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terça-feira, julho 15, 2014

Após 93 dias, mulher arrastada por carro sai de hospital no Vale do Itajaí

Maristela Stringhini, de 40 anos, foi arrastada por cerca de 800 metros.
Ela continuará tratamento em casa, em Lages, na Serra catarinense.

Do G1 SC
Maristela saiu do hospital de cadeiras de rodas e recebeu o carinho do público (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS TV)Maristela saiu do hospital de cadeiras de rodas e recebeu o carinho do público (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS TV)
 
A catarinense Maristela Stringhini, de 40 anos, que foi arrastada por 800 metros embaixo de um carro em Rio do Sul, no Vale do Itajaí, recebeu alta do Hospital Regional Alto Vale nesta terça-feira (15).

 Ela voltará para Lages, na Serra catarinense, onde continuará o tratamento médico em casa

Internada desde o dia 13 de abril, ela foi recepcionada por mais de 60 amigos e familiares na porta do hospital.

A força dela era tão grande que aumentava a nossa"
 
Ana Lidia Alves, mãe de Maristela
 
No dia 13 de abril, Maristela foi arrastada por um carro após acidente automotivo no Centro da cidade. 

Ela estava em uma moto com o noivo quando o veículo bateu e a mulher caiu.

 Os ferimentos causaram mutilações no tórax e queimaduras em várias partes do corpo

 Desde a madrugada do acidente, ela está internada no Hospital Regional do Alto Vale, onde passou por 14 cirurgias para recompor funções. 

Em até seis meses, segundo a equipe médica, a mulher deve passar por cirurgia de reconstrução das duas mamas.

Maristela saiu em uma cadeira de rodas do hospital, mas ela não ficou com dificuldades de locomoção. 

Conforme os médicos, a mulher receberá tratamento em casa

 Todas as despesas estão sendo custeadas pelo jovem de 21 anos responsável pelo acidente. 

Ele está detido no Presídio Regional de Rio do Sul e espera decisão da Justiça se irá ou não a júri popular.

 Em depoimento, o rapaz garantiu não ter percebido que estava arrastando a vítima por 800 metros.

Recepção

Logo após chegar ao saguão da unidade, Maristela se mostrou impressionada com a imensa onda de positividade e se emocionou. 


"Acima de tudo, quero agradecer a todos que oraram por mim. 

Diversas pessoas, que eu mesma não conhecia, tentaram entrar no meu quarto para me abraçar, me dar um livrinho de oração. 

Eu estava isolada e não pude receber tudo, mas não tenho palavras pra agradecer tudo que fizeram por mim".

Apesar de ter saído em uma cadeira de rodas, ela levantou e abraçou familiares antes de entrar no carro que a levará para casa

A emoção e o carinho das pessoas ao sair da internação foi grande, por volta das 15h20 desta terça.

Vítima agradeceu o carinho do público em faixa no hospital (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS Tv) 
 
Vítima agradeceu o carinho do público em faixa
no hospital (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS Tv)
 
Duas faixas com mensagens positivas de agradecimento estavam expostas na frente do hospital. 

"Seja Bem Vinda, Maristela, para sua nova vida.

 Deus te abençoe", dizia uma. 

A outra era um agradecimento da própria família à equipe médica do hospital e às pessoas que participaram da corrente de orações.

Os familiares comemoram a recuperação da mulher e reconhecem a força dela vontade durante o período de recuperação.

“A força dela era tão grande que aumentava a nossa”, comentou a mãe Ana Lidia Alves, após a filha ter saído da unidade hospitalar.

A partir de agora, o tratamento continua em casa. "Estamos apreensivos como será em casa, mas ela terá o apoio de todos. 

Uma vez por semana ela voltará a Rio do Sul para atendimento médico. 

Ela ficou muito tempo no hospital, mas é forte e venceu.

 Estamos muito, muito felizes", afirma a irmã de Maristela, Marli Canani.

Recuperação

Ela foi recepcionada pela família no saguão do hospital (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS TV)Ela foi recepcionada pela família no saguão do hospital (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS TV)
 
"O que me preocupa não é o futuro, eu sei que tenho muita coisa para viver. 

