'Coloquei inteiro dentro da mala. Não sabia o que fazer', disse.
Imagens foram feitas logo após prisão, em Praia Grande.
Feita logo após a prisão do suspeito na casa onde o corpo estava, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, a gravação mostra o suspeito calmo.
Ele disse que o zelador e ele lutaram depois de uma discussão e que a morte foi acidental (veja vídeo acima).
“Ele bateu a quina no batente da porta mesmo, bateu e já caiu nós dois (sic) para dentro do apartamento.
Quando ele caiu, eu fechei a porta.
Aí fui lá, olhei os sinais vitais dele, se já estava morto."
Ele acrescentou que se desesperou. "Peguei, saí na porta, olhei, olhei.
Me desesperei.
Fui, peguei a mala.
Enrolei ele num um cobertor, coloquei dentro da mala.
Fiquei sem saber o que fazer.
Coloquei inteiro dentro da mala. Não sabia o que fazer."
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Ele disse que fez tudo isso sem que sua mulher, a advogada Ieda
Cristina Martins, de 42 anos, soubesse. "Ela ia chegar, a gente ia fazer
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No domingo, nós saímos e eu falei para ela: 'Ó, preciso resolver um problemas'.
E aí eu vim para cá [Praia Grande]."
Questionado se tinha levado o corpo em companhia de sua mulher, ele negou. "Voltei sozinho.
Depois voltei [para São Paulo], encontrei com ela, nós saímos, fomos jantar.
No sábado teve o pessoal da polícia vistoriando lá o apartamento."
Sobre o que havia afirmado aos agentes no momento da vistoria, o publicitário disse que mentiu. "Falei que não tinha acontecido nada.
Que eu tinha minhas brigas com ele, mas que não tinha acontecido nada."
O publicitário foi preso em flagrante na segunda-feira (2), quando tentava queimar partes do corpo do zelador, segundo a polícia.
Levado para o 13º Distrito Policial de São Paulo, ele voltou a negar que a mulher dele tenha participação no crime.
Ambos tiveram a prisão temporária decretada.
A Secretaria da Segurança Pública informou que as autoridades ainda não indiciaram Ieda.
A polícia apura inicialmente se ela teve participação na ocultação de cadáver.
Câmeras de segurança
O zelador desapareceu no prédio onde trabalhava, na Zona Norte, na sexta-feira (30).
A última imagem registrada pelas câmeras de segurança mostram o zelador saindo com cartas na mão.
Outras imagens mostraram Eduardo Martins saindo com malas.
Segundo a polícia e familiares da vítima, ambos brigavam por questões como a entrega de jornais e a divisão de vagas de garagem.
A polícia vai pedir ainda a quebra dos sigilos bancário (para saber de Ieda comprou a mala usada para deixar o corpo com cartão de crédito) e telefônico e o registro das antenas de telefonia celular (para saber onde o aparelho do casal foi usado).
Em depoimento, o suspeito disse que a vítima morreu acidentalmente, ao cair e bater a cabeça no batente de uma porta durante briga.
Ele confirmou, porém, que esquartejou e tentou se livrar do corpo.
Apesar de sua alegação, Martins será indiciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima).
A polícia também investiga se uma arma encontrada na casa de Praia Grande foi usada no crime.
A arma tinha manchas de sangue e a polícia apura se a vítima levou uma coronhada.
A defesa do suspeito afirma que seu cliente admite que a arma é dele, mas nega tê-la usado para atacar o zelador.
Segundo o advogado Marcelo Primo, seu cliente sujou as mãos com o sangue de Souza após o acidente e, em seguida, pegou na arma.
Este, de acordo com o defensor, é o motivo de a coronha apresentar manchas de sangue.
O publicitário acrescentou que sua mulher não sabia da existência da arma.
DNA
A liberação dos restos do corpo do zelador para que seja enterrado depende ainda de um exame de DNA, afirmou nesta terça-feira o advogado da família da vítima, Robson Lopes de Souza, que também é parente do zelador.
De acordo com o advogado, a família ainda não definiu o local onde ocorrerá o sepultamento.
Apesar de a vítima ter nascido na Bahia, há probabilidade de que seja sepultado em São Paulo, onde vivia com a família.
“Infelizmente ainda não podemos sepultar meu primo.
Para isso, é necessário um exame genético do que restou dele”, disse o advogado. “Tenho informações de que isso será feito nesta terça, quando peritos irão à Praia Grande para analisar as partes que foram encontradas no litoral.”
Os peritos da Polícia Técnico-Científica também irão ao apartamento onde o zelador possivelmente foi morto pelo publicitário.
Uma perícia será realizada no imóvel na tentativa de encontrar indícios do crime.
