Adolescente de MS foi aprovada no Enem e conseguiu autorização judicial.
'Sempre me enturmo com pessoas mais velhas', afirma estudante.
Nathaly e mãe com comprovante de matrícula no corredor
da UFMS (Foto: Fernando da Mata/G1 MS)
A decisão que deu aval para Nathaly se tornar universitária é do desembargador Sérgio Fernandes Martins, da 1ª Seção Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). O magistrado concedeu mandado de segurança da garota, que foi aprovada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), e determinou a expedição do certificado de conclusão do ensino médio.
Adolescente durante 'tour' pelo bloco de Artes na
UFMS (Foto: Fernando da Mata/G1 MS)
UFMS (Foto: Fernando da Mata/G1 MS)
Pelo telefone da Central do Ministério da Educação, ela ficou sabendo que passou em 5º lugar no curso, que oferecia 26 vagas.
“Na hora que eu fiquei sabendo, passou muita coisa pela minha cabeça e comecei a chorar. Eu estava com esperança, mas ao mesmo tempo estava conformada que não ia passar”, afirmou.
Edelária foi uma das primeiras pessoas a saber do feito da filha. “Ela me acordou 1h da manhã para falar que tinha saído a lista e que ela tinha se classificado.”
Apesar de ter concedido o mandado de segurança, o desembargador se mostrou preocupado com o futuro da adolescente no ambiente acadêmico.
“Registro minha preocupação […] se realmente é saudável que uma adolescente de apenas 14 anos de idade […] ingresse imediatamente em uma universidade, passando a conviver em um ambiente pensado, projetado e frequentado unicamente por adultos, em sua maioria jovens que iniciam a fase de descobertas”, relatou Martins.
E agora?
Com a matrícula feita, Nathaly está ansiosa para começar as aulas. “São coisas que eu gosto de mexer, como fotografia, sobreposição de objetos e programas de computação, principalmente. Agora tenho que aprender a desenhar”, disse, na torcida por uma boa adaptação. “Acho que vou ter aceitação, pois sempre me enturmo com pessoas mais velhas.”
Com previsão de terminar o curso aos 18 anos, a adolescente quer cursar jornalismo e depois direito, além de querer trabalhar em escola pública. “Percebi muita deficiência no ensino no período que estudei em escola estadual. Quero trabalhar para incentivar alunos, porque isso que fizeram comigo”, afirmou.
Ainda no bloco de Artes, Nathaly admira obra em corredor
(Foto: Fernando da Mata/G1 MS)
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