Vou concentrar para me recuperar totalmente com a fisioterapia", disse Maristela. 

O médico calcula que em seis meses a paciente poderá reconstruir as mamas. 

O torax dela foi totalmente reconstruído pelo cirurgião. "Estar com mama ou sem não importa neste momento.

 Estou viva. 

 E muito grata a todos os médicos que me ajudaram", diz

Maristela abraçou os médicos na porta do carro que a levou para casa (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS TV) 
Maristela abraçou os médicos na porta do carro
 (Foto: Douglas Márcio da Silva/RBS TV)
 
A alta de Maristela dependia da colocação de curativos, para que ela consiga ter mais conforto em casa. "Os curativos são, principalmente, na área doadora dos enxertos. 

Ou seja, a área que utilizamos para retirar pele e gordura para outras partes do corpo. 

Usamos a parte interna e superior da coxa para os procedimentos, principalmente de reconstrução do tórax e braço", afirma o cirurgião plástico Amir El Haje, médico responsável pelo caso e chefe do setor no hospital.

Para o médico, o caso de Maristela foi um dos mais desafiadores que ele atendeu. 

Com politraumatismo, a vítima tinha lesões do rosto à altura dos joelhos. 

Ao todo, foram 14 intervenções cirúrgicas.

 Mais de 15 pessoas se envolveram diretamente com o tratamento hospitalar. 

Maristela teve fraturas expostas, inúmeros enxertos e exposição abdominal. 

As cirurgias foram feitas em etapas para a adaptação da paciente.

 A primeira fase do tratamento foi a retirada de pele necrosada.

 Em segunda, foram feitos enxertos. 

Acidente

No dia 13 de abril, Maristela participava ao lado do noivo de um encontro de motociclistas em Rio do Sul. 


Na madrugada, quando o casal passava pela área central da cidade, um carro bateu na moto deles. 

Com o impacto, a mulher caiu e foi arrastada por cerca de 800 metros.

Capacete que a mulher usava foi cortado ao meio (Foto: Polícia Civil de Rio do Sul/Divulgação) 
Capacete que a mulher usava foi cortado ao meio (Foto: Polícia Civil de Rio do Sul/Divulgação)
 
As versões dos envolvidos são contraditórias, mas, segundo a polícia, a ocorrência teria sido registrada após um desentendimento, e o capacete da mulher ficou preso ao eixo do automóvel. 

Câmeras de segurança flagraram parte do trajeto feito pelo carro. 

Quando a mulher foi solta, ela se sentou em uma escada próxima e esperou ajuda.
A mulher se recorda de trechos do que aconteceu naquela madrugada. "Lembro que eu estava na moto com o meu noivo. Estávamos quase parados na sinaleira. Vieram, bateram atrás. 

Na hora, eu gritei e caí da moto. 

E depois só me lembro de estar sendo arrastada. 

Só lembro de gritar e pedir para Deus que não me deixasse morrer porque eu tenho uma filha", conta.

O acusado

O motorista Julio Cesar Leandro, de 21 anos, afirmou não saber que a mulher estava embaixo do veículo e, se soubesse, teria parado imediatamente, conforme depoimento prestado à Justiça no dia 17 de junho. 


Ao todo, 12 testemunhas – entre taxistas, pessoas que trabalhavam com o acusado e o noivo de Maristela – foram ouvidas na audiência sobre o caso.

O motorista acusado está detido no Presídio Regional de Rio do Sul. 

Ele chorou durante o depoimento, afirmou que não havia ingerido bebida alcoólica e negou que soubesse que a mulher estava embaixo do automóvel.

 Julio Cesar declarou que se sentiu ameaçado pelo motociclista e ficou apavorado, razão pela qual saiu em disparada com o carro.

Maristela diz que tenta não julgar o jovem. 

Ela considera que ele e a família também estão sofrendo. "Eu sou mãe, me pus no lugar da mãe dele e não posso julgar. 

Ele é um menino de 21 anos e está começando a viver. 

O certo e o errado que ele fez não sou eu que vou julgar. 

Assim como eu fiquei com marcas, ele também vai ficar. 

Assim como eu estou sofrendo, a família dele está sofrendo também", conclui a catarinense.

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