Deverá ser utilizado por exemplo o luminol, substância que faz manchas de sangue aparecer.
Martins afirmou, segundo a polícia, que brigou com o zelador e que ele morreu ao cair e bater a cabeça.
Transferência
Martins e Ieda foram transferidos nesta terça do 13º DP, na Casa Verde.
Eduardo foi para o 77º DP, em Santa Cecília, e Ieda, para o 89º DP, no Morumbi.
As delegacias são de trânsito, onde detidos aguardam vagas no sistema prisional.
O advogado de Ieda, Roberto Guastelli, afirmou ao Bom Dia São Paulo que ela não sabia que o corpo de Jezi estava em uma mala e em uma sacola retiradas do apartamento pelo publicitário e levadas para o carro.
O casal saiu com o veículo depois.
Ela disse ter acreditado que se tratavam de roupas que seriam doadas a uma igreja.
O delegado Egídio Cobo, responsável pela investigação, disse que o publicitário suspeito de cometer o crime é “maquiavélico”.
Segundo ele, vítima e criminoso brigavam por banalidades como a entrega do jornal e vagas na garagem. “Coisas banais, coisas de condomínio.
Nem todos os condôminos aceitam a maneira de administrar”, afirmou o delegado, que é titular do 13º Distrito Policial de São Paulo, na Casa Verde.
Delegado da Quarta Seccional de São Paulo, Ismael Rodrigues esteve no local do crime e foi um dos primeiros que conversou com o suspeito.
A investigação aponta que, após o zelador morrer, Martins colocou o corpo dele em uma mala e fugiu para Praia Grande, no litoral paulista. "No domingo, passou a cortar a vítima com um serrote", afirmou Rodrigues.
Ao chegar à casa em Praia Grande, policiais encontraram pedaços do corpo espalhados em sacos plásticos.
Outros ele tentou queimar e alguns, enterrar. “Ao redor da churrasqueira tinha alguma coisa queimando, baldes, serrote”, afirmou o delegado Egídio Cobo. "Ele é habilidoso, maquiavélico."
Zelador momentos antes de desaparecer (Foto: Reprodução/TV Globo) Imagens do desaparecido
Jezi foi visto pela última vez às 15h35 de sexta saindo do elevador do edifício residencial onde trabalhava, na Rua Zanzibar, bairro da Casa Verde.
Suspeito levou saco e mala no elevador (Foto: Reprodução/TV Globo)
Depois disso, o circuito interno não mostra mais Jezi retornando ao elevador.
Outras 15 câmeras também não registraram a passagem dele pelas escadas.
Todos os equipamentos funcionam 24 horas por dia gravando quem entra e sai do prédio.
Ao todo, o edifício tem 22 andares.
Só na frente do imóvel, há três câmeras, e em nenhum momento os equipamentos registraram o zelador deixando o local.
De acordo com o registro policial, a filha de Jezi relatou que um dos moradores tinha “problemas de relacionamento” com seu pai.
Ela também informou que uma moradora lhe contou ter “ouvido gritos de discussão, pedindo para parar, e ao olhar pelo olho mágico do apartamento teria visto o morador [o publicitário] (...) fechando a porta".
Esse episódio ocorreu em horário compatível com a última vez que o zelador foi visto deixando o elevador.
Além da família do zelador, policiais militares e funcionários do prédio vasculharam todo o edifício e não encontraram Jezi.
Imagens de moradores
Zelador Jezi (Foto: Reprodução / TV Globo)
Os dois moradores saíram com o veículo e retornaram, mas o horário não foi informado no boletim.
Esse vídeo não foi divulgado.
Sábado
Depois, no sábado, quando a família registrou o desaparecimento de Jezi, policiais militares foram até a residência do casal de moradores do prédio, onde o homem contou que “já havia discutido diversas vezes com Jezi, mas que ontem [sexta-feira] nada havia acontecido”.
Os policiais vasculharam o local e encontraram mala e sacos similares aos exibidos pela gravação do prédio, mas verificaram que dentro deles havia roupas e tênis.
Depois, desceram com a mulher até o estacionamento e verificaram que dentro do automóvel do casal estava uma mala parecida com as da filmagem. Dentro delas, porém, só tinham roupas.
Indagado pelos policiais, o casal disse que tinha saído para levar as roupas para uma igreja, mas retornaram porque ela estava fechada no dia.
Os policiais informaram no boletim que “não visualizaram nenhum sinal de violência no apartamento do casal ou no veículo”.
Mais de 23 mil pessoas desapareceram no estado de São Paulo em 2013, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
De acordo com a pasta, 80% desses casos foram esclarecidos.
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