Na casa dele, o casal de passarinhos se chama Carminha e Tufão, e a cadela vira-lata atende pelo nome de Nina. "Essa aí foi o Chacrinha que me deu", diz o mais famoso contrarregra da TV, logo corrigido pela mulher Adriana: "Chacrinha já morreu faz tempo.
Essa foi presente do nosso amigo Sérgio". Apesar de traído pela memória, Russo continua, aos 82 anos, na ativa.
E fazendo graça. "Sou bom em levar microfone para as pessoas. Para dar entrevista sou muito ruim.
Estou nervoso", avisa ele, assim que recebeu a equipe do Extra, de camisa social dentro da calça e chapeu panamá para ficar bonito nas fotos.
Não quero que ele pareça triste como da outra vez. Não quero que tenham pena dele", confessa Adriana, referindo-se ao encontro com este colunista que vos fala, para uma outra reportagem, quase nove anos atrás.
Não dá para sentir pena de Russo, só admiração. São mais de 50 anos de televisão, sendo 45 só de TV Globo.
Ele ficou famoso ao lado de Chacrinha e é testemunha, privilegiada, da história da televisão. Todos os dias, levanta cedo e sai de Vicente de Carvalho, subúrbio do Rio, em direção ao Projac.
São quase duas horas de viagem e dois ônibus. "Chego tarde em casa porque vou parando para falar com as pessoas. Recebo muito carinho do povo.
Quase não consigo andar. Falo e atendo com o maior prazer. Todo mundo está no meu coração. Só carona que não me dão", brinca, meio queixoso.
Não posso pegar mais peso", conta. Há dois anos, Russo teve um enfarto, colocou cinco pontes de safena e passou dois meses internado. Há 15 dias, sua pressão subiu a 28 e precisou ser socorrido às pressas num hospital próximo ao estúdios.
Adriana, sua mulher, saiu de casa correndo para ficar com ele. Dois dias depois, lá estava ele de volta ao trabalho. "Vou morrer na Globo", acredita um dos funcionários mais antigos da emissora.
Eles já estão juntos há bastante tempo, desde que o filho mais novo dela, hoje com 9 anos, nasceu.
Em 2006, oficializaram a união num cartório. Russo e a mulher se conheceram na época em que ele trabalhava com Xuxa.
Ela, fã da apresentadora, começou uma amizade com o famoso contrarregra, de olho no passe livre para o programa.
A amizade virou casamento. Mãe de uma menina e grávida de um menino, os dois frutos de outro casamento, eles decidiram morar juntos. Atualmente, vivem os quatro numa casa alugada, de dois andares, nos fundos de um terreno.
Pagam R$ 600 de aluguel. "Queria ter uma casa, mas não consigo. Mas nunca pedi ajuda a ninguém para isso", lamenta Russo.
Ele me dá R$ 100 e diz que é para eu comprar um peru para fazer em casa. De vez em quando o Luciano Huck também molha a minha mão, mas a Angélica não...", entrega ele, dando tchauzinho com a mão fechada. Com a morte de Chacrinha, em 1988, o apresentador do "Caldeirão" virou seu patrão favorito: "Ele é um cara amigo pra caramba".
Mas ninguém vai substituir o Velho Guerreiro. "Ele não pode ver as reprises do 'Cassino do Chacrinha' no canal Viva que chora", diz sua mulher.
Russo concorda: "Sou um cara manhoso. Sinto muito falta dele. Às vezes, não era fácil o convívio. Chacrinha se aborrecia com os outros e descontava em mim.
Até uns socos ele me deu. Mas nunca haverá um cara como ele".
Nascido em Santa Catarina, mas criado em Caxias, na Baixada Fluminense, ele começou a trabalhar cedo como palhaço de circo.
Foi caindo do trapézio que sua dentição foi embora. Nunca pensou em colocar os dentes de volta. Mesmo assim, seguiu sorrindo: "Acho que Deus gosta de mim.
Sou um cara realizado no que faço. Se um dia a Globo me mandar embora, eu morro".
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