SINAL VERMELHO
Quem pensa que explorar minério é tudo maravilha em Parauapebas se engana.
Ocorre que o minério de ferro, responsável por sustentar 99% da economia municipal, tem passado por momentos difíceis no mercado, mesmo com a gulodice chinesa.
A China, principal compradora do minério da Vale, anda temerosa de fazer compromissos grandiosos e de longo prazo com as commodities de Parauapebas.
CFEM EM BAIXA
Mas qual implicação a Parauapebas da desaceleração do consumo de minério de ferro pela China?
Simples: diminuindo a exportação de minério, diminui também o ritmo de extração no município (não se vai extrair se não tem comprador) e, por tabela, diminui a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), os royalties de mineração.
Os reflexos disso são visíveis quando é analisada a arrecadação de royalties por Parauapebas entre janeiro e abril deste ano. Aé o momento, o município recolheu R$ 435.847.682,47 em CFEM.
Tudo mudou em março.
CONTA-CORRENTE
Dos quase R$ 436 milhões arrecadados, 65% do valor foram creditados na conta-corrente da Prefeitura Municipal de Parauapebas.
No embalo do receio chinês em consumir o minério de ferro de Parauapebas, o extrato da conta da prefeitura no Banco do Brasil tem emagrecido bastante.
No acumulado do ano, a conta-corrente da Prefeitura Municipal de Parauapebas recebeu R$ 302.881.207,97. Mas, no confronto entre os meses de maiores valores arrecadados, o recolhimento da cota-parte dos royalties apresentou queda igualmente recorde: 85,72% – exatamente o mesmo percentual verificado na CFEM arrecadada e sem partilha.
FUNDO DE RESERVA
O que tem sido feito com o dinheiro da CFEM? Mesmo com a queda nunca antes registrada – nem mesmo durante a crise de 2008 – na história de 25 anos de arrecadação de Parauapebas, os R$ 303 milhões na conta-corrente são muito dinheiro.
Na sede municipal, o que se evidencia são buracos no precário e sofrível asfalto, que já não suporta mais o tráfego de 49 mil veículos em circulação; transporte público caótico e que se agrava nos horários de pico; esgoto a céu aberto atormentando a vida de 75 mil habitantes; e quase 11 mil novas pessoas chegando ou nascendo todo ano, promovendo a explosão da periferia e contribuindo para o processo de favelização, que ajunta cerca de 13,7 mil pessoas em 3,8 mil habitações precárias distribuídas em oito comunidades, a maioria das quais à beira do Rio Parauapebas, no sopé ou topo de morros e encostas.
Como não há meios legais que obriguem a destinação dos royalties à saúde e educação, por exemplo, tampouco mecanismos para fiscalizar sua aplicação, a população – a mesma que não sabe como a Vale fecha na China os negócios com os minérios locais – vai acumulado uma miríade de necessidades e empobrecendo a cada dia.
Por outro lado, não existe clareza, muito menos transparência sobre o rumo que tomam os recursos – para além dos royalties – que entram na conta-corrente mais abençoada do Estado.
Na inexistência de fazer da CFEM um fundo de reservas, Parauapebas vai prosperando a conta, que – do primeiro dia deste ano até hoje – já recebeu R$ 504 milhões.
Quem pensa que explorar minério é tudo maravilha em Parauapebas se engana.
Por mais que o município tenha se esforçado para estar na
dianteira das exportações e do superávit na balança comercial
brasileira, a venda de minério de ferro está perdendo o fôlego – e isso
em nível nacional.
As exportações dessa commodity em abril somaram
23,347 milhões de toneladas, queda de 8,6% em relação ao registrado no
mesmo mês de 2012 (25,546 milhões de toneladas), de acordo com a
Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Em abril,
Parauapebas exportou US$ 732.353.860,03 em minérios, 15 milhões de
dólares a menos que os US$ 757.593.495,05 negociados em março.
A queda é
da ordem de 3,33%.
Em 2012, no mesmo mês, a venda das commodities
municipais bombou 9,03% mundo afora, o que aponta para o fato de que
Parauapebas precisa começar a se programar para as baixas no setor.
Ocorre que o minério de ferro, responsável por sustentar 99% da economia municipal, tem passado por momentos difíceis no mercado, mesmo com a gulodice chinesa.
O preço tem oscilado, de maneira que em abril (US$
108,60 a tonelada) ficou 1,9% mais barato que em março (US$ 110,80 a
tonelada).
A China, principal compradora do minério da Vale, anda temerosa de fazer compromissos grandiosos e de longo prazo com as commodities de Parauapebas.
Tanto é assim que o estoque de minério de
ferro importado nos 25 principais portos chineses foi de 72,49 milhões
de toneladas entre 14 e 20 de maio, anunciou o governo do país.
O
aumento do estoque reflete uma queda na demanda pelo minério de ferro. E
se ela parar de consumir geral, a coisa ficará preta na "Capital do
Minério".
