Ainda segundo a polícia, a quadrilha era liderada pelo franco-argelino Mohamed Lamine Fofana.
Ele e outros nove acusados estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
O esquema
No dia 1º de julho, policiais da 18ª Delegacia de Polícia, da Praça da Bandeira, prenderam 11 pessoas na operação "Jules Rimet".
Na segunda-feira (7), Raymond Whelan chegou a ser preso também, mas foi solto na madrugada de terça-feira (8) depois de obter um habeas corpus na Justiça do Rio.
Com a listagem de celulares da Fifa em mãos, um dos agentes policiais digitou no aparelho celular apreendido do argelino Lamíne Fofana o prefixo 96201, que precede os telefones da entidade. Apareceu, então, o nome "Ray Brazil", para o qual havia 900 registros entre telefonemas e mensagens.
Ao todo, a operação está lendo e escutando 50 mil registros telefônicos, dos quais mais de 50% já foram apurados.
Segundo as investigações, três empresas de turismo localizadas em Copacabana, interditadas pela polícia, faziam contato com agências de turismo que traziam turistas ao país e vendiam ingressos acima do preço.
Eram ingressos VIPs, fornecidos como cortesia a patrocinadores, a Organizações Não Governamentais (ONGs) e também destinados à comissão técnica da Seleção Brasileira – desde bilhetes de camarotes até entradas de assentos superiores.
Uma entrada para a final da Copa no Maracanã chegava a custar R$ 35 mil e a quadrilha faturava mais de R$ 1 milhão por jogo.
Segundo a polícia, Fofana também conseguia entradas vendidas pelos agentes oficiais da categoria "hospitalidade", pacotes de luxo, controlados pela Match Hospitality.
Até carro forte foi usado para abastecer a quadrilha que vendia entradas para todos os jogos da abertura à final do torneio.
Segundo o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso, os presos já atuaram em pelo menos quatro mundiais e estimativas apontam que a quadrilha poderia movimentar cerca de R$ 200 milhões por Copa do Mundo.
Os presos
Além de Fofana e Whelan, estão presos o policial militar reformado Oséas do Nascimento; Alexandre Marino Vieira; Antônio Henrique de Paula Jorge, um dos contatos de Fofana no Brasil (antes de ser preso, Henrique tentou retirar de um banco R$ 177 mil em dinheiro vivo); Marcelo Pavão da Costa Carvalho; Sérgio Antônio de Lima, que teria tentado subornar um dos agentes; Ernane Alves da Rocha Júnior; Júlio Soares da Costa Filho; Fernanda Carrione Paulucci e Alexandre da Silva Borges.
O advogado José Massih responderá ao processo em liberdade por ter colaborado com as investigações.
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