O que motivou esta nota foi uma mensagem que vi postada no Facebook
nesta manhã.
Dizia que com a morte de Mandela, o maior líder político
ainda vivo passa a ser Lula.
Imediatamente pensei como esta frase
alimentaria um debate interminável entre lulistas e anti-lulistas.
E,
também, como a projeção internacional de Mandela esfumaça a situação
crítica que seu país vive desde o fim do apartheid.
Lembremos que a África do Sul vive, neste momento, uma greve geral de
trabalhadores da área de mineração (o setor responde por 80% da economia
do país, daí o termo greve geral).
A situação é instável desde que Mandela deixou a Presidência.
Na verdade, em termos políticos, a própria condução de Mandela era criticada por muitas lideranças - a começar pela sua ex-esposa, Winnie - que consideravam-na extremamente moderada.
Mas quando Thabo Mbeki assumiu a Presidência (1999), depois que Mandela
se afastou da militância, a condução da política econômica foi
avassaladora para os trabalhadores.
O desemprego atingiu 25% da
população ativa.
Mbeki recebeu fortes críticas (internas e externas) por atrasar a entrega de remédios para combater a Aids.
Mbeki recebeu fortes críticas (internas e externas) por atrasar a entrega de remédios para combater a Aids.
Não é preciso saber
muito da África para ter consciência que estes dois desastres atingiram
fortemente a população negra.
O que o levou a renunciar.
Seu sucessor, Jacob Zuma, não teve performance muito melhor.
Ainda no
poder, é acusado de tudo o que se possa imaginar.
Os que vivem abaixo da
linha da pobreza perfazem 14% do total da população.
A expectativa de
vida é de 53 anos (no Brasil, é superior a 74 anos).
A África do Sul está entre os 15 países do mundo com maior taxa de homicídios (31,8 por 100 mil habitantes).
Enfim, Mandela deu um passo de gigante não apenas para seu país. Daí
Obama acertar ao dizer que ele não pertence à nós, mas à História.
Contudo, é interessante perceber como os consensos internacionais sobre os personagens nem sempre se alinham com as leituras internas, do local de origem de tais lideranças.
De certa maneira, empobrecem nosso olhar.
Talvez, esta seja a mágica.
Talvez seja melhor esta triagem para termos quem seguir e manter nossas esperanças.
Talvez seja melhor esta triagem para termos quem seguir e manter nossas esperanças.
A leitura fina acabará,
fatalmente, por encontrar defeitos e tornar a vida mais amarga.
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