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quarta-feira, abril 03, 2013

Acusados de assassinar casal de extrativistas são julgados no Pará

Promotoria diz que provas contra acusados são contundentes.
Defesa aponta falhas no processo para defender inocência.

Casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo (Foto: Divulgação/Arquivo CNS) 
Vítimas foram mortas em 2011
(Foto: Divulgação/Arquivo CNS)
 
 
Três acusados de terem participado do assassinato do casal de extrativistas José Claudio e Maria do Espírito Santo vão a julgamento em Marabá, sudeste do Pará, nesta quarta-feira (3). 

O crime aconteceu em maio de 2011, e teria sido motivado pela disputa de terras em Nova Ipixuna, sudeste do estado.

O julgamento será realizado à partir das 8h, no fórum da comarca de Marabá, a cerca de 530 km de Belém. A previsão é que a sentença seja divulgada na noite de quinta-feira (4). 

Os acusados José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento respondem pelo crime de duplo homicídio. Todos os réus estão presos: eles tiveram prisão preventida decretada em dezembro de 2011.

Promotoria diz que provas são contundentes

Segundo o promotor Danilo Pompeu Colares, as vítimas atuavam na região de Nova Ipixuna e eram reconhecidas como líderes do movimento de preservação ao meio ambiente. 


Para ele, a rápida identificação dos envolvidos nos assassinatos é muito importante, pois diminui a sensação de que estes crimes ficam sem resposta. "O caso só não foi julgado antes porque os réus entraram com recurso, senão teriam ido à julgamento no ano passado", disse Colares.

Os indícios são muito robustos, tanto que nenhum réu responde em liberdade"
Danilo Pompeu Colares, promotor
 
Ainda de acordo com Colares, José Rodrigues foi o mandante da execução do casal, enquanto o irmão dele, Lindonjonson, dirigiu a moto de onde Alberto Lopes efetuou os disparos. "Os indícios são muito robustos, tanto que nenhum réu responde em liberdade. 

No entendimento do Ministério Público, não há a menor dúvida (de que os acusados participaram do crime). 

As provas, inclusive periciais, são contundentes", afirma.

Colares também comemorou o fato do julgamento ser realizado no sudeste do estado, em vez de ter sido transferido para Belém. "Os réus não tem influência econômica e política que possa afetar os jurados, por isso o caso não foi desaforado. 

É importante que as pessoas tenham acesso à justiça, e a comunidade sabe da importância daquelas pessoas (José Claudio e Maria do Espírito Santo). É difícil para quem mora na capital ter a noção do que ocorre no sul e sudeste do estado", avalia

Defesa alega falhas no processo

Para o advogado de defesa Vandergleyson Fernandes, existem poucas provas de que os acusados são culpados. "A defesa está muito confiante. Não há testemunha ocular, e os acusados estão presos por supostos indícios de caráter dúbio", relata.


Existe uma série de contradições, aberrações jurídicas, que serão elucidadas nos debates"
Vandergleyson Fernandes, advogado
 
Fernandes também ressalta a importância histórica do julgamento. "É um juri sem precedentes no município, pela repercussão do caso. Mas estamos confiantes, o processo é cheio de falhas. 

A vítima era ameaçada há uma década por carvoeiros e madeireiros, e quem está no banco dos réus são agricultores inocentes. Estou convicto da absolvição. 

Existe uma série de contradições, aberrações jurídicas, que serão elucidadas nos debates", disse.

O advogado critica a velocidade como as investigações ocorreram, e acredita que o verdadeiro culpado pela morte do casal foi motivado por vingança. "Houve precipitação por parte dos órgãos de segurança púlica, e várias linhas de investigação foram descontinuadas. 

Se estivesse vivo, o José Claudio estaria preso ou foragido, já que ele é apontado como autor de um homicídio, pouco antes de ser assassinado", afirma.

Entenda o caso

José Claudio e Maria do Espírito Santo foram mortos no dia 24 de maio de 2011. 


Eles estavam em uma moto na zona rural de Nova Ipixuna quando foram abordados pelos assassinos, que atingiram o casal com disparos de uma cartucheira após eles passarem por uma ponte. 

José Claudio teve uma das orelhas cortadas quando ainda estava vivo.

Os peritos localizaram uma máscara de mergulho na cena do crime, que teria sido usada pelos assassinos, sendo que na casa do acusado José Rodrigues foi encontrado equipamento de mergulho.

Segundo o juiz Murilo Lemos Simão, a investigação descartou a participação de fazendeiros e madeireiros no crime. 

As vítimas teriam recebido ameaças de José Rodrigues por conta da ocupação da área. 

O pronunciamento do juiz, publicado em 5 de março de 2013, aponta que o José Rodrigues teria comprado dois lotes em Nova Ipixuna, sendo que um deles era ocupado por pessoas apoiadas pelas vítimas - isto teria motivado o acusado a planejar o assassinato do casal.

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