Rede Nossa São Paulo lança indicadores sobre qualidade de vida.
91% dos entrevistados acham pouco ou nada seguro viver na cidade.
A sensação de insegurança do paulistano em 2012 foi a mais alta observada desde 2008, de acordo com quarta edição do estudo Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), realizado pela Rede Nossa São Paulo e divulgado nesta quinta-feira (17). A rede reúne organizações não-governamentais voltadas à discussão de políticas públicas.
O levantamento aponta que 91% dos entrevistados acham pouco ou nada seguro viver na cidade. A opção “nada seguro” aumentou de 35% para 45% no último ano. Realizada no fim do ano passado, a pesquisa coincidiu com a onda de violência que provocou a mudança na cúpula da Segurança Pública no estado.
Na pesquisa, foram entrevistados 1.512 moradores da capital paulista com 16 anos ou mais, entre os dias 24 de novembro e 8 de dezembro de 2012. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Confira a íntegra da pesquisa.
Questionados sobre “quais ações e medidas são mais importantes para diminuir a violência”, a resposta mais citada foi “combater a corrupção na polícia e nos presídios” , seguida por “criar oportunidades de trabalho para jovens de baixa renda” e “aumentar o número de policiais nas ruas.”
A preocupação com segurança apontada na pesquisa revela parte do cotidiano de Carlos Eduardo Alves da Silva, de 35 anos, que é supervisor de segurança de uma livraria. Ele esteve nesta quarta-feira (16) na Central de Flagrantes do 26º Distrito Policial para formalizar uma queixa de furto contra um homem pego em flagrante levando quatro livros técnicos. "Este ano é a primeira vez, mas no ano passado estive aqui três vezes em um único mês", afirmou.
Encarregado da loja, Felipe Dantas Prete afirma que as perdas são relevantes porque os livros custam entre R$ 200 e R$ 400. Ele não quis mostrar os livros para evitar novos furtos. Além dos livros, os criminosos também furtam jogos de computador e para consoles.
Sobre a violência na cidade, a Secretaria da Segurança Pública informou que não comenta pesquisas realizadas por outros órgãos sem conhecer a metodologia empregada.
Irbem
Composto de 169 itens, o Irbem revela o nível de satisfação dos paulistanos em relação à qualidade de vida e bem-estar em São Paulo.
Em uma escala que começa em 1 (totalmente insatisfeito) e termina em 10 (totalmente satisfeito), a média geral para a qualidade de vida caiu em São Paulo para 4,7 em 2012, a menor desde o início da série. Foi de 4,8 em 2009, 5 em 2010 e 4,9 em 2011.
O levantamento apresenta também o nível de confiança da população nas instituições. Como nos anos anteriores, a Câmara Municipal é a que desperta maior desconfiança (69%), seguida por Tribunal de Contas do Município (64%), Polícia Civil (60%) e Polícia Militar (60%).
Tempo médio de espera de ônibus aumentou em
2012, mostra estudo (Foto: Roney Domingos/ G1)
2012, mostra estudo (Foto: Roney Domingos/ G1)
A percepção sobre a educação, que vinha estável até 2011, em 2012 apresentou quedas significativas nas médias obtidas para todos os aspectos. A falta de vagas em creches ou pré-escolas e a falta de respeito e valorização ao profissional de ensino são os aspectos mais críticos.
O levantamento mostra que embora 7 entre 10 paulistanos utilize ônibus todos os dias, o tempo médio de espera no ponto é de 21 minutos, contra 22 minutos no ano anterior.
Segundo a pesquisa, realizada pelo Ibope, em 2012, pelo segundo ano consecutivo, 56% dos entrevistados afirmaram que sairiam da cidade caso tivessem oportunidade de viver em outro lugar. Caiu de 44% para 38% o número de paulistanos que consideram que a qualidade de vida melhorou.
Para quem mora em São Paulo, bom mesmo é ter amigos. "Relações humanas" foi o item que recebeu a melhor nota na pesquisa, 6,5, seguido de "religião e espiritualidade", "tecnologia de informação" e "trabalho".
Antídoto
Entidades pretendem entregar ao prefeito Fernando Haddad (PT) um manifesto intitulado "Para eliminar a violência na raiz de suas causas", que estabelece metas como construção de mais creches, transformar favelas em bairros e melhorar os salários dos policiais.
O documento foi formulado pelo Centro Santo Dias de Direitos Humanos e Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Instituto São Paulo contra a Violência e Sociedade Santos Mártires.
O manifesto também será entregue ao governador Geraldo Alckmin e ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo.
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