Larissa Romualdo, de Ribeirão Preto (SP), pesquisa engenharia de software.
Apenas 40 mulheres na Europa, África e Oriente Médio ganharam a bolsa.
Larissa Romualdo Suzuki, doutoranda de ciência
da computação na University College London e
bolsista da Google (Foto: Arquivo pessoal)
da computação na University College London e
bolsista da Google (Foto: Arquivo pessoal)
Como bolsista da empresa que criou o buscador mais popular da internet, Larissa e as demais bolsistas viajaram em junho deste ano até a sede da Google em Zurique, na Suíça, para um encontro de três dias destinado à troca de experiências e à análise dos projetos de cada uma, além de debates sobre a presença das mulheres no ramo da tecnologia.
Larissa conta que toda a sua carreira acadêmica gira em torno da engenharia de software, apesar de ela ter feito graduação em ciências da computação, mestrado em engenharia elétrica e iniciado um doutorado na Faculdade de Medicina, que aceita em seu quadro de pesquisadores estudantes formados em outras áreas.
Sua dissertação de mestrado teve como objetivo "desenvolver uma técnica de pré-processamento de imagens mamográficas para auxiliar o diagnóstico precoce de câncer de mama". Já no doutorado que ela iniciou na área de medicina, mas interrompeu para se mudar para a Inglaterra, a proposta era trabalhar com "técnicas de processamentos em imagens de neuroimagem". Segundo ela, "trabalhos nessa área podem auxiliar no diagnóstico de muitas doenças, como, por exemplo, a epilepsia ou o Mal de Alzheimer".
Atualmente, a tese de doutorado da jovem na UCL gira em torno do desenvolvimento de um sistema orquestrado capaz de integrar outros sistemas, o que seria útil para a administração dos serviços de água, esgoto, energia elétrica e qualidade do ar de uma cidade. "Quero aplicar a engenharia de software de modo a instrumentar cidades, conectar sistemas e fazer as cidades se tornarem um ambiente inteligente para as pessoas viverem", diz.
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Mais espaço para mulheres.Estudantes de qualquer parte do mundo matriculadas nas instituições europeias, africanas e do Oriente Médio podem concorrer à Bolsa de Estudos Google Anita Borg Memorial. A seleção é feita anualmente com base na excelência acadêmica nos ramos da computação e tecnologia e na experiência em postos de liderança.
De acordo com Larissa, o Reino Unido tem visto o aumento de iniciativas não só para atrair mais mulheres ao ramo, mas também para mantê-las ali. "A gente cresce com o estereótipo de que menina não mexe com eletrônica, e menino cresce mexendo com videogame. O que falta é fornecer um ambiente melhor de trabalho para as mulheres. Por exemplo, na Inglaterra existem prêmios para universidades que oferecem um ambiente de trabalho propício."
Criado em 2007, o programa da Google é feito em parceria com o Instituto Anita Borg para Mulheres e Tecnologia, criado em 1994 por Anita Borg, uma cientista da computação dos Estados Unidos que dedicou sua carreira a aproximar a tecnologia das mulheres, e incentivá-las a trabalhar no ramo. Após a sua morte, em 2003, o instituto passou a levar seu nome e até hoje financia pesquisas de mulheres em áreas como ciência e engenharia da computação, matemática aplicada e bioinformática.
Larissa
(a quarta da esquerda para a direita) entre as demais bolsistas
selecionadas pela Google, na Suíça (Foto: Arquivo pessoal)
Atraída por computadores desde pequena, por causa dos irmãos mais velhos que seguiram a mesma área, Larissa concluiu o bacharelado em ciência da computação pelo Centro Univesitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto, e, ao conseguir uma bolsa de iniciação científica, descobriu sua vocação de professora.
Ela dava aulas na Barão de Mauá e acabara de iniciar seu doutorado na USP quando recebeu a notícia de que havia sido aceita não só pela UCL, mas também pelas universidades de Birmingham e Lancaster, todas com bolsa integral. Além disso, ela recebeu oferta de bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
"Escrevi uma carta para as instituições agradecendo pela oferta, mas tive que recusar", conta ela, que conseguiu ajuda de custo da Barão de Mauá para as passagens de avião e acomodação na chegada ao Reino Unido.
As duas bolsas que recebe da UCL cobrem o valor do curso, de 20 mil libras anuais (cerca de R$ 64 mil) e 16 mil libras por ano (aproximadamente R$ 51 mil), incluindo seu salário como pesquisadora e professora assistente.
Mesmo morando fora do Brasil há mais de dois anos, a estudante ainda mantêm o sotaque do interior paulista, mas agora mistura o português com muitas palavras em inglês. Larissa é casada com outro cientista da computação, um brasileiro que também trabalha em Londres, e ainda não decidiu se volta à cidade natal assim que concluir seu doutorado, ou se faz um pós-doutorado no Reino Unido.
"Quero continuar aperfeiçoando meus conhecimentos e fazendo pesquisa para melhorar a sociedade. Quero voltar para o Brasil, sinto muita saudade, é o país a que eu pertenço. Mas não sei se vou fazer pós-doutorado fora, para quando voltar eu tentar uma vaga como professora na livre-docência", afirma.
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