CFEM EM BAIXA
Mas qual implicação a Parauapebas da desaceleração do consumo de minério de ferro pela China?
Simples: diminuindo a exportação de minério, diminui também o ritmo de extração no município (não se vai extrair se não tem comprador) e, por tabela, diminui a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), os royalties de mineração.
Os reflexos disso são visíveis quando é analisada a arrecadação de royalties por Parauapebas entre janeiro e abril deste ano. Aé o momento, o município recolheu R$ 435.847.682,47 em CFEM.
Mas o "boom" da arrecadação se deu nos dois primeiros meses,
fruto do embalado de 2012. Em janeiro, foram arrecadados R$
196.959.331,33 e em fevereiro, R$ 181.225.210,15.
Tudo mudou em março.
A queda na arrecadação foi brusca: R$ 29.529.376,34. Em abril,
queda novamente: foram arrecadados apenas R$ 28.133.764,65.
No
comparativo entre abril e janeiro, a queda na arrecadação de royalties
foi de 85,72%, a maior na história da arrecadação de CFEM por
Parauapebas, logo no mês de seu aniversário, quando o município esperava
mais alguns milhõezinhos na conta-corrente de sua prefeitura.
CONTA-CORRENTE
Dos quase R$ 436 milhões arrecadados, 65% do valor foram creditados na conta-corrente da Prefeitura Municipal de Parauapebas.
O restante foi
repartido entre a conta do Estado do Pará (23%) e da União (12%).
No embalo do receio chinês em consumir o minério de ferro de Parauapebas, o extrato da conta da prefeitura no Banco do Brasil tem emagrecido bastante.
Em janeiro, a conta recebeu uma sobra do mês de dezembro no
valor de R$ 19.580.214,37.
Em fevereiro, recebeu o valor do minério movimentado em janeiro: R$ 128.023.565,36.
Em fevereiro, recebeu o valor do minério movimentado em janeiro: R$ 128.023.565,36.
Em março, o efeito da
indústria extrativa de fevereiro rendeu R$ 117.796.386,60. Daí para
frente, vêm sendo registradas as quedas: R$ 19.194.094,62 entraram na
conta da prefeitura em abril e R$ 18.286.947,02 exatamente no dia do
aniversário do município, 10 de maio.
No acumulado do ano, a conta-corrente da Prefeitura Municipal de Parauapebas recebeu R$ 302.881.207,97. Mas, no confronto entre os meses de maiores valores arrecadados, o recolhimento da cota-parte dos royalties apresentou queda igualmente recorde: 85,72% – exatamente o mesmo percentual verificado na CFEM arrecadada e sem partilha.
FUNDO DE RESERVA
O que tem sido feito com o dinheiro da CFEM? Mesmo com a queda nunca antes registrada – nem mesmo durante a crise de 2008 – na história de 25 anos de arrecadação de Parauapebas, os R$ 303 milhões na conta-corrente são muito dinheiro.
Na sede municipal, o que se evidencia são buracos no precário e sofrível asfalto, que já não suporta mais o tráfego de 49 mil veículos em circulação; transporte público caótico e que se agrava nos horários de pico; esgoto a céu aberto atormentando a vida de 75 mil habitantes; e quase 11 mil novas pessoas chegando ou nascendo todo ano, promovendo a explosão da periferia e contribuindo para o processo de favelização, que ajunta cerca de 13,7 mil pessoas em 3,8 mil habitações precárias distribuídas em oito comunidades, a maioria das quais à beira do Rio Parauapebas, no sopé ou topo de morros e encostas.
Como não há meios legais que obriguem a destinação dos royalties à saúde e educação, por exemplo, tampouco mecanismos para fiscalizar sua aplicação, a população – a mesma que não sabe como a Vale fecha na China os negócios com os minérios locais – vai acumulado uma miríade de necessidades e empobrecendo a cada dia.
Não obstante as crises e a
queda brusca no ritmo de arrecadação da CFEM e da exportação do minério,
embora o município ainda lidere a balança comercial, é sabido que a
prefeitura local não possui um fundo de reserva para passar incólume de
crises e de eventuais períodos turbulentos na economia.
Por outro lado, não existe clareza, muito menos transparência sobre o rumo que tomam os recursos – para além dos royalties – que entram na conta-corrente mais abençoada do Estado.
Na inexistência de fazer da CFEM um fundo de reservas, Parauapebas vai prosperando a conta, que – do primeiro dia deste ano até hoje – já recebeu R$ 504 milhões.
E seria
muito mais caso a China não estivesse perdendo o fôlego para comprar
minérios e caso o preço do ferro não oscilasse tanto.
Mas ninguém sabe
para onde vazou tanto dinheiro.
É mistério.
Fonte: Facebook.
Nenhum comentário:
Postar um